Medida é uma resposta ao ataque químico contra civis no país
Estados Unidos lançam dezenas de mísseis em
direção à Síria | Foto: Jaret Morris / US Navy / AFP
O
presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, autorizou o lançamento de ao menos
70 mísseis nesta quinta-feira contra alvos na Síria, em resposta ao ataque com
armas químicas atribuído ao regime do presidente Bashar al Assad. Uma fonte do
Pentágono informou que 70 mísseis de cruzeiro Tomahawk foram disparados contra
a base aérea de Shayrat, de onde segundo Washington partiu o ataque químico,
que deixou 86 mortos, incluindo várias crianças.
Mais
cedo, a Rússia advertiu os Estados Unidos que poderia ter "consequências
negativas" se lançar uma ação militar contra a Síria, após uma reunião do
Conselho de Segurança da ONU. "Se houver uma ação militar, toda a
responsabilidade recairá sobre os que tiverem iniciado uma empreitada tão
trágica e duvidosa", declarou o embaixador russo na ONU, Vladimir
Safronkov, na saída da reunião.
Os
Estados Unidos já haviam ameaçado a Síria nesta quinta com uma resposta militar
após o suposto ataque químico que deixou ao menos 86 mortos e provocou
indignação na comunidade internacional. "O que (presidente sírio
Bashar) Assad fez é terrível", disse o presidente dos EUA, Donald Trump.
"O que aconteceu na Síria é uma vergonha para a humanidade e está no
poder, então penso que qualquer coisa pode acontecer".
O
secretário de Estado americano, Rex Tillerson, prometeu "uma resposta
apropriada às violações de todas as resoluções prévias da ONU e das normas
internacionais". "O papel de Assad no futuro é incerto com os atos
que cometeu. Parece que não deve desempenhar qualquer papel para governar o
povo sírio", declarou Tillerson ao receber na Flórida o presidente chinês,
Xi Jinping.
Um
funcionário americano revelou que o Pentágono apresentava à Casa Branca uma
série de possíveis ações militares que os Estados Unidos poderiam adotar em
resposta ao suposto ataque químico na Síria. O funcionário, que pediu para ter
sua identidade preservada, disse que algumas propostas incluem ataques à Força
Aérea síria em terra.
O chefe
do Pentágono, Jim Mattis, apresentava as alternativas a Trump e ao seu gabinete
a pedido da Casa Branca, acrescentou a fonte, enfatizando que por enquanto não
foram tomadas decisões. Mattis comunicou-se constantemente com o conselheiro de
Segurança Nacional do presidente, H.R. McMaster. Simultaneamente, navios de
guerra americanos armados com mísseis de cruzeiro Tomahawk cruzavam o
Mediterrâneo oriental, precisou um responsável da Defesa. Trump advertiu na
quarta-feira que o regime de Bashar al Assad tinha cruzado os limites com o
suposto ataque químico que deixou 86 mortos - incluindo vinte crianças -, e o
qualificou de "afronta à humanidade".
Até agora
o Pentágono propôs uma série de ações militares na Síria, enquanto as forças
americanas bombardearam o grupo Estado Islâmico no norte do país desde 2014. No
entanto, uma reviravolta que ponha no alvo o governo de Assad seria uma mudança
fundamental na guerra da Síria desde que teve início em 2011. Há apenas uma
semana, a diplomata americana na ONU, Nikki Haley, declarou que a saída de
Assad do poder não estava entre as "prioridades" de Washington.
Consequências
imprevisíveis
A Rússia
apoia Assad desde o fim de 2015, razão pela qual qualquer ação militar para
atacar no terreno sua força aérea poderia também afetar os sistemas de defesa
aéreos russos e seu pessoal militar. Diante deste cenário, a Rússia enviou mais
assessores militares à Síria. O papel de Moscou na votação do Conselho de
Segurança da proposta de Grã-Bretanha, França e Estados Unidos exigindo uma
investigação completa do caso pode ser chave. A Rússia já antecipou que rejeita
o projeto, que qualificou de "inaceitável".
Moscou
apresentou uma contraproposta de declaração, que não menciona qualquer pressão
sobre o governo sírio para que colabore com a investigação. O presidente russo,
Vladimir Putin, pediu à comunidade internacional que não julgue o que ocorreu
antes de uma completa investigação. Putin considerou "inaceitável"
fazer "acusações não fundamentadas contra qualquer um antes de uma
investigação internacional imparcial e minuciosa" do que chamou de
"incidente com armas químicas".
Durante o
dia, especialistas turcos disseram que as vítimas do ataque foram expostas ao
gás sarin. O chanceler sírio, Walid Muallem, voltou a negar a participação de
seu governo em ataque com arma química. "O Exército sírio não utilizou,
não utiliza e não utilizará este tipo de arma, e não apenas contra seu próprio
povo, mas também contra os terroristas que atacam nossos civis com seus
morteiros".
Correio do Povo e AFP
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