Quantas vezes não temos tempo para parar e amar, e receber o
amor que nos é ofertado! Talvez, quando acordarmos, poderá ser tarde demais...
mas ainda há tempo! Veja...
Dois irmãos pequenos jogavam vídeo-game, em casa, quando Igor, o
mais novo, disse a Eduardo: “Eu te amo muito e nunca quero me separar de você!”
O outro, sem lhe dar muita importância, perguntou: “O que deu em você, moleque?
Que conversa besta é essa de amar? Quer calar a boca e continuar jogando?” E os
dois continuaram jogando.
Anoiteceu. Antonio, pai dos meninos, chegou do trabalho exausto
e mal humorado, pois não havia conseguido fechar um negócio importante. Ao
entrar, olhou para Igor que lhe sorriu e disse: “Olá, papai, eu te amo e nunca
quero me separar do senhor! Antonio, no auge de seu mau humor e stress, falou:
“Igor, estou cansado e nervoso, por favor, não me venha com besteiras!”
As palavras ásperas do pai magoaram o menino, que foi chorar no
quarto. Janira, mãe do garoto, notou a sua ausência, procurou-o pela casa e o encontrou,
no cantinho do quarto, com os olhinhos cheios de lágrimas. Ela perguntou ao
filho: “Igor, por que choras? O pequeno olhou para a mãe e, com uma expressão
triste, respondeu: “Mamãe, eu te amo muito e não quero nunca me separar da
senhora!” Janira sorriu: “Meu amado filho, ficaremos sempre juntos!” Igor
sorriu, beijou-a e foi deitar-se.
No quarto do casal, antes de dormir, Janira comentou com o
marido o comportamento estranho do filho. Antonio, muito estressado com o
trabalho, concluiu: “Esse moleque só está querendo chamar a atenção... Deita e
dorme, mulher!” Então, todos se recolheram e dormiam sossegados.
Às duas horas da manhã, Igor se levantou , foi ao quarto do
irmão e ficou observando-o dormir. Eduardo, incomodado com a claridade, acordou
e gritou: “Seu louco, apaga essa luz e me deixa dormir!” Igor, em silêncio,
obedeceu-lhe, apagou a luz e se dirigiu ao quarto dos pais. Chegando lá, ligou
a luz e ficou observando-os dormirem. Antonio acordou e perguntou ao filho: “O
que aconteceu, Igor?” O menino apenas balançou a cabeça em sinal negativo, nada
havia ocorrido. Antonio, bastante irritado, berrou: “O que foi moleque?” Igor
continuou em silêncio. O pai foi ainda mais rude: “Então, vá dormir, seu
doente!” A criança, sem dizer nada, apagou a luz e retirou-se.
Na manhã seguinte, todos se levantaram cedo, menos Igor. Antonio
iria trabalhar, Janira levaria as crianças à escola... O pai, já bastante bravo
com o filho caçula, entrou bufando no quarto do garoto e gritou: “Levanta, seu
moleque vagabundo!” O menininho nem se mexeu. O pai avançou sobre o filho e
puxou-lhe bruscamente o cobertor. Estava com o braço direito já levantado para
lhe dar um tapa quando percebeu o menino pálido, com os olhos fechados.
Antonio, assustado, colocou-lhe a mão sobre a face gélida. Desesperado, gritou
para a esposa e o filho Eduardo. Infelizmente, o pior havia acontecido. Igor
estava morto e sem qualquer motivo aparente. Janira abraçou o filho falecido,
as lágrimas jorrando-lhe no rosto como cascata. Eduardo segurou firme a mão do
irmão e só tinha forças para chorar também. O pai, desconsolado, notou que
havia um papelzinho dobrado nas pequenas mãos de Igor, tomou o minúsculo pedaço
de papel e leu o que o filho havia escrito:
“Outra noite Deus veio falar comigo através de um sonho, disse a
mim que apesar de amar minha família e dela me amar, teríamos que nos separar.
Eu não queria isso, mas Deus me explicou que seria necessário. Não sei o que
vai acontecer, mas estou com muito medo. Gostaria que ficasse claro apenas uma
coisa: Eduardo, não se envergonhe de amar seu irmão. Mamãe, a senhora é a
melhor mãe do mundo. Papai, o senhor, de tanto trabalhar, se esqueceu de viver.
Eu amo todos vocês!”
(História recontada a partir de um fato verídico)
Das minhas leituras da madrugada
“O mal nunca está no amor.” (André Gide)
Luís Carlos Pez é professor formado
em Letras, autor de livro, diretor de escola estadual e do site Três Passos
News/Foto: Reprodução
Três Passos News
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