Mulher de diretor da Yoki está presa suspeita do crime; ela nega acusação. 'Imagens mostram que ele entrou mas não saiu do edifício', diz delegado.
Mulher do executivo, presa desde a noite de
segunda (Foto: Carlos Pessuto/Futura Press/AE)
segunda (Foto: Carlos Pessuto/Futura Press/AE)
As investigações da Polícia Civil apontam que o empresário Marcos Kitano Matsunaga, de 42 anos, foi morto e esquartejado no prédio onde morava com a mulher e a filha em São Paulo, de acordo com o diretor do Departamento de Homicídios de Proteção à Pessoa (DHPP), Jorge Carrasco.
A mulher dele, Elize Matsunaga, é a principal suspeita da morte e está presa desde segunda-feira (4). Ela nega o crime, segundo a polícia. Elize é a beneficiária do seguro de vida do marido, que era diretor-executivo da Yoki. A apólice seria de cerca de R$ 600 mil, mas a principal tese da polícia é de que uma traição tenha motivado o assassinato.
Nesta terça, a polícia listou indícios que justificam as suspeitas levantadas na investigação em relação ao envolvimento de Elize no crime. Os principais são as imagens do prédio onde o casal morava, a entrega de armas que pertenciam ao empresário e a localização de imagens no computador da vítima que podem indicar que a mulher descobriu uma traição.
O crime
O crime
Inicialmente, a família de Matsunaga registrou um boletim de ocorrência do desaparecimento, apontando que ele estava sumido desde 20 de maio. Sete dias depois, partes do seu corpo foram encontradas em sacos plásticos em Cotia, na Grande São Paulo.
Gravações de câmeras do prédio onde o casal vivia foram analisadas pela polícia. "As imagens [dos dias 19 e 20 de maio] mostram que ele entrou no apartamento e não saiu", comenta o delegado.
"Se ele entrou com uma camisa marrom e essa mesma camisa foi encontrada posteriormente junto a partes do corpo dele, isso, para a polícia, significa que, em tese, ele foi morto no prédio", disse Carrasco, em coletiva de imprensa na tarde desta terça-feira (5).
De acordo com o delegado, as imagens mostram ainda que o executivo chegou em casa com a mulher. Ela estava com a filha de um ano no colo e acompanhada da babá. A família entrou no local por volta das 18h30 do dia 19 de maio, um sábado. Pouco depois, a babá teria sido dispensada. Em seguida, Marcos Matsunaga desceu para buscar uma pizza, retornou pouco depois e não foi visto mais saindo do prédio.
"Se ele entrou com uma camisa marrom e essa mesma camisa foi encontrada posteriormente junto a partes do corpo dele, isso, para a polícia, significa que, em tese, ele foi morto no prédio", disse Carrasco, em coletiva de imprensa na tarde desta terça-feira (5).
De acordo com o delegado, as imagens mostram ainda que o executivo chegou em casa com a mulher. Ela estava com a filha de um ano no colo e acompanhada da babá. A família entrou no local por volta das 18h30 do dia 19 de maio, um sábado. Pouco depois, a babá teria sido dispensada. Em seguida, Marcos Matsunaga desceu para buscar uma pizza, retornou pouco depois e não foi visto mais saindo do prédio.
As imagens do circuito de segurança do prédio mostram ainda que Elize deixou condomínio no dia seguinte, um domingo, com três malas. Ela só retornaria ao local quase 12 horas depois, às 23h50, já sem as malas. Ao delegado, ela disse que estava com as bagagens porque iria viajar para o Paraná, onde a família dela mora, mas que acabou desistindo. As malas, então, teriam sido deixadas no carro, explicou à polícia.
Curso de tiro
Segundo Carrasco, outro indício da ligação da mulher com o crime é o fato de que Elize fazia curso de tiro junto com Marcos e que, por isso, seria uma "exímia atiradora". O executivo era colecionador de armas e foi alvejado na cabeça com uma pistola 765 antes de ser esquartejado. "Os dois faziam curso de tiro juntos. Ela é destra e o tiro dado na cabeça dele foi do lado esquerdo", explicou Carrasco.
No entanto, a polícia ainda não localizou ninguém que tenha ouvido o barulho de um disparo de arma de fogo no edifício. Na segunda-feira, Elize entregou três armas, entre elas uma pistola 765, à Guarda Civil Municipal de Cotia para serem destruídas pela campanha do desarmamento. "Esta arma já está sendo resgatada para que se possa fazer o exame de balística", afirmou.
De acordo com os delegados, foram feitas várias perícias no apartamento do casal na noite desta segunda e madrugada de terça-feira. Dias informou que todas as facas encontradas foram periciadas, mas os laudos ainda não estão prontos.
Além disso, no apartamento havia várias geladeiras, de acordo com o delegado. "Há mais geladeiras do que o normal. Solicitamos à perícia para verificar se alguma delas comporta fazer um congelamento humano", disse Dias, ao ser questionado sobre a possibilidade de partes do corpo do empresário terem sido congeladas antes de serem levadas para fora do prédio.
Além disso, no apartamento havia várias geladeiras, de acordo com o delegado. "Há mais geladeiras do que o normal. Solicitamos à perícia para verificar se alguma delas comporta fazer um congelamento humano", disse Dias, ao ser questionado sobre a possibilidade de partes do corpo do empresário terem sido congeladas antes de serem levadas para fora do prédio.
Elize Matsunaga ainda não prestou depoimento formal à polícia, segundo os delegados. Ao ser presa, ela negou o crime. Novas perícias deverão ser feitas nesta quarta-feira (6) no apartamento do casal em busca de mais indícios da autoria e da motivação do homicídio, segundo Carrasco.
Fotos em computador
O delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo, Marcos Carneiro Lima, afirmou na tarde desta terça-feira que a hipótese de traição surgiu após serem encontradas fotos do executivo com outras pessoas nos arquivos de um computador. "A polícia apura se a mulher viu essas fotos, achou que se tratava de uma traição e o matou por vingança”, disse o delegado-geral.
“Ela é suspeita ainda. Nem foi indiciada e ouvida. Ainda terá de prestar depoimento. A hipótese de traição está sendo investigada, mas ainda é preciso apurar se ela é executora ou mandante”, disse o delegado-geral. Investigadores do Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) relatam ter ouvido de parentes da vítima que a mulher de Matsunaga era considerada ciumenta e possessiva.
A equipe de reportagem não conseguiu localizar o advogado de Elise para comentar o assunto. Segundo a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Elise é bacharel no curso de direito.
Venda da Yoki
No dia 24 de maio, a companhia norte-americana de alimentos General Mills confirmou a compra da Yoki, com o objetivo de expandir os negócios no Brasil. No entanto, os termos do acordo, que deve ser fechado no primeiro semestre do próximo ano fiscal, que começa em 28 de maio, não foram revelados. O valor do negócio pode chegar a R$ 2,2 bilhões.
Fonte: Marcelo Mora e Kleber Tomaz / Do G1 SP
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