Ligado ao PP (antiga Arena, ex-PDS), Amaral de Souza governou o RS entre 1979 e 1983Foto: Guaracy Andrade, Banco de Dados ZH
Morreu na manhã desta quarta-feira, em casa, o ex-governador do Rio Grande do Sul José Augusto Amaral de Souza. Ele tinha 82 anos e estava enfermo desde outubro de 2006, quando sofreu um AVC. O corpo de Amaral de Souza será velado no salão Alberto Pasqualini, no Palácio Piratini.
O sepultamente ocorre às 10h de quinta-feira no Cemitério João XXIII. O governador Tarso Genro decretou luto oficial de três dias. Entretanto, a agenda de Tarso está mantida.
— O governo do Rio Grande do Sul lamenta profundamente a morte do ex-governador Amaral de Souza e transmite a sua família os pêsames do povo gaúcho. Amaral de Souza teve sempre um papel destacado no cenário político e passa para a memória do povo gaúcho como um líder respeitado, que prestou serviços importantes ao desenvolvimento do nosso Estado — disse Tarso.
Outros políticos e colegas lamentaram a morte de Amaral de Souza:
— Estamos entristecidos com a perda desse grande companheiro — lamentou o também ex-governador e colega de partido, Jair Soares, em entrevista à Rádio Gaúcha.
— Amaral de Souza era presidente de honra do PP e independentemente dos cargos públicos que ocupou, era uma grande líder partidário. Era um grande conciliador, sabia unir o mestre com o operário. O partido tem um grande reconhecimento pela liderança que ele exercia. Mas Amaral era, sobretudo, um homem bom e justo. Sua morte é uma grande perda — afirmou o presidente estadual do PP, Celso Bernardi.
Amaral governou o Estado entre 1979 e 1983, quando entregou o poder a Jair. Antes disso, foi deputado estadual, federal e vice-governador de Sinval Guazzeli no período 1975-1979.
Linha do tempo: veja a história de Amaral na política
Durante o governo de Yeda Crusius, Amaral de Souza doou o acervo de sua biblioteca particular ao Palácio Piratini. Composto por mil volumes, o acervo está à disposição na Biblioteca Pública do Estado.
— Abrir o espaço na biblioteca pública com seu acervo concretiza sua vontade de compartilhar o conhecimento com sua gente. Fortalecendo a educação como instrumento transformador para uma sociedade com igualdade e oportunidade — disse na ocasião a filha do político, Denise Souza da Costa.
Relembre o governo e a vida de Amaral de Souza:
Linha do tempo: veja a história de Amaral na política
Durante o governo de Yeda Crusius, Amaral de Souza doou o acervo de sua biblioteca particular ao Palácio Piratini. Composto por mil volumes, o acervo está à disposição na Biblioteca Pública do Estado.
— Abrir o espaço na biblioteca pública com seu acervo concretiza sua vontade de compartilhar o conhecimento com sua gente. Fortalecendo a educação como instrumento transformador para uma sociedade com igualdade e oportunidade — disse na ocasião a filha do político, Denise Souza da Costa.
Relembre o governo e a vida de Amaral de Souza:
Quando convidou José Augusto Amaral de Souza para assumir o Piratini, a partir de 1979, o presidente Ernesto Geisel (1974-1979) lhe fez um pedido:
— Você vai me ajudar a destampar a panela de pressão.
A missão de governar o Rio Grande do Sul durante os delicados anos de abertura política que antecederam o fim do regime militar no Brasil (1964-1985) era ostentada por Amaral de Souza com doses de orgulho.
A panela de pressão não demorou a ferver. Logo depois da posse como governador, em março de 1979, Amaral de Souza teve de administrar a primeira greve dos professores gaúchos durante a ditadura. Foram 13 dias de paralisação em 1979 em busca de reajustes salariais.
Ao relembrar o passado político para o programa Histórias, da TVCOM, em 2002, disse que procurou governar de uma forma que evitasse acirramentos:
— Ao assumir o governo, a minha grande preocupação era a transição política. Eu queria uma transição pacífica, não queria choques.
A opção de Geisel surpreendeu até mesmo a Aliança Renovadora Nacional (Arena), o partido de sustentação da ditadura militar. O mais cotado para a indicação era o deputado federal Nelson Marchezan, também da Arena. Amaral de Souza, então vice de Synval Guazzelli, gostava de dizer que chegara ao cargo não por simpatia e afinidade com os militares, mas pelo apoio que tinha dentro do partido.
Nascido em Palmeira das Missões em 1929, aos 10 anos de idade Amaral mudou-se para Porto Alegre, onde estudou no Colégio Rosário. A família, que negociava erva-mate, não demorou na cidade grande e optou por retornar. Amaral de Souza ficou.
Na Capital, ele cursou duas faculdades simultaneamente: Direito, na UFRGS, e Filosofia, na PUCRS. Acabou entrando no movimento estudantil e chegou à vice-presidência da União Nacional dos Estudantes (UNE) no início dos anos 50, com o Brasil imerso na campanha O Petróleo é Nosso.
— Éramos contra o radicalismo de esquerda — relembra.
Como político, Amaral definia-se como um conciliador. Garantia ter aprendido o ofício da moderação durante o período em que advogara no Interior. Em 1952, já formado, retornou para Palmeira das Missões, onde montou um escritório de advocacia. Ali, conheceu e casou-se com Miriam, com quem teria três filhos.
Aprendeu a medir atos e palavras para não colecionar inimigos. Também foi na terra em que nasceu que conquistou o primeiro mandato político, como vereador, pelo PSD, derrotando um primo e um tio na eleição.
— Aprendi a ser conciliador e não brigar com muita gente — confessou no mesmo programa da TVCOM.
Em 1982, na primeira disputa em eleições diretas para o Piratini após a ditadura militar, Amaral conseguiu fazer o sucessor, Jair Soares, em uma eleição polêmica, com denúncias de fraude eleitoral.
A decisão mais controvertida do mandato de Amaral de Souza foi a extinção do Departamento de Ordem Pública e Social (Dops) no Rio Grande do Sul. Não que o fim do famigerado aparato de espionagem e repressão tenha sido lamentado. As críticas recaíram sobre a queima dos arquivos do Dops, incinerando parte da memória do regime militar ter sido queimada nos fornos de uma olaria.
— Foi um erro — reconheceu 20 anos depois.
— Você vai me ajudar a destampar a panela de pressão.
A missão de governar o Rio Grande do Sul durante os delicados anos de abertura política que antecederam o fim do regime militar no Brasil (1964-1985) era ostentada por Amaral de Souza com doses de orgulho.
A panela de pressão não demorou a ferver. Logo depois da posse como governador, em março de 1979, Amaral de Souza teve de administrar a primeira greve dos professores gaúchos durante a ditadura. Foram 13 dias de paralisação em 1979 em busca de reajustes salariais.
Ao relembrar o passado político para o programa Histórias, da TVCOM, em 2002, disse que procurou governar de uma forma que evitasse acirramentos:
— Ao assumir o governo, a minha grande preocupação era a transição política. Eu queria uma transição pacífica, não queria choques.
A opção de Geisel surpreendeu até mesmo a Aliança Renovadora Nacional (Arena), o partido de sustentação da ditadura militar. O mais cotado para a indicação era o deputado federal Nelson Marchezan, também da Arena. Amaral de Souza, então vice de Synval Guazzelli, gostava de dizer que chegara ao cargo não por simpatia e afinidade com os militares, mas pelo apoio que tinha dentro do partido.
Nascido em Palmeira das Missões em 1929, aos 10 anos de idade Amaral mudou-se para Porto Alegre, onde estudou no Colégio Rosário. A família, que negociava erva-mate, não demorou na cidade grande e optou por retornar. Amaral de Souza ficou.
Na Capital, ele cursou duas faculdades simultaneamente: Direito, na UFRGS, e Filosofia, na PUCRS. Acabou entrando no movimento estudantil e chegou à vice-presidência da União Nacional dos Estudantes (UNE) no início dos anos 50, com o Brasil imerso na campanha O Petróleo é Nosso.
— Éramos contra o radicalismo de esquerda — relembra.
Como político, Amaral definia-se como um conciliador. Garantia ter aprendido o ofício da moderação durante o período em que advogara no Interior. Em 1952, já formado, retornou para Palmeira das Missões, onde montou um escritório de advocacia. Ali, conheceu e casou-se com Miriam, com quem teria três filhos.
Aprendeu a medir atos e palavras para não colecionar inimigos. Também foi na terra em que nasceu que conquistou o primeiro mandato político, como vereador, pelo PSD, derrotando um primo e um tio na eleição.
— Aprendi a ser conciliador e não brigar com muita gente — confessou no mesmo programa da TVCOM.
Em 1982, na primeira disputa em eleições diretas para o Piratini após a ditadura militar, Amaral conseguiu fazer o sucessor, Jair Soares, em uma eleição polêmica, com denúncias de fraude eleitoral.
A decisão mais controvertida do mandato de Amaral de Souza foi a extinção do Departamento de Ordem Pública e Social (Dops) no Rio Grande do Sul. Não que o fim do famigerado aparato de espionagem e repressão tenha sido lamentado. As críticas recaíram sobre a queima dos arquivos do Dops, incinerando parte da memória do regime militar ter sido queimada nos fornos de uma olaria.
— Foi um erro — reconheceu 20 anos depois.
Fonte: ZERO HORA
Nenhum comentário:
Postar um comentário