Jovem de 23 anos viveu experiência em campos de refugiados na
Grécia e na Turquia
De comunicadora no Mato Grosso do Sul a missionária do JOCUM –
Jovens com uma Missão, da Igreja Presbiteriana. Lucinéia Santos de 23 anos
conheceu o grupo JOCUM em 2014, por acaso, quando os jovens passaram pela
cidade dela. Interessada na causa, ela recebeu um convite para conhecer as
atividades desempenhas pelo JOCUM, sem pestanejar, largou tudo e passou dois
anos viajando o Brasil, iniciando um trabalho que pretende fazer pelo resto da
vida, ser missionária.
Em fevereiro de 2017 surgiu mais uma oportunidade, ir para
campos de refugiados na Grécia e na Turquia. Novamente ela abraçou a ideia e
foi. Ficou 40 dias e retornou ao Brasil querendo ajudar ainda mais, e com uma
ideia ousada, mudar de país.
Experiência para a vida
Dessa experiência, Lucinéia trouxe um novo olhar para encarar a
vida e seus desafios. “... Minha vida mudou completamente, em tudo, minha forma
de pensar, os dois anos que eu já estava em missões muita coisa já tinha
mudado, mas se encontrar, não dentro da guerra, mas no conflito ao redor dela,
saber que a qualquer momento podia acontecer algo e você também ser vítima, te
faz valorizar muito a vida, e aproveitar cada instante, independente se você
conhece a pessoa ou não, você vê que nenhum conflito por religião, por política,
por ideia, vale mais que a vida, então você se joga, para ajudar as pessoas e
isso te faz ver que existe muito mais que seu próprio mundo, [...], no meio de
uma questão de guerra eu reorganizei a minha vida” disse ela.
Natural de Chapadão do Sul, com familiares em Santo Augusto, atualmente ela vive em Campinas, na grande São Paulo. Ontem, 28, Lucinéia concedeu entrevista à Rádio Querência, pois estava em Santo Augusto, onde palestrou sobre suas experiências no Instituto Federal Farroupilha.
Questionada sobre qual era seu trabalho nos campos, ela contou
que “o grupo, 14 brasileiros e um peruano, faziam de tudo, desde limpar praias
onde os refugiados chegavam, construir escadarias nas montanhas, para facilitar
a fuga, providenciar alimentos”, entre outros.
Nesse ponto, outra dúvida que surge é como esses jovens se
mantêm nesses países, se há algum incentivo por parte da Igreja ou do Governo.
A missionária ressaltou que não há nenhum recurso destinado para o JOCUM, cada
integrante, que decide participar, precisa, por conta própria, “levantar” seus
próprios recursos. Desse modo, Lucinéia que tem paixão por fotografia, tira
fotos e vende-as para agências e revistas, bem como, escreve matérias e
reportagens, relatando suas experiências, e comercializa o material.
Nunca desistir
Talvez muitas pessoas não tenham conhecimento sobre esses
conflitos, que obrigam pessoas a fugirem de seus países, sem auxílio algum, e
por esse motivo, não compreendam a importância desse papel desempenhado por
jovens, como Lucinéia.
Mesmo tendo sido presa três vezes e não poder expressar suas
ideologias, devido a mulçumanos extremistas estarem entre os refugiados, pois a
Turquia é um país onde a religião Islã domina e isso torna as relações
sociais muito difíceis, ela afirma que a maior dificuldade é enfrentar o
frio de 20 graus abaixo de zero, e diz com certeza que indicaria a missão para
todos, “dentro de uma situação dessas você pode se encontrar, você descobre que
tem muito mais capacidade do que você acha que tem [...] tudo é útil em questão
de humanidade”.
Em setembro, um novo grupo irá voltar para o local, para dar
continuidade à missão, Lucinéia estará entre os jovens. Antes disso, ela
pretende ir ao México, desempenhar o mesmo trabalho.
Fotos repassadas à reportagem por Lucinéia
Postado por: Maira Kempf
Rádio Querência
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