Novos diálogos gravados pelo ex-presidente da
Transpetro com presidente do Senado foram divulgados
Novas gravações de conversas de Renan Calheiros
foram divulgadas
Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom / Agência Brasil
/ CP
Novos
diálogos da bombástica delação premiada do ex-presidente da Transpetro Sérgio
Machado trazem à tona a preocupação e os ânimos exaltados dos políticos diante
dos avanços da Lava Jato, maior operação de combate à corrupção já feita no
Brasil. Em uma das conversas com o presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB),
os dois revelam suas impressões sobre o procurador-geral da República, Rodrigo
Janot, responsável por conduzir as investigações contra os políticos com foro
privilegiado.
Machado: Agora esse Janot, Renan, é o maior
mau-caráter da face da terra.
Renan: Mau caráter! Mau-caráter! E faz tudo que essa
força-tarefa (Lava Jato) quer
Machado: É, ele não manda. E ele é mau caráter. E ele
quer sair como herói. E tem que se encontrar uma fórmula de dar um chega pra lá
nessa negociação ampla pra poder segurar esse pessoal (Lava Jato). Eles estão
se achando o dono do mundo.
Renan: Dono do mundo
O trecho
foi revelado nesta quinta, pelo Jornal Hoje, da TV Globo. Renan Calheiros é
alvo de ao menos 12 inquéritos no Supremo devido às investigações da Lava Jato
e Machado também é alvo de investigações na Corte. Temendo que seu caso fosse
enviado para a primeira instância, ao juiz Sérgio Moro, em Curitiba, o
ex-presidente da Transpetro acabou aceitando fazer um acordo de delação
premiada e entregar os áudios e contar o que sabe à Procuradoria-Geral da
República.
Uma de
suas conversas gravadas com políticos já levou à queda de Romero Jucá (PMDB) do Ministério do Planejamento. No
diálogo revelado na segunda, o senador aparece discutindo propostas para
estancar a Lava Jato com a saída de Dilma e a chegada de Temer à Presidência.
Machado também gravou conversas com o ex-presidente José
Sarney (PMDB).
Machado
foi filiado ao PSDB por dez anos, período em que chegou a se eleger senador e
virar líder da sigla no Senado. Posteriormente se filiou ao PMDB e, há pelo
menos 20 anos, mantém proximidade com a cúpula do partido que chegou à
Presidência da República após o afastamento temporário de Dilma Rousseff com a
abertura do processo de impeachment no Senado.
A delação
do ex-presidente da Transpetro foi homologada nesta semana pelo ministro
relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal Teori Zavascki. Com isso, a
partir de agora Janot pode decidir quais serão os próximos passos das
investigações e solicitar a abertura de novos inquéritos.
Não é a primeira
vez que políticos investigados na operação criticam o procurador-geral. O
ex-presidente e também senador Fernando Collor (PTB-AL) já lançou vários
xingamentos a Janot, desde "fascista da pior extração" e até de
"filho da puta", na tribuna do Senado.
"Trata-se
de um fascista da pior extração, e cuja linhagem pode ser perfeitamente
traduzida nas palavras de Plutarco: 'Nada revela mais o caráter de um homem do
que seu modo de se comportar, do que quando detém um poder e uma autoridade
sobre os outros. Essas duas prerrogativas despertam toda a paixão e revelam
todo o vício'", afirmou o parlamentar no ano passado, dois dias antes de
Janot ser sabatinado no Senado para ser reconduzido ao cargo.
Collor
foi denunciado pelo procurador ao Supremo, teve sua mansão revistada pela
Polícia Federal e até seus veículos de luxo chegaram a ser apreendidos a pedido
de Janot, que acusa o parlamentar de acumular o patrimônio com dinheiro de
propina.
ESTADÃO conteúdo
Correio do Povo
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