sexta-feira, 31 de março de 2017

Mães presas: privilégio a ex-primeira dama do Rio reflete desigualdade no judiciário

Adriana Ancelmo foi beneficiada pelo STJ e vai cumprir prisão domiciliar no seu apartamento em zona nobre do Rio de Janeiro

   Créditos: Divulgação

Alguns dias após ter a prisão domiciliar concedida, a ex-primeira-dama do estado do Rio de Janeiro Adriana Ancelmo foi conduzida nesta quinta-feira pela Polícia Federal para seu apartamento no Leblon, Zona Sul do Rio. Ela estava detida preventivamente desde dezembro, no presídio de Bangu. Mulher do ex-governador Sérgio Cabral, Adriana responde por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

A autorização para ela cumprir prisão domiciliar teve como base norma do Código de Processo Penal que permite a mudança de regime de mulheres que tenham filho de menos de 12 anos e estejam cumprindo prisão preventiva. A ministra do STJ Maria Thereza de Assis Moura autorizou a prisão domiciliar sob a alegação que os dois filhos dela e de Cabral - de 10 e 14 anos - não poderiam ficar privados do convívio com os dois pais ao mesmo tempo, já que o ex-governador também está preso.

O benefício concedido à ex-primeira-dama gerou um sentimento de revolta em outras mulheres presas espalhadas pelas penitenciárias de todo o país, que vivem situação semelhante. Pesquisas realizadas em presídios no centro do país mostram que 80% das mulheres presas que têm filhos,com menos de 12 anos,estão encarceradas.

Essa é uma situação que também está presente na realidade local, do Presidio de Passo Fundo. Mulheres cumprem pena atrás das grades e gostariam de ter o mesmo tratamento concedido a Adriana Ancelmo. A reportagem da Uirapuru teve aceso ao caso de uma detenta, de 31 anos, que em 2015 quando foi presa tinha um filho de 11 anos e teve que deixá-lo com a mãe, uma senhora de 53 anos, com problemas de saúde. Por carta enviada a rádio conta que já tentou habeas corpus, liberdade provisória e até agora não foi atendida. “Queria ter uma oportunidade para sair e poder cuidar dele. Mas como não tenho dinheiro, não consigo sair da cadeia”, relata.

Este é um caso dos tantos que existem pelo Brasil e que servem para mostrar a desigualdade do poder judiciário. O fato de ser mulher de um ex-governador, ter fama e muito dinheiro (boa parte arrecadado de forma criminosa), Adriana Ancelmo conquistou um benefício. Vai poder conviver com seus filhos, ao contrário de muitas mulheres que em condições semelhantes continuam na cadeia.


Fonte: Rádio Uirapuru | Passo Fundo

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