Placar foi de 10 a 9 e
texto agora segue para a Comissão de Constituição e Justiça
Comissão de Assuntos Sociais do Senado rejeita Reforma
Trabalhista
Foto: Geraldo Magela / Agência Senado / CP
O governo
teve uma derrota na Comissão de Assuntos Sociais do Senado nesta terça-feira. O relatório da
Reforma Trabalhista foi rejeitado por 10 votos a 9. Mesmo assim, o texto segue
em tramitação e vai para a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) antes da apreciação final no plenário,
o que deve acontecer na próxima semana. O resultado foi aplaudido e
comemorado por senadores de oposição, que dominaram o debate na reunião.
Com a
rejeição do relatório do senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES), o voto em separado
apresentado pelo senador Paulo Paim (PT-RS) foi aprovado por unanimidade e
segue agora para a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), onde o relator é o
senador Romero Jucá (PMDB-RR).
Na
reunião de hoje, os parlamentares tiveram pelo menos uma hora e meia para se
manifestar sobre a matéria antes da votação. Na quarta-feira será a vez do
senador Romero Jucá (PMDB-RR) ler seu relatório na Comissão de Constituição,
Justiça e Cidadania (CCJ). Como após a leitura do relatório é comum ter um
pedido de vista coletiva, a votação da reforma trabalhista na CCJ deverá
ocorrer no próximo dia 28. A partir daí, o texto estará pronto para análise no
plenário da Casa. A expectativa na base governista é de que essa votação ocorra
até a primeira semana de julho.
Principais
pontos
Os
defensores do texto defendem que um dos eixos da proposta é a prevalência do
negociado sobre o legislado, com reforço dos acordos coletivos e novo enfoque
nas negociações individuais entre patrão e empregado em vários pontos, como o
acúmulo e uso de banco de horas, horas extras, compensação de jornada e
horários de descanso para a mulher. No relatório Ferraço destaca que leis
excessivamente duras têm efeitos maléficos no nível de emprego e no crescimento
econômico, pois a regulação pesada dessas relações vem, a seu ver, associada a
“uma economia informal maior, a uma baixa taxa de participação na força de
trabalho e alto desemprego, atingindo especialmente os jovens”.
O senador
afirma ainda que há salvaguardas e limites para a prevalência da negociação
sobre a lei no próprio texto da reforma trabalhista, como a manutenção da
participação dos sindicatos nesses acertos.
Sobre o
fim da contribuição sindical obrigatória, Ferraço defende que a medida cria um
poderoso incentivo para que os sindicatos atendam de fato aos interesses dos
trabalhadores, que só vão contribuir para as entidades se estiverem satisfeitos
com a representação. Em resposta às críticas que o texto sofre, o relator
lembra pontos que, em nenhuma hipótese, podem ser negociados e que , avalia,
dão segurança ao empregado. É o caso do salário mínimo, décimo terceiro
salário, da remuneração de hora extra, do repouso semanal remunerado, das
férias e da garantia de pagamento do adicional de um terço do salário, por
exemplo.
Vetos
O
relatório de Ricardo Ferraço mantém as recomendações de veto a seis pontos
polêmicos da proposta, como o trabalho insalubre para gestantes e lactantes, o
acordo individual para estabelecer a jornada de 12 horas de trabalho por 36 de
descanso e a jornada intermitente, apesar de defender a contratação de
trabalhadores por esse novo formato.
Divergências
Até
agora, quatro votos em separado, todos pedindo a rejeição completa do PLC
38/2017, foram apresentados por parlamentares de oposição. Durante a reunião da
CAS, na última terça-feira, o senador Paulo Paim (PT-RS) chegou a fazer um
apelo por um texto de consenso sobre a reforma trabalhista, aprimorando o que
veio da Câmara, sem que o Senado abra mão de seu papel de Casa revisora.
“É
possível fazer um grande pacto pelo povo brasileiro, é dever do Senado. Não
pode vir um projeto que altera a CLT em 117 artigos aqui para a Casa e a gente
só carimbar, sabendo que a Câmara cometeu absurdos. Qualquer pessoa séria, ao
ler aquele projeto, acha inaceitável. Vamos pegar os votos em separado, os
quatro da oposição e o [texto] do relator, vamos sentar e ver o que é possível
construir. É possível construir um grande entendimento, aí o projeto volta para
a Câmara e ela ratifica ou não”, disse o senador. Para ele, seria uma questão
de bom senso.
Fonte:
Correio do Povo
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