Cantor estava internado e enfrentava um câncer
Morre Jerry Adriani, aos 70 anos, o mais
roqueiro da Jovem Guarda | Foto: Jerry Adriani / Divulgação / CP
Jerry
Adriani, o nome roqueiro da Jovem Guarda, morreu às no início da tarde deste
domingo, às 15h30min, no Rio de Janeiro. Ele tinha 70 anos e enfrentava um
câncer.
Internado
no Hospital Vitória, na Barra da Tijuca, no Rio, ele voltou à unidade de
tratamento intensivo neste fim de semana. Ainda não há informações sobre
horário e local do velório e do enterro.
O sangue
rock and roll de Jerry Adriani possuía um comprometimento maior com a gênese do
estilo do que algumas de suas próprias canções demonstraram. Reconhecê lo por
apenas Doce Doce Amor ou Tarde Demais é conhecê-lo pela metade, reduzir sua
importância.
Jerry não
sofria por fazer o jogo do mercado. Era bonito, tinha charme e tinha voz. Uma
tríade que nem Roberto, Erasmo ou Wanderléa conseguiam reunir individualmente.
E lá se foi o garoto nascido no Brás, com uma banda de rock no currículo
chamada Os Rebeldes, se meter a cantar como galã italiano. Italianíssimo, o
disco, fez sua estreia em 1964, ajudando a regar a terra para nascer a Jovem
Guarda.
O ano em
que a juventude brasileira foi descoberta, 1965, foi também o que confirmou
Jerry como um quadro viável no novo mundo da música pop. Gravado agora em
português, Um Grande Amor faria sua estreia como ídolo de massa, preparando- o
ainda mais para 1967, quando sairia um de seus discos mais vitoriosos, Vivendo
Sem Você.
Jerry
Alves de Sousa foi o homem que descobriu Raul Seixas na Bahia, selando seu faro
e sua determinação. Raul era Raulzito, que fazia bailes grã finos de Salvador
com seu grupo, Os Panteras, quando Jerry passou com seu show pela cidade. Ao
saber de Raul (uma das versões diz que Raul não estava nesse dia com o grupo,
que só viria a ser conhecido por Jerry depois), o cantor encafifou-se com a
ideia de que aquele baiano deveria não só ir para o Rio de Janeiro como também
se tornar produtor de seus discos. Saiu-se cheio de argumentos pra cima do
poderoso Evandro Ribeiro, da gravadora CBS, e o convenceu: de 1969 a 1971, os
discos de Jerry seriam produzidos por Raul, e com muitas músicas de sua
autoria.
Jerry se
foi no ano em que passaria todas as suas histórias a limpo. Ajudado pelo amigo,
o pesquisador Marcelo Fróes, ele previa uma biografia de muitos causos e o
lançamento de um disco cantando músicas de Raul. Estava feliz, dava entrevistas
vibrantes e abria o coração para falar do passado. Sua obra precisa passar por
uma reavaliação justa e necessária
ESTADÃO conteúdo
Correio
do Povo
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