sexta-feira, 3 de abril de 2015

Fogo em tanques se alastra após 30 horas em Santos

Altas temperaturas evaporam água antes de chegar no foco dos incêndios

Altas temperaturas evaporam água antes de chegar no foco dos incêndios | Foto: Ivan Storti/AFP/CP
   Altas temperaturas evaporam água antes de chegar no foco dos incêndios | Foto: Ivan Storti/AFP/CP

Mais de 180 homens do Corpo de Bombeiros e ao menos 22 viaturas trabalham desde as 10h de quinta-feira na contenção do incêndio que atinge os tonéis da Ultracargo, em Santos, litoral sul de São Paulo. O fogo já chegou a cinco tanques, que ficam na área industrial da Alemoa, próximo do Porto de Santos e da Rodovia Anchieta. O trabalho do Corpo de Bombeiros deve durar mais dois ou três dias, conforme análise da corporação. A embarcação Governador Fleury ajuda na operação, transferindo água do mar para os caminhões tanques.

A situação ainda é muito complexa e exige ação ininterrupta das equipes, com jatos de água e uma espuma especial. Segundo os bombeiros, a temperatura chega a 800°C, o que impede o combate efetivo às chamas, porque a água evapora antes de chegar aos tonéis. Nesta sexta-feira, eles tentaram iniciar um combate direto ao fogo, mas a tentativa não deu certo. Desde o começo, as equipes tentam resfriar a área. A coluna de fumaça é vista a muita distância e em muitos pontos é possível sentir cheio de queimado. O pátio da Ultracargo tem áreas específicas para contenção do combustível vazado, mas essas bacias já estão cheias. Para piorar, o vento está empurrando o fogo para tonéis que ainda não foram atingidos.


Novas explosões foram registradas ao longo da manhã. Na região do incidente, houve chuva de cinzas, sujando carros e roupas. Segundo especialistas, não se trata de resíduo tóxico, mas de algo parecido com carvão. De qualquer forma, há recomendação para que as pessoas evitem exposição ao material.

De acordo com a Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), o movimento de navios no canal do estuário permanece interrompido no local do incêndio. Os cinco navios removidos da área pela Praticagem continuam na Barra de Santos, aguardando autorização para retornar. A Codesp reforça que o Porto de Santos funciona normalmente.

A fumaça formada pela queima de combustível é poluente. Partículas e gases podem ser levados pelo vento para a Serra do Mar. Por isso, o incêndio nos tanques da Ultracargo pode provocar um acidente ambiental, prejudicando fauna e flora. Muitos especialistas têm feito alertas sobre esse problema. No caso do etanol, a queima provocaria uma fumaça azulada. A cor preta é preocupante, porque indica conter outros elementos, como o material do próprio tanque, a tinta e outros combustíveis. Não há enxofre nos materiais envolvidos, o que descarta a possibilidade de chuva ácida.

O bombeiro Claudio Rodrigues Gonçalves, de 39 anos, foi atingido no olho por uma fagulha e precisou ser levado ao Pronto-Socorro Central de Santos, para avaliação oftalmológica. O paciente já recebeu alta. A prefeitura de Santos informou que o Samu atendeu 21 pessoas no local, todos homens com superaquecimento. 

Fonte: ESTADÃO conteúdo
Correio do Povo

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