sábado, 21 de dezembro de 2013

Confira dicas para aproveitar o verão com tranquilidade

Duas tragédias com crianças alertam para importância do comportamento adequado de banhistas

Confira dicas para aproveitar o verão com tranquilidade Harleyson Almeida/Especial
Precauções garantem um veraneio tranquiloFoto: Harleyson Almeida / Especial

Duas tragédias, na última semana, alertam para a necessidade de cuidados com a diversão na água neste verão. Enquanto brincava em um açude, em Marau, um menino de dois anos e três meses acabou afogado. Socorrido por familiares, não resistiu. Em Rosário do Sul, irmãs gêmeas de 12 anos perderam a vida no Rio Santa Maria.


Os casos ilustram o perigo existente em banhos no mar e nas chamadas águas interiores — riachos, açudes, rios, lagos, lagoas e córregos. Uma situação agravada pela combinação férias e calor, convidativa para momentos de lazer na água. Entre 1º de janeiro e 16 de dezembro, os bombeiros do Estado registraram 118 mortes (duas no mar e o restante em águas interiores) e 1.910 salvamentos (115 nas águas interiores, as demais no Litoral). Neste universo, três pessoas perderam a vida durante o veraneio — uma a menos do que em 2012, quando o índice de salvamentos foi 47,38% inferior.

Segundo o comandante Regional do Corpo de Bombeiros do Litoral Norte, tenente-coronel Luiz Ernesto Duarte, 1.090 profissionais vão trabalhar na vigilância aos banhistas no Estado, entre hoje e 9 de março. Com boia, cinto e cabo de salvamento, ocuparão as guaritas das 9h às 19h, diariamente.

Para Duarte, é fundamental que os veranistas procurem ocupar locais com salva-vidas:

— Isso é tanto no mar quanto em águas interiores. É importante que a pessoa na praia converse com o salva-vidas, verificando pontos críticos. Nosso mar é muito perigoso.

Especializado em praias e geologia marinha, o oceanógrafo Lauro Julio Calliari atenta para a necessidade de atenção no mar. Principalmente com as correntes de retorno, que carregam o banhista para longe da praia. A orientação é jamais nadar contra a corrente e tentar se livrar dela com nado paralelo à praia.

— Isto (corrente de retorno) acontece muito no Litoral Norte. Também há no Litoral Sul, mas com frequência menor — explica.

Calliari e o tenente-coronel Duarte pedem para que os veranistas sejam responsáveis, evitando entrar na água após a ingestão de álcool e jamais deixando crianças e adolescentes desacompanhados. Também é importante observar a velha máxima (mas ainda válida) do "água no umbigo, sinal de perigo" e procurar conhecer o lugar.

POR QUE O MAR É PERIGOSO?

Energia das ondas
A regra é: quanto mais alta, mais forte a onda. Ao ser atingido, o banhista pode perder o equilíbrio e acabar submerso.

Arrebentação
É o local no qual a onda se quebra. O tipo de arrebentação pode ser perigoso — como quando a onda quebra em forma de caixote e "cai" em cima da pessoa.

Correntes de retorno
Representam o maior perigo. Com largura de até 12 metros, formam-se em locais específicos, conforme a topografia da praia (que tem fundo irregular), e levam o banhista para longe da areia. Podem fazê-lo a uma velocidade de 7 km/h, superior à atingida por nadadores profissionais. No litoral gaúcho, as correntes de retorno são mais comuns nas praias do Norte. A orientação é nadar paralelo à praia, até sair da corrente, ou boiar até ela enfraquecer, após a arrebentação. Neste caso, nade na diagonal até a praia — nunca contra a corrente.

Canais paralelos
Podem dificultar o retorno do banhista à praia. Exemplo: ele vai até um banco de areia com água na altura do joelho e, na volta, encontra zonas mais profundas.

Repuxo
As ondas levam a água para a praia e, para compensar a subida, há uma corrente por baixo. O repuxo é mais perigoso em praias de inclinação acentuada, que não são tão comuns no Estado.

Saídas de rios e lagoas
Perto destes locais, forma-se uma corrente forte. Isto torna o banho muito perigoso.

Rochas submersas 
Se não forem vistas pelo banhista, podem causar ferimentos ou desequilíbrio.

POR QUE O RIO É PERIGOSO?
Os riscos se devem principalmente à força da correnteza e às presenças de zonas de topografia acidentada, com buracos. Também pode haver complicações com águas barrentas, que não permitem enxergar o que há dentro da água, e pedras e galhos de árvores. Há casos nos quais o banhista fica preso em galhos.

PRECAUÇÕES PARA O BANHO

Cuidados essenciais

— Na praia, fique atento à cor da bandeira: verde (mar tranquilo), amarelo (mar tranquilo, com repuxo fraco. Necessidade de cuidado) e vermelha (mar revolto, com ondas e repuxo. Recomendável evitar a entrada na água). As prefeituras devem sinalizar locais para pesca e surfe. Fique atento às placas.

— Procure locais com a presença de salva-vidas. Verifique pontos críticos e peça informações sobre ondas, repuxo e buracos. O repuxo pode impedi-lo de sair do mar.

— Em riachos, açudes, rios, lagos, lagoas e córregos, evite saltos e mergulhos, principalmente se a água for turva e impedir que se enxergue o fundo. Pode haver pedras e obstáculos, com risco de lesões. Informe-se sobre profundidade e correnteza.

— Não esqueça do básico: é fundamental saber nadar.

— Entre na água acompanhado: isso pode ser vital para o caso de um mal súbito ou outra situação de emergência. Haverá alguém para ajudar no socorro ou pedir ajuda.

— Não deixe crianças e adolescentes sem monitoramento. Eles podem menosprezar situações de perigo.

— Informe-se se a água é própria para banho. A Fepam divulga relatórios de balneabilidade.

— Se a criança usar boia, deve ter um adulto por perto. 

— Não nade à noite, devido à visibilidade prejudicada, e em locais de grande profundidade. 

— Afaste-se das redes de pesca.

— Evite o banho imediatamente após o consumo de bebidas alcoólicas ou refeições pesadas.

— Balneários devem ter salva-vidas. É preciso haver placas alertando sobre profundidade e situações de perigo.

Fonte: Carlos Guilherme Ferreira | ZERO HORA

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