Chega a pelo menos 16 o número de suicídios este
ano na Região Celeiro. Foto: Ilustração
Um
jovem morreu tragicamente na noite de domingo, 13, na cidade de Tiradentes do
Sul. Valdoir Mart, de 26 anos, foi encontrado
em óbito, por volta das 20h, emsua residência.
O corpo do jovem passou por
necropsia na manhã de segunda-feira, 14, no Posto do IML de Três Passos. O sepultamento aconteceu à tarde no
cemitério municipal de Tiradentes do Sul.
O
caso chama a atenção para o elevado número de suicídios que, só neste ano,
chega a pelo menos 16, na Região Celeiro. Em Três Passos já são 4 casos,
2 em Bom Progresso, 2 em Campo Novo, 1 em Crissiumal, 1 em Chiapettta, 1 em
Humaitá, 1 em Sede Nova, 2 em Tenente Portela e 2
em Tiradentes do Sul.
Três Passos em 2º lugar no Brasil
De
acordo com o Mapa da Violência, até o ano de 2015, o RS liderava o ranking
nacional de suicídios. O Estado ainda tinha 11 das 20 cidades brasileiras que
mais tiveram casos. Três Passos (2º), Três de Maio (5º), Nova Prata (6º), Santa
Cruz do Sul (11º), Tupanciretã (11º), Santiago (12º), Canguçu (13º), Lajeado
(14º), Venâncio Aires (15º), Encruzilhada do Sul
(18º) e Osório (19º).
Os
municípios com maior incidência de suicídio no estado são de colonização alemã.
Porém, para o coordenador do departamento de psiquiatria no Estado, Marco
Antonio Caldieraro, isso não é o determinante. Para a Doutora em Ciências
Médicas, Rosa Maria Martins Almeida, da UFRGS, o tema deve ser tratado como um
problema de saúde pública e o governo deveria criar programas e campanhas de prevenção.
Um tabu para a imprensa
Apesar
dos dados alarmantes de suicídio no Brasil e no Rio Grande do Sul, o assunto é
pouco tratado pela imprensa com a justificativa de que a visibilidade do tema
pode influenciar quem está predisposto.
O
Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros ainda não aborda a questão do
suicídio diretamente. Conforme o documento, os profissionais da imprensa têm a
responsabilidade de preservar o direito à privacidade, a imagem e à honra das
fontes. Também é proibido divulgação de informações de caráter pessoal, mórbido e sensacionalista.
O
jornalista Carlos Etchichury foi o autor de uma série de reportagens sobre
suicídio no jornal Zero Hora, em 2008. Etchichury entende que ao não divulgar o
problema, o jornalismo está se omitindo da sua função: “ao não publicar
matérias sobre suicídio, o jornal deixa de abordar uma das três principais
causas de morte violenta no Estado—um assunto de alto interesse social. E não
abordando este assunto, o jornal não cobra do Estado (uma das atribuições da
imprensa é fiscalizar o Estado) políticas públicas capazes
de combater o suicídio”.
De
acordo com o jornalista, que defende mais publicações sobre o assunto, há
manuais da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Associação Brasileira de
Psiquiatria que auxiliam os profissionais da comunicação na divulgação do
suicídio. “Não sei se a publicação de reportagens teria, como consequência
imediata, a redução das ocorrências. Mas os veículos poderiam, por exemplo,
prestar um serviço público relevante para a população, orientando familiares e
amigos de suicidas ou pessoas que tentaram se matar e cobrando políticas públicas do Estado.
3º
lugar entre as mortes violentas no Estado
O
suicídio ocupa a 3ª colocação entre as mortes violentas no RS, ficando atrás
dos homicídios (1ª) e dos acidentes de trânsito (2ª), segundo o Datasus -
Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde.
Três
Passos News
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