Lançamento da nova
moeda completa 20 anos no próximo dia 1º de julho
Completadas duas décadas do lançamento do Plano
Real, ficou na lembrança a época em que a inflação do País chegava a 85% ao
mês. O brasileiro, que hoje convive com um aumento de preços de 0,46% (maio),
não podia planejar suas finanças e a economia estava vulnerável à especulação.
O reajuste das mercadorias ocorria, ao menos, uma vez por semana e, por mais
que os salários fossem aumentados, não acompanhavam a alta observada nos
supermercados. Era comum o trabalhador receber os vencimentos e, no mesmo dia, já
fazer as compras para não ver o dinheiro desvalorizado com o passar das
semanas. Os empresários e os produtores também não conseguiam calcular os
gastos e os investimentos estavam praticamente estancados.
A hiperinflação, que ao ano alcançou 1.607% no período que antecedeu o plano, foi um vilão iniciado em no início dos anos 1980. Naquela década, o aumento da taxa de juros internacional levou a uma explosão da dívida externa, já que ela estava em dólar. Isso fez com que o Brasil precisasse adotar políticas para arrecadar divisas internacionais, como controle sobre importações e maxi-desvalorizações da taxa de câmbio. O governo conseguiu sair de situação mais crítica em relação à dívida externa, mas passou a conviver com uma inflação descomunal e, no início do governo Itamar Franco, a situação havia chegado no limite. Antes dele, foram lançados cinco planos monetários. Todos fracassados.
Os outros planos monetários criados no governo Sarney e Collor se concentravam fundamentalmente no congelamento de preços. “Achavam que o controle era suficiente. Também não implementaram o conjunto de medidas para identificar quais eram as causas da inflação”, observa o doutor em Economia, professor do Departamento de Economia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), Fernando Ferrari Filho.
No Plano Real, a receita adotada pela equipe do então ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso (FHC), para fortalecer a moeda era desindexar a economia e segurar a o câmbio lá em cima, próximo ao dólar. A diferença crucial, na opinião do professor, é que o Plano Real conseguiu desindexar a economia ao mesmo tempo em que houve o controle de preços.
Ferrari esclarece que a estratégia foi implementada em três fases. Começou a ser articulada em 1993, quando foi criado um ajuste fiscal emergencial do fundo social emergente. Nesse primeiro momento, se tentou, num curto prazo, racionalizar os gastos. O objetivo era tentar evitar o desequilíbrio das contas públicas.
Em 1994, foi idealizada a Unidade Real de Valor (URV) como uma ferramenta para transferir os indexadores de reajuste. “Ao propor que todos os contratos migrassem para a URV, o que o governo otimizava é que tivessem o mesmo índice e o mesmo período de ajuste. A ideia era indexar a economia a partir da indexação geral da economia”, ressalta.
Em 1º de julho, finalmente ocorre a reforma monetária e é lançada a nova moeda para alicerçar os preços e congelar o câmbio. O Real foi valorizado e, em um primeiro momento, chegou a se equiparar ao dólar. O método surtiu efeito e o inimigo caiu significativamente. De um dinâmica de 85% ao mês com tendência de aumento, a inflação passou a uma média mensal nessas últimas duas décadas de 0,64% até maio deste ano. “Em termos de controle inflacionário, o plano foi bem sucedido. Eliminou uma crônica e persistente inflação”, descreve. Contudo, pondera: “Ainda é baixa, mas não é uma maravilha. O Plano Real não conseguiu articular uma dinâmica de crescimento e equilíbrio fiscal. O crescimento ao longo do período foi de 3% ao ano, o que é muito pouco significativo”, diz.
Você sabia?
O Brasil já teve nove moedas desde a sua independência. No início da colonização do país, era usado o Réis. Na década de 1940, foi criado o Cruzeiro, que era o equivalente a mil réis. Depois foi a vez do Cruzeiro Novo em 1967, seguido da volta do Cruzeiro. Anos mais tarde, já na década de 1980, veio o Cruzado. Depois, o país implementou o Cruzado Novo, o Cruzeiro outra vez na década de 1990 e o Cruzeiro Real, antes do Real se fixar no Brasil.
Fonte: Karina Reif / Correio do Povo
A hiperinflação, que ao ano alcançou 1.607% no período que antecedeu o plano, foi um vilão iniciado em no início dos anos 1980. Naquela década, o aumento da taxa de juros internacional levou a uma explosão da dívida externa, já que ela estava em dólar. Isso fez com que o Brasil precisasse adotar políticas para arrecadar divisas internacionais, como controle sobre importações e maxi-desvalorizações da taxa de câmbio. O governo conseguiu sair de situação mais crítica em relação à dívida externa, mas passou a conviver com uma inflação descomunal e, no início do governo Itamar Franco, a situação havia chegado no limite. Antes dele, foram lançados cinco planos monetários. Todos fracassados.
Os outros planos monetários criados no governo Sarney e Collor se concentravam fundamentalmente no congelamento de preços. “Achavam que o controle era suficiente. Também não implementaram o conjunto de medidas para identificar quais eram as causas da inflação”, observa o doutor em Economia, professor do Departamento de Economia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), Fernando Ferrari Filho.
No Plano Real, a receita adotada pela equipe do então ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso (FHC), para fortalecer a moeda era desindexar a economia e segurar a o câmbio lá em cima, próximo ao dólar. A diferença crucial, na opinião do professor, é que o Plano Real conseguiu desindexar a economia ao mesmo tempo em que houve o controle de preços.
Ferrari esclarece que a estratégia foi implementada em três fases. Começou a ser articulada em 1993, quando foi criado um ajuste fiscal emergencial do fundo social emergente. Nesse primeiro momento, se tentou, num curto prazo, racionalizar os gastos. O objetivo era tentar evitar o desequilíbrio das contas públicas.
Em 1994, foi idealizada a Unidade Real de Valor (URV) como uma ferramenta para transferir os indexadores de reajuste. “Ao propor que todos os contratos migrassem para a URV, o que o governo otimizava é que tivessem o mesmo índice e o mesmo período de ajuste. A ideia era indexar a economia a partir da indexação geral da economia”, ressalta.
Em 1º de julho, finalmente ocorre a reforma monetária e é lançada a nova moeda para alicerçar os preços e congelar o câmbio. O Real foi valorizado e, em um primeiro momento, chegou a se equiparar ao dólar. O método surtiu efeito e o inimigo caiu significativamente. De um dinâmica de 85% ao mês com tendência de aumento, a inflação passou a uma média mensal nessas últimas duas décadas de 0,64% até maio deste ano. “Em termos de controle inflacionário, o plano foi bem sucedido. Eliminou uma crônica e persistente inflação”, descreve. Contudo, pondera: “Ainda é baixa, mas não é uma maravilha. O Plano Real não conseguiu articular uma dinâmica de crescimento e equilíbrio fiscal. O crescimento ao longo do período foi de 3% ao ano, o que é muito pouco significativo”, diz.
Você sabia?
O Brasil já teve nove moedas desde a sua independência. No início da colonização do país, era usado o Réis. Na década de 1940, foi criado o Cruzeiro, que era o equivalente a mil réis. Depois foi a vez do Cruzeiro Novo em 1967, seguido da volta do Cruzeiro. Anos mais tarde, já na década de 1980, veio o Cruzado. Depois, o país implementou o Cruzado Novo, o Cruzeiro outra vez na década de 1990 e o Cruzeiro Real, antes do Real se fixar no Brasil.
Fonte: Karina Reif / Correio do Povo
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