Rosicleia Campos chora bastante ao avaliar desempenho nas Olimpíadas e mostra mágoa com comentários negativos na web: 'Dá vontade de matar'
Rosicleia Campos se emociona em entrevista coletiva do judô
(Foto: Rodrigo Faber/Globoesporte.com)
A treinadora da equipe feminina de judô do Brasil, Rosicleia Campos, não segurou a emoção na primeira entrevista após a chegada ao país, na manhã deste domingo, em São Paulo. Muito irritada com as críticas que alguns atletas da delegação sofreram, principalmente através de redes sociais, a profissional disparou contra os julgamentos feitos durante a disputa dos Jogos e chorou.
– O povo brasileiro é ignorante, no sentido de ignorar o esporte. Só temos Olimpíadas de quatro em quatro anos, e só sabe o que é quem está lá. Só sabe onde o calo aperta quem veste o sapato. Quero ver ir para a Rússia, ficar uma semana lá comendo mal e treinando. Quando a gente volta e lê as críticas, dá vontade de matar – desabafou a treinadora.
Comandante da equipe feminina de judô desde 2005, Rosicleia participou de duas edições de Jogos Olímpicos como atleta: Barcelona, em 1992, e Atlanta, em 1996. Vivenciando as dificuldades atravessadas pela modalidade há muito tempo, a técnica disse ter se frustrado principalmente pelo fato de os críticos não terem nenhum tipo de experiência no assunto.
– A gente vive o esporte, doa a vida pelo esporte. Demos a nossa vida pelo judô. Quando você vê o Leandro Guilheiro perdendo, a Rafaela (Silva)... Eles são heróis. É muito triste para a gente, que está do lado de cá, ler depoimentos de brasileiros que não sabem o que estão falando – completou.
Rafaela Silva, judoca da categoria leve, foi desclassificada por golpe ilegal ao enfrentar a húngara Hedvig Karakas, que avançou às quartas de final. Criticada nas redes sociais, a atleta respondeu com xingamentos a um usuário do Twitter. De acordo com Rosicleia, Rafaela teria sido chamada de “macaca” pelo indivíduo.
Conhecida pelo seu estilo bastante participativo ao longo das lutas, a treinadora ganhou o apoio de duas medalhistas. Tanto a peso-meio-pesado Mayra Aguiar, que levou bronze em Londres, quanto Sarah Menezes, ouro na categoria ligeiro, elogiaram a postura de Rosicleia e deram razão a ela nas críticas aos espectadores que reclamaram do desempenho olímpico brasileiro. Ambas lembraram a importância da treinadora para as conquistas.
– A participação dela é excelente. Melhora sua autoestima. Se você está nervoso, ela consegue controlar. Ela consegue levar além e frear quando tem de frear. Está sempre ali nas horas boas e ruins – assegurou Sarah.
Mayra completou os elogios:
– É uma mãezona, né? Uma palavra dela pode mudar uma luta. O papel dela ali fora pesa muito. Eu sei que, independentemente do que acontecer, eu tenho o apoio dela e estou segura. É uma pessoa ótima, uma técnica ótima e estou feliz por compartilhar esse momento com ela.
Fonte: Rodrigo Faber, São Paulo / GLOBO ESPORTE.COM
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