quarta-feira, 25 de maio de 2016

Em gravação, Renan diz apoiar mudança na lei da delação premiada

Presidente do Senado também sugeriu negociar com STF transição de Dilma Rousseff

Calheiros diz apoiar mudança na lei da delação premiada em conversa gravada  | Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom / Agência Brasil / CP
   Calheiros diz apoiar mudança na lei da delação premiada em conversa gravada
   Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom / Agência Brasil / CP

Depois do senador Romero Jucá, o presidente do Senado, Renan Calheiros, foi flagrado em conversas com o ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado. Segundo o jornal Folha de São Paulo, na conversa entre ambos, Calheiros disse que apoia uma mudança na lei que trata da delação premiada para impedir que um preso se torne delator, expediente utilizado na Operação Lava Jato, da Polícia Federal (PF).

Durante o diálogo, Renan ainda sugeriu que seria possível negociar com membros do Supremo Tribunal Federal (STF) a "transição" da presidente afastada Dilma Rousseff. Conforme a Folha, Machado gravou ao menos duas conversas com Renan Calheiros, além de ter feito o mesmo com Jucá. 

Em outro trecho da conversa, Machado sugeriu um pacto, que significaria passar a borracha no Brasil. Renan respondeu da seguinte forma: "antes de passar a borracha, precisa fazer três coisas, que alguns do Supremo (inaudível) fazer. Primeiro não pode delação premiada preso. Primeira coisa. Porque aí você regulamenta a delação."

De acordo com a Folha, Machado teria procurado Renan Calheiros, Romero Jucá e José Sarney porque temia ser preso e virar um réu colaborador. "Ele está querendo me seduzir, p....Mandando recado", disse Machado a Renan em referência ao procurador da República, Rodrigo Janot. Renan, na conversa, ataca decisão do STF de manter uma pessoa presa após a sua segunda condenação. 

Indignação e medo 

No diálogo, Machado defende a unidade de ministros e quer saber a razão para Dilma não negociar com membros do STF. Renan respondeu: "Porque todos estão p...com ela".  
Renan ainda relata que todos os políticos estão com medo da Operação Lava Jato e cita que o senador Aécio Neves chegou a procurá-lo para saber mais sobre a delação de Delcídio do Amaral. "Aécio está com medo. (me procurou). 'Renan, queria que você visse para mim esse negócio do Delcídio, se tem mais alguma coisa'", contou. 

Em outro momento da conversa, Renan cita a delação da empreiteira Odebrecht e disse que informações "vão mostrar as contas", em uma referência à campanha de Dilma Rousseff. Machado responde que "ninguém escapa, de nenhum partido". "Do Congresso, se sobrar cinco ou seis, é muito. Governador, nenhum", completou. 

Por meio de sua assessoria, o presidente do Senado, Renan Calheiros, informou que diálogos não mostram qualquer menção ou tentativa de interferir na Lava Jato ou soluções anômalas. "E não seria o caso porque nada vai interferir nas investigações", acrescentou a nota. 


Fonte: Correio do Povo

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