sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Número de mortos no rompimento de barragem em Minas Gerais sobe para sete

Cenário de devastação ainda mantém ao menos dez desaparecidos

Cenário de devastação ainda mantém ao menos dez desaparecidos | Foto: Reprodução / TV Record / CP
   Cenário de devastação ainda mantém ao menos dez desaparecidos | Foto: Reprodução / TV Record / CP

Subiu para sete o número de mortos após o rompimento de uma barragem de rejeitos da mineradora Samarco, por volta das 16h desta quinta-feira. Foi atingida a área entre Mariana e Ouro Preto, a 110 quilômetros de Belo Horizonte (MG). O distrito de Bento Rodrigues, que pertence a Mariana, foi totalmente alagado. Até as 22h, dois corpos tinham sido resgatados e ao menos 10 pessoas estavam desaparecidas. Sindicatos de trabalhadores locais falavam em 15 mortes. Ao menos 52 pessoas ficaram feridas, algumas em estado grave.

A tragédia deve se concretizar como a mais grave na área ambiental do Estado. Uma igreja
 histórica do século 18 e uma escola teriam sido atingidas. Segundo o promotor Carlos Eduardo Ferreira Pinto, coordenador de Meio Ambiente do Ministério Público Estadual, a situação na região é catastrófica. Uma avaliação completa só será possível na manhã desta quinta.

Em nota, a empresa afirma que "está mobilizando todos os esforços para priorizar o atendimento às pessoas e a mitigação de danos ao meio ambiente". Após o rompimento, a lama atingiu rapidamente o distrito de Bento Rodrigues, destruindo casas e encobrindo ruas e praças. Os serviços de energia elétrica e água foram afetados - não havia nem sinal de celular. Às 20h30min, ainda havia pessoas soterradas, conforme os bombeiros. Famílias estavam concentradas na frente do hospital de Mariana à espera de informações de parentes.

O bombeiro Adão Severino Junior, do efetivo de Mariana, disse que nunca tinha visto uma situação tão dramática. "A lama desceu como uma grande enxurrada, arrastando tudo, levando porcos, bois, gente e carro. Não tinha nada que resistisse. Teve casa que não sobrou parede." Segundo ele, às 21h ainda escorria lama dos pontos altos. "Há gente escondida no mato, tremendo de frio e fome. Nosso pessoal não quer suspender as buscas, pois pode ter
gente viva no meio da lama", relatou.

Três helicópteros dos bombeiros e das Polícias Militar e Civil seguiram para a região. As buscas avançariam pela madrugada e os desalojados estavam sendo levados para um ginásio esportivo de Mariana. Em nota oficial, o governador Fernando Pimentel (PT) afirmou ter recebido com "consternação a informação sobre o rompimento da barragem". Ele enviou reforços e deverá visitar a região nesta sexta. Já a presidente Dilma Rousseff foi informada do acidente pelo ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, e colocou o Exército, o Centro de Desastres e a Força Nacional à disposição para ajudar no socorro. 

Causas

O Ministério Público abriu inquérito para apurar as causas da tragédia. Para a imprensa, o promotor Ferreira Pinto destacou que "nenhuma barragem rompe por acaso, não é uma fatalidade". A região atingida pelo acidente é alvo de exploração desde o período colonial. O início da alteração da paisagem data do século 18, com intenso desmatamento praticado por mineradoras em busca, principalmente, de ferro.

A análise é da própria Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do governo de Minas Gerais. As informações constam de um relatório oficial elaborado em 2013 pela pasta, que atendeu a um pedido da empresa Samarco para aumentar a capacidade de armazenamento de rejeitos da Barragem do Fundão. A outorga tinha validade de seis anos e previa o aumento da pilha de rejeitos com uma barragem de até 152,5 metros. A secretaria relata que o desmatamento da região foi intensificado nas últimas décadas. "As matas de grande porte foram fragmentadas e substituídas por plantações de eucalipto". 


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Correio do Povo

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