Sérgio
Machado, que gravou conversas com Jucá e Renan teve a delação premiada
homologada pelo STF
Em gravação, Sarney promete ajuda a ex-diretor
da Transpetro, diz Folha de SP
Foto: Valter Campanato / Agência Brasil / CP
Em uma
conversa gravada pelo ex-diretor da Transpetro, Sérgio Machado, o ex-presidente
José Sarney prometeu ao executivo, investigado pela Operação Lava Jato, que poderia
ajudá-lo a evitar que seu caso fosse transferido para as "mãos" do
juiz federal Sérgio Moro, em Curitiba (PR), mas "sem meter advogado no
meio".
Segundo a
reportagem do jornal Folha de São Paulo, Machado respondeu que havia
insinuações, provavelmente da Procuradoria-Geral da República, por uma delação.
Sérgio
Machado fechou um acordo de delação premiada no Supremo Tribunal
Federal.
Cronologia
da crise
Jucá fala
em pacto para barra Lava Jato
O então ministro do Planejamento, Romero Jucá, foi gravado, de
forma oculta, em conversas com o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado que
uma mudança no governo federal resultaria em um pacto para "estancar a
sangria" provocada pela Operação Lava Jato, que investiga ambos. A
informação é do jornal Folha de São Paulo e foi divulgada na segunda-feira.
De acordo
com a Folha de São Paulo, o diálogo entre o senador licenciado e Machado
ocorreram semanas antes da votação na Câmara que levou ao impeachment da
presidente Dilma Rousseff. As conversas duraram mais de uma hora e já estão em
posse da Procuradoria-Geral da República.
O
advogado de Jucá, Antônio Carlos de Almeida Castro, disse que seu cliente
jamais pensaria em atrapalhar a Operação Lava Jato e que o diálogo com Sérgio
Machado não contém ilegalidades.
Licença e
exoneração
Ainda na
segunda, Romero Jucá anunciou que se licenciaria do cargo. "Amanhã
estarei de licença", disse, após a revelação de conversas telefônicas
entre ele e o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, nas quais o senador
sugere um pacto para deter o avanço sobre o PMDB da Operação Lava Jato. Na
terça-feira o Diário Oficial da União publicou a sua exoneração.
Renan e
as delações
Nesta
quarta, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), publicou uma nota
nesta quarta-feira em que diz que o teor da conversa que teve com o
ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado é público e já foi dito outras vezes
a jornais. "As opiniões do senador, sempre, foram publicamente noticiadas
pelos veículos de comunicação, como as críticas ao ex-presidente da Câmara dos
Deputados, a possibilidade de alterar a lei de delações para, por exemplo,
agravar as penas de delações não confirmadas e as notícias sobre delações de
empreiteiras, todas foram, fartamente, veiculadas", diz a nota.
No texto,
a assessoria diz que Renan recebe todos aqueles que o procuram para conversar e
que defende nos diálogos seus pontos de vista, porém, todos "evidentemente
dentro da Lei e da Constituição". Renan também se desculpou com o
presidente do PSDB, Aécio Neves (MG), e diz ter se expressado
"inadequadamente".
No
diálogo revelado pelo jornal Folha de S.Paulo, Renan diz que todos os políticos
estão "com medo" da Lava Jato e cita particularmente Aécio, dizendo
que o tucano pediu que ele verificasse se ainda havia mais alguma informação da
delação que o ex-senador Delcídio do Amaral (sem partido - MS) fez citando o
seu nome. Na nota, Renan diz que o senador mineiro expressava "indignação,
e não medo" com a citação do ex-senador Delcídio.
Por fim,
Renan defende que o teor da conversa não sugere qualquer intervenção na
operação Lava Jato. "E não seria o caso, porque nada vai interferir nas
investigações". Renan não menciona na nota partes do diálogo nas quais se
refere à presidente afastada Dilma Rousseff.
Fonte:
Correio do Povo
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