quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Julgamento de gaúcha na Espanha termina sem sentença

Juízes devem emitir decisão sobre o futuro de Bruna Bayer Frasson em 15 dias

Julgamento de gaúcha na Espanha termina sem sentença Fernanda Zanuzzi/Especial
   Foto: Fernanda Zanuzzi / Especial

O julgamento de Bruna Bayer Frasson terminou por volta das 13h20min em Barcelona, na Espanha (9h20min em Brasília), sem uma conclusão definitiva. Os juízes que compõem o tribunal devem emitir a sentença nos próximos 15 dias.

— Estamos pendentes agora da sentença. Esperamos que não tarde mais de duas semanas — disse o advogado de defesa, Raúl Verdejo.

A sessão foi encerrada a portas fechadas, tendo sido permitida a entrada do pai de Bruna, Alexandre Bayer Frasson, na sala. O advogado da nutricionista pediu liberdade condicional até a divulgação da sentença, mas o tribunal não se manifestou.

A defesa de Bruna apresentou alternativas no caso da brasileira por considerar, entre outros fatores, que ela teria sido cúmplice e não autora do caso de tráfico de drogas. Bruna se manifestou na sessão desta quinta e afirmou que nunca soube da droga que carregava na mochila.

Já a acusação decidiu solicitar a pena reduzida, de seis anos e um dia de prisão e multa de 1,6 milhão de euros. O promotor Francisco Bañeres declarou sua intenção de "solucionar este caso da melhor maneira possível". Segundo ele, ao decidir seguir com o julgamento, Bruna não poderia, normalmente, receber este "prêmio".

Alexandre Bayer Frasson, pai de Bruna, acredita que nesta segunda parte do julgamento prevaleceu, novamente, a lógica da acusação, de presunção da culpa. 

— O comportamento dela não se encaixa com esta situação. O julgamento só levou em consideração o discurso padronizado das testemunhas (todos policiais), e não se explicou uma série de coisas — declarou Alexandre a ZH.

Para ele, uma falta grave em todo o processo foi desconsiderar completamente que a maioria dos acusados eram trabalhadores de um transatlântico. Para ele, Bruna é mais uma vítima desta realidade sobre a qual existe um profundo desconhecimento, tanto no Brasil como na Espanha. 

Alexandre entende que sua filha foi vítima de uma forma de violência de gênero, marcada pela submissão e confiança absoluta das mulheres em seus companheiros sentimentais. 

— Seu namorado, a pessoa com ela mantinha uma relação sentimental, era uma pessoa em quem ela confiava. Ele a utilizou.

O argumento também foi utilizado pela defesa de Bruna diante do tribunal. 

— Bruna foi utilizada, não enganada, por um veterano do barco que se aproveitou e abusou de sua confiança — destacou o advogado Verdejo. 

Confira as quatro alternativas:

— Absolvição;

— Liberdade provisória, independente da sentença. A defesa argumenta que não há motivos para prisão provisional, pois há acolhida garantida em uma família — amiga da família de Bruna — e que ela não representa perigo;

— Se condenada, que Bruna seja considerada cúmplice e não tratada como autora. A defesa diz que ela levava 7% da droga apreendida e teve participação acessória, periférica. A pena máxima é de três anos;

— Comutação da pena que falta com expulsão do país. 

A prisão

— Recém-formada em Nutrição pela Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), Bruna embarcou no cruzeiro turístico Costa Vitoria, da flotilha italiana Costa Crociere, para trabalhar como auxiliar de cozinha.

— Ao desembarcar em Barcelona para um dia de folga, Bruna foi detida por suposto envolvimento com tráfico de drogas. Na mochila, a gaúcha carregava três quilos de cocaína.

— Outras sete pessoas, incluindo o então namorado de Bruna, Harlei Postal, também foram presos ao desembarcar do navio, com um total de 44 quilos de droga na bagagem.

Julgamento

— O namorado de Bruna, seu colega no navio, afirmou no momento da prisão que colocou os três quilos de cocaína na mochila da jovem, que se declarou inocente, sem que ela soubesse de nada.

— A indicação de pena para a gaúcha é de 7 anos e 9 meses. Ela está presa desde 23 de março de 2012 — o tempo máximo de prisão preventiva na Espanha é de dois anos.

— Na primeira audiência do julgamento, Bruna foi a única dos oito acusados a rejeitar um acordo que reduziria sua pena (no caso dela, para seis anos e um dia, mais multa).

Fonte: Fernanda Zanuzzi, Especial | ZERO HORA
Atualizada em 12/09/2013 | 18h43

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