domingo, 5 de abril de 2015

Mais de 2,5 mil jovens sumiram no Estado em 2014

Em Porto Alegre foram 724 desaparecidos

Salete e adroaldo se dizem angustiados, querendo saber se o filho, Daniel, está bem o que está fazendo | Foto: Samuel Maciel
   Salete e Adroaldo se dizem angustiados, querendo saber se o filho, Daniel, está bem o que está fazendo
   Foto: Samuel Maciel

O sumiço de Daniel Santos, 14 anos, ocorreu próximo do Mercado Público da Capital. A mãe do jovem, Salete de Fátima dos Santos, 46, veio de Alvorada para Porto Alegre com o jovem para comprar material escolar em 14 de fevereiro deste ano. “Tinha acabado de receber o Bolsa Família e fomos às compras”, lembra.

Depois de saírem de uma loja, na rua Voluntários da Pátria, mãe e filho se dirigiram para o terminal de ônibus Parobé. Foi a última vez que se viram. “Fiquei esperando mais de uma hora no terminal”, lembra Salete. “Chegou um momento que pedi para um desconhecido entrar no banheiro e ver se ele (filho) não estava ali. Nada”, recorda. Salete permaneceu mais algumas horas no local. Acreditando ter ocorrido um desencontro entre eles, voltou para casa. 

Na residência humilde da família, no bairro Jardim Porto Alegre, só encontrou desolação. Ela conta que ficou até as 3h esperando o retorno do filho. No dia seguinte, a família voltou para a Capital em busca do adolescente. “Eu revirei o Centro”, afirma. “Fomos em hospitais, abrigos, funerárias e até em necrotérios, mas nada dele”, conta Salete, que registrou a ocorrência um dia depois do sumiço. 

O drama de Salete é compartilhado por várias famílias gaúchas. Segundo relatório da Polícia Civil, 2.639 crianças e adolescentes sumiram no Estado em 2014 — 724 em Porto Alegre. No entanto, a Polícia ressalta que o número não é exato. Muitos jovens reaparecem após alguns dias, e a família não informa a nova situação às autoridades.

A mãe de Daniel espera que o retorno do filho ocorra o mais breve possível. Ela afirma não ter motivos para acreditar que o menino tenha fugido de casa. “Ele é um excelente rapaz. Estuda bastante, não usa drogas ou se envolve em confusão.” Com a divulgação nas redes sociais de casos de roubo de crianças e adolescentes em Alvorada — que não foram confirmados pelas autoridades —, a mãe passou a acreditar que o filho tenha tido o mesmo destino, o que é negado pela delegada Andréa Magno, do Departamento Estadual da Criança e do Adolescente (Deca), de Porto Alegre. Andréa investiga o caso. “Até o momento não se tem notícia confirmada de roubo de crianças em Alvorada”, garante a delegada. 

Hygino Vasconcellos
Correio do Povo

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