Segundo familiares de Glicéria da
Silva Ritter, 52 anos, bandidos colocavam voz de menina chorando ao telefone
para coagir a vítima
Professora estava hospedada em hotel no centro
de Santa Maria - Rogério Perobelli / Arquivo Pessoal
O primeiro destino da professora Glicéria da Silva Ritter, 52 anos, após
ser localizada, por volta do meio-dia desta quinta-feira, foi ir direto para
casa e abraçar as duas filhas, em Santa Maria.
A educadora estava desaparecida desde a tarde de quarta-feira. Ela
foi encontrada no quarto de um hotel na região central de Santa Maria. Segundo
Márcia Pereira da Silva, irmã da vítima, Glicéria está em estado de choque
devido à situação traumática pela qual passou.
— Aos poucos, com a companhia das filhas, duas jovens de 23 e 24 anos,
ela está se acalmando. Mas ainda está bastante abalada psicologicamente.
Tentamos até que algum médico particular atendesse ela em casa, porque ela não
quis sair, está com medo, não quer ver outras pessoas — conta a familiar.
A professora contou aos familiares que, nas mais de 18 horas em que
ficou em contato constante com os supostos sequestradores, acreditou que uma
das filhas estivesse realmente nas mãos dos bandidos.
— Ela disse que eles colocavam uma gravação com uma voz feminina
chorando — revela Márcia.
De acordo com outra irmã da professora, Márcia Pereira da Silva, o
sentimento da família está dividido entre alívio e indignação. Ainda em frente
ao hotel onde a vítima foi encontrada, a familiar desabafou:
— Ela estava dando aula porque ama ser professora, ama as filhas. Uma
pessoa honesta que sai do trabalho e cai em um golpe desses. É deplorável o
estado psicológico em que ela foi encontrada. E uma pessoa fazer isso por
maldade? — questiona Márcia.
Mesmo após o desfecho do caso, a apreensão causada pelo sumiço da irmã
ainda causa indignação à família.
— Na manhã de hoje (quarta-feira), ela ligou e o tempo inteiro só pedia
que fizéssemos tudo o que eles (sequestradores) estavam mandando. Ela estava
apavorada e transtornada. Não respondia nossas perguntas e desligava o
telefone. Nisso, outra pessoa telefona pedindo R$ 60 mil. Obviamente ficamos
muito apreensivos, mas graças a Deus deu tudo certo. Agora, fica a indignação —
finaliza Márcia.
Fonte: DIÁRIO DE SANTA
MARIA
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