terça-feira, 4 de abril de 2017

São Petersburgo amanhece de luto após ataque ao metrô

Balanço do atentado na segunda maior cidade russa subiu a 14 mortos

Homenagens após ataque a metrô na Rússia | Foto: Yuri Kadobnov / AFP
   Homenagens após ataque a metrô na Rússia | Foto: Yuri Kadobnov / AFP

São Petersburgo amanheceu de luto nesta terça-feira, com as bandeiras a meio pau, um dia após o ataque ao metrô. Segundo a ministra da Saúde da Rússia, Veronika Skvortsova, o balanço do atentado subiu a 14 mortos. Onze pessoas morreram no local do ataque e três quando eram transportadas de ambulância ou em um hospital da cidade, a segunda maior da Rússia.

O presidente russo, Vladimir Putin, depositou durante a noite um ramo de flores na entrada da estação do Instituto Tecnológico, após participar de uma reunião com representantes dos Serviços de Socorro e do Ministério do Interior. "O presidente ouviu os relatórios dos serviços especiais", disse seu porta-voz, Dmitri Peskov, às agências russas. O porta-voz acrescentou que o drama apresenta "todos os sinais de um atentado". 

O Comitê de Investigação da Rússia informou nesta terça-feira em um comunicado que um homem-bomba cometeu o ataque. Os investigadores do Comitê, do Serviço Secreto e do ministério do Interior "estabeleceram que a bomba artesanal pode ter sido ativada por um homem cujos restos mortais foram encontrados no terceiro vagão do trem", indica o comunicado. A nota afirma que a identidade do suspeito foi determinada, mas permanecerá em sigilo pelo interesse da investigação.

O Quirguistão, por sua vez, afirmou que um cidadão do país é o autor do atentado de São Petersburgo. "O homem-bomba no metrô de São Petersburgo era o cidadão quirguiz Akbarjon Djalilov (...), nascido em 1995", declarou o porta-voz do serviço de segurança do Quirguistão, Rajat Saulaimanov. "É provável que tenha adquirido nacionalidade russa", completou. De acordo com o Serviço de Segurança da Rússia (FBS), uma explosão acontece às 14h40min (8h40 de Brasília) de segunda-feira em um vagão de uma composição do metrô entre duas estações de uma linha muito movimentada, que passa pelo centro de São Petersburgo, o Instituto Tecnológico e a Praça Sennaya.

O atentado, que não foi reivindicado até o momento, aconteceu depois que o grupo extremista Estado Islâmico (EI) fez uma convocação de ataques contra a Rússia por seu apoio às forças de Bashar al-Assad na Síria desde setembro de 2015. Ao menos 7.000 cidadãos da ex-União Soviética, entre eles 2.900 russos, se uniram a grupos jihadistas no Iraque e na Síria, especialmente ao EI, de acordo com o FSB.

A Rússia não havia sido atingida tão duramente desde a explosão, em pleno voo, de um avião que fazia a rota entre Egito e Rússia com 224 pessoas a bordo em 31 de outubro de 2015, ataque reivindicado pelo grupo EI. Desde então, as instáveis repúblicas russas do Cáucaso foram cenário de vários ataques e os Serviços de Segurança russos anunciaram em diversas ocasiões ter desmantelado células extremistas dispostas a cometer atentados em Moscou e em São Petersburgo.

"A explosão aconteceu entre duas estações, mas o maquinista tomou a boa decisão de continuar o caminho até a estação, o que permitiu a ação rápida de evacuação e do socorro às vítimas", declarou em um comunicado uma representante do Comitê de Investigação, Svetlana Petrenko. "Já não estava dentro, mas vi as pessoas saindo, estavam como surdos, muitos seguravam a cabeça. Os socorristas os atenderam muito rapidamente", contou à AFP Galina Stepanova.

Reações internacionais

As autoridades anunciaram ter reforçado as medidas de segurança no metrô de Moscou e nos aeroportos. Depois de várias horas de fechamento completo, a rede metropolitana de São Petersburgo voltou a funcionar parcialmente durante a noite. Foram decretados três dias de luto pela antiga capital imperial. "Nossos pensamentos estão dirigidos ao povo russo", escreveu a chefe da Diplomacia da União Europeia, Federica Mogherini, no Twitter.

O presidente francês, François Hollande, expressou "sua solidariedade com o povo russo" e a chanceler alemã, Angela Merkel, manifestou seu "horror" diante deste "ato bárbaro". O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, conversou por telefone com Putin para prometer "apoio total" às ações que Moscou adotará após o ataque ao metrô. "O presidente Trump e o presidente Putin concordaram em que o terrorismo deve ser derrotado rápida e decididamente", revelou a Casa Branca. "Trump ofereceu o apoio total do governo dos Estados Unidos na resposta ao ataque e para levar os responsáveis à Justiça".

O presidente americano já havia qualificado o ataque de "terrível". "Isto que acontece em todo o mundo é uma coisa absolutamente terrível". A Rússia se viu afetada em várias ocasiões por atentados em seus transportes públicos. Em 2013, dois atentados suicidas em Volgogrado deixaram 34 mortos, algumas semanas antes dos Jogos Olímpicos de Sochi.


AFP
Correio do Povo

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