As previsões indicam que choverá neste final de semana em Santa Rosa. E terá que chover muito, pelo menos 100 milímetros para alterar o grave cenário criado pela longa estiagem. Abaixo de 100 mm de chuva ajuda, mas não resolve. O déficit hídrico acumulado de janeiro para cá é de 420 mm, segundo estimativa apresentada pela Cotrirosa.
Pequenas chuvas de 20 ou 30 mm que caem esporadicamente no município mantêm a vegetação verde, dando a impressão que a situação não é tão grave. Porém, em poucas vezes na história, os níveis dos rios caíram tanto.
O atraso no plantio do trigo é um problema que preocupa os agricultores e a área técnica, mas não é o mais grave de todos. O que preocupa mesmo é o estado das pastagens.
“Nós acabamos com as pastagens de verão, mas as de inverno não estão se desenvolvendo. O gado comeu as primeiras brotadas e a falta de chuva não está permitindo o rebroto”, explica Jairton Dezordi, engenheiro agrônomo da Cotrirosa. A falta de pasto e de reserva de alimentos (silagens) já reflete na queda da produtividade do leite, que chega a 30% em algumas regiões.
Começa a faltar água em localidades do interior para o consumo animal. A Prefeitura mantém máquinas concentradas na limpeza e abertura de bebedouros, na tentativa de contornar a situação. “A situação é bastante complicada em alguns casos, onde a fonte de água secou”, lamenta Atanagildo Rorato, secretário municipal de Agropecuária.
O fornecimento de água potável para 2,3 mil famílias do interior do município está garantido através de uma estrutura de 40 poços artesianos, mas já existem ações pontuais de socorro. Na Linha 13 de Maio, por exemplo, o poço artesiano não suportou a estiagem prolongada. As famílias tiveram que ser socorrida com água transportada, enquanto outro poço era perfurado. “O problema se agrava nas localidades onde já está sendo utilizada água de torneiras para atender a sede de vacas leiteiras”, alerta Atanagildo.
A falta de chuva também afeta a produção de hortigranjeiros. Segundo Fábio Scalco, da Emater, em muitos casos o produtor está regando apenas uma vez por dia os canteiros, quando antes regava até quatro vezes. “Eles estão racionalizando o consumo de água para não correr o risco de ficar sem nada”, explicou.
A situação poderá se tornar insustentável, caso não chover nos próximos 10 dias. No verão intenso de janeiro e fevereiro ainda havia reserva de água no solo. “Porém, a estiagem se estendeu com a diferença de que atualmente não chove e as reservas acabaram”, alertou Atanagildo Rorato.
Diante de um quadro altamente preocupante, pelo menos uma boa notícia: “Santa Rosa não corre nenhum risco de racionamento de água”, assegura Milton Kuhn, gerente da Corsan. Pede, no entanto, que a população consuma água de forma coerente.
Fonte: Jornal Noroeste
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