Apensar de
fluxo, ONU insiste que criação de campos de refugiados não é a melhor solução
Número de estrangeiros em busca de refúgio
dobra no Brasil | Foto: Said Khatib / AFP / CP
O número
de estrangeiros em condições de refúgio ou com vistos humanitários no Brasil
praticamente dobrou, puxado pela entrada de milhares de venezuelanos no País. A
ONU recomenda ao governo brasileiro não criar campos de refugiados na fronteira
com a Venezuela, mas adotar políticas para a integração dessa nova população.
Dados
apresentados pela entidade revelam que, até o final de 2016, existiam 9,6 mil
refugiados legalmente registrados no Brasil. Mas outros 34,6 mil aguardavam na
fila para serem atendidos em seus pedidos de asilo. Além dessa população,
outras 22 mil pessoas que vivem no Brasil também são consideradas
"indivíduos de interesse de proteção internacional", o que eleva a
população a 68 mil.
Nesse
cálculo, por exemplo, estão os haitianos, que não são considerados refugiados,
mas ganharam vistos humanitários. Outros venezuelanos que tampouco pediram
asilo, mas estão em situação precária, também estão nessa conta.
Os
números representam um salto importante em comparação a 2015. Naquele momento,
existiam 8,7 mil refugiados legalmente registrados, com uma fila de casos de
20,8 mil indivíduos. Contando a população que precisaria receber ajuda, esse
número chegava a 35,7 mil pessoas.
Uma das
constatações é de que a fila para ter seu caso considerado no Brasil aumentou
para o solicitante de asilo. Fontes na ONU alertaram que esse fenômeno pode dar
sugestões de que o atual sistema no País não estaria dando conta dos novos
volumes.
Apesar do
salto registrado no Brasil, o país tem uma população pequena de refugiados
comparado à sua população e mesmo em comparação a países vizinhos. Na
avaliação da ONU, os dados até o final de 2017 prometem ser ainda maiores, já
que um fluxo importante de venezuelanos foi registrado desde janeiro,
principalmente em Roraima.
Ao final
de 2016, um total de 52 mil venezuelanos haviam solicitado asilo pelo mundo ou
viviam de forma preocupante em diversas regiões, entre elas o Brasil. A ONU
admite que, em 2017, esse número ganhou uma nova dimensão. O salto em
comparação a 2015 é significativo. De acordo com a ONU, existiam pelo mundo 22
mil venezuelanos em situação de refúgio ou necessidade de ajuda.
Apesar do
novo fluxo, a ONU insiste que a criação de campos de refugiados não é a melhor
resposta. "Se um governo pode evitar criar campos de refugiados,
melhor", disse ao Estado o alto-comissário da ONU para Refugiados, Filippo
Grandi. "Talvez a criação do campo seja melhor em um curto prazo. Mas logo
se transforma em um local de dependência em ajuda, em um local de
exclusão", disse. "Pensamos que a inclusão é a opção mais segura. Mas
para isso, um governo precisa ter apoio para ter estruturas", disse.
Para o
representante da ONU, o fato de os venezuelanos não estarem indo para São
Paulo, e sim para Roraima, coloca uma exigência de que a entidade preste ajuda
ao governo brasileiro. "São os venezuelanos que têm menos dinheiro e, por
isso, estamos seguindo a situação de perto", explicou. "Estamos
tentando ajudar ao governo brasileiro", declarou.
ESTADÃO
conteúdo
Correio
do Povo
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