quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Jovens depositam flores e cartazes em terreno onde papeleiro foi queimado, em Caxias do Sul

Carlos Miguel dos Santos era chamado de "vizinho" pelos adolescentes do Centro de Formação Profissional para a Cidadania
Jovens depositam flores e cartazes em terreno onde papeleiro foi queimado, em Caxias do Sul Juan Barbosa/
Flores foram penduradas em árvore chamuscada pelo fogoFoto: Juan Barbosa

     Flores cuidadosamente penduradas nos galhos de uma árvore chamuscada pelo fogo que vitimou o papeleiro Carlos Miguel dos Santos, 45 anos, na última sexta-feira, foi parte da homenagem prestada por 24 adolescentes do Centro de Formação Profissional para a Cidadania de Caxias do Sul.

     Algumas pessoas acompanharam de longe, no final da tarde desta quarta-feira, o gesto dos jovens que cruzaram a Rua Moreira César, no bairro Pio X, onde fica localizado o Centro, e se dirigiram até o terreno, antes ocupado por Silva. 

     Diferente dos quatro menores que atearam fogo no morador de rua, os alunos do Centro tinham um relacionamento cordial com Santos, a quem se referiam como "vizinho" e "tio da carrocinha".

     — Muitas pessoas chamam ele de mendigo, mas ele não era qualquer pessoa. Ele era papeleiro e trabalhava diariamente, puxando a carroça. Ele fazia questão de nos cumprimentar sempre que nos encontrávamos. Era muito brincalhão. Adorávamos a companhia dele e tratávamos como um amigo — diz uma estudante de 16 anos. 

     Após o grupo entoar a oração do Pai Nosso, uma jovem homenageou o papeleiro ao cantar a música gospel "Eu não preciso mais sonhar". Os jovens expressaram em cartazes a indignação pelo ato de brutalidade. As flores penduradas na árvore eram de plástico. Não por serem baratas, mas por perdurarem além das naturais. 

     — Queremos representar com essas flores o luto, paz e amor eternos. Não podemos deixar passar em branco, caso contrário, situações como esta irão se repetir — alerta uma aluna do 1º ano. 

     Os jovens que prestaram a homenagem têm entre 14 e 17 anos. Eles fazem o curso de Costura Industrial em turno contrário ao da escola. São meninos e meninas advindos da periferia da cidade e com situações econômicas e sociais semelhantes ao do quarteto que confessou o crime, no início desta semana. Porém, esses adolescentes do Centro estão decididos e motivados a seguir outro caminho, o da cidadania.

  
Câmeras de segurança registram socorro à vítima
Fonte: Róger Ruffato / PIONEIRO.COM

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