Oposição disse
que ato foi uma provocação para gerar violência
Simpatizantes do governo venezuelano invadiram
parlamento e atacaram deputados
Foto: Juan Barreto / AFP / CP
O governo
venezuelano e seus simpatizantes fizeram nesta quarta-feira um inesperado ato
na sede do Parlamento por ocasião do Dia da Independência e cinco pessoas,
entre eles três deputados opositores, ficaram feridas nos confrontos.
Maioria
na Casa, a oposição reagiu, chamando o ato de "assalto" e
"provocação para gerar violência".
Durante a
solenidade, simpatizantes do governo chegaram a invadir o Parlamento com
violência, de fato, e o caos se instalou. Os deputados Américo de Grazia, Nora
Bracho e Armando Armas foram agredidos violentamente na cabeça, segundo a
deputada Yajaira de Forero. Segundo eles, outros dois funcionários da
Assembleia também ficaram feridos.
Dezenas
de pessoas, algumas encapuzadas, com pedaços de pau nas mãos e vestidas de
vermelho, tomaram os jardins do Palácio Legislativo e detonaram rojões, gerando
muita confusão. Os jornalistas que cobriam o ato na Assembleia foram obrigados
pelos partidários do governo a interromper os registros, e um dos vândalos
portava uma arma de fogo.
A
cerimônia, que não estava prevista na agenda do Legislativo, foi liderada pelo
vice-presidente Tareck El Aissami, que chegou acompanhado do ministro da Defesa
e chefe da Força Armada, Vladimir Padrino López, assim como de membros do gabinete
e de partidários chavistas. Durante o evento, expôs-se a ata de Independência
do país, firmada há 206 anos.
El
Aissami fez um discurso de cerca de 15 minutos, no qual acusou a oposição de
"sequestrar" o Poder Legislativo. Os adversários de Maduro dominam a
Casa, com folga, desde sua esmagadora vitória nas urnas em dezembro de 2015.
"Estamos precisamente nas instalações de um poder do Estado que foi
sequestrado pela mesma oligarquia que traiu Bolívar e sua causa", disse o
vice-presidente, deflagrando aplausos dos convidados.
A crise
política venezuelana se encontra em uma fase de alta tensão por protestos da
oposição que deixaram 91 mortos em três meses e pela convocação de uma
Assembleia Constituinte, por parte do presidente Nicolás Maduro.
O vice El
Aissami advertiu que Maduro não se renderá, nem cederá em seu propósito de
levar a Constituinte adiante. "Aqui está um presidente digno que nunca se
renderá, nem permitirá que a Venezuela seja colônia de qualquer potência
estrangeira", declarou. "Foi um assalto ao Palácio Federal. Isso
podia ter sido feito em coordenação com a mesa-diretora da Assembleia",
criticou o deputado Tomás Guanipa, antes da cerimônia parlamentar especial.
Já o
ex-presidente da Assembleia, o ex-deputado Henry Ramos Allup, disse não se
surpreender com essa "provocação". Para ele, o governo está disposto
a "qualquer coisa", do mesmo modo que a Constituinte foi convocada
sem um referendo consultivo prévio. "É um governo terminal sustentado
pelas baionetas e pelas decisões do Tribunal Supremo da Justiça",
denunciou Ramos Allup.
AFP
Correio
do Povo
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