domingo, 13 de novembro de 2016

Corpos de 4 dos 5 jovens mortos em chacina em SP são enterrados

Eles foram sepultados no cemitério da Vila Alpina, na Zona Leste. 
Em cerimônia coletiva, familiares fizeram orações e gritaram por justiça.

Corpos de quatro jovens mortos em chacina na Zona Leste são enterrados em SP (Foto: MARCO AMBROSIO/FRAMEPHOTO/ESTADÃO CONTEÚDO)
   Corpos de quatro jovens mortos em chacina na Zona Leste são enterrados em SP
   (Foto: MARCO AMBROSIO/FRAMEPHOTO/ESTADÃO CONTEÚDO)

Os corpos de quatros jovens mortos em uma chacina ocorrida na Grande São Paulo, em 21 de outubro, foram sepultados em uma cerimônia coletiva na tarde deste sábado (12), no Cemitério da Vila Alpina, na Zona Leste de São Paulo. Familiares e amigos fizeram orações e gritaram "Justiça".

O secretário de Segurança Pública de SP, Mágino Alves, confirmou a identidade da quinta vítima, Jones Ferreira Januário, 30 anos, nesta sexta-feira (11). O corpo dele será sepultado no Cemitério da Vila Formosa neste domingo (13).

Jonathan Moreira Ferreira, de 18 anos; César Augusto Gomes Silva, de 19; Caique Henrique Machado Silva, 18; Robson Fernando Donato de Paula, 16, que é cadeirante, e Januário desapareceram quando se dirigiam a uma festa em Ribeirão Pires, no ABC Paulista. Os corpos deles foram encontrados em 6 de novembro, numa área rural em Mogi das Cruzes, interior paulista. 

Investigação
Nesta sexta-feira (11), a diretora do Departamento Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), Elisabete Sato, afirmou que um guarda civil metropolitano de Santo André usou perfil falso nas redes sociais de uma "mulher bonita" e com "seios voluptuosos" para atrair os cinco jovens.

O guarda é Rodrigo Gonçalves Oliveira, que teve a prisão temporária decretada pela Justiça de Mogi das Cruzes. Segundo a polícia, ele confessou ter "armado uma cilada" para os rapazes.

Mais dois guardas civis de Santo André, no ABC, são investigados por suspeita de participação no desaparecimento e na chacina dos jovens. 

“Ainda é cedo para que a gente afirme que está totalmente desvendado o crime, mas outras pessoas já estão prestando depoimento visando a apuração de participação nesses múltiplos homicídios", disse nesta manhã o secretário da Segurança Pública (SSP) do estado de São Paulo, Mágino Alves Barbosa Filho, em entrevista coletiva sobre o caso.

De acordo com a investigação, o grupo saiu de carro da Zona Leste da capital em direção a uma suposta festa em Ribeirão Pires para encontrar as garotas que conheceram na rede social. O veículo foi localizado abandonado no dia 23 de outubro.

Robson foi morto a facadas – a cabeça dele teria sido cortada. Os outros quatro rapazes foram assassinados por disparos de armas calibres 38 e 12 – munições usadas por guardas civis.

Vingança
Segundo o DHPP, a chacina dos cinco rapazes ocorreu para vingar a morte do guarda civil Rodrigo Lopes Sabino, de 30 anos. Ele foi assassinado a tiros em Santo André no dia 24 de setembro. Seu carro acabou levado e queimado em seguida perto da região onde as vítimas moravam em São Paulo.

O caso de Rodrigo foi tratado inicialmente como latrocínio (roubo seguido de morte). Dois criminosos teriam participado do crime e fugido.

Dois dos cinco rapazes desaparecidos estavam sendo investigados pela Polícia Civil por suspeita de envolvimento na morte de Rodrigo: Cesar e Caíque. Apesar disso, o guarda que foi preso e mais outros dois agentes de Santo André decidiram fazer uma investigação paralela e ilegal por conta própria.

O guarda preso era amigo de Rodrigo e instrutor de tiros na Guarda Civil Municipal de Santo André. A Justiça em Mogi das Cruzes decretou a prisão temporária do guarda por 30 dias. Não há confirmação se ele constituiu advogado para defendê-lo.

Jonathan, Caíque, Jones, César, Robson e carro abandonado em São Paulo (Foto: Reprodução/Polícia Civil)
   Jonathan, Caíque, Jones, César, Robson e carro abandonado em São Paulo (Foto: Reprodução/Polícia Civil)

GCM Santo André
Procurada pelo G1 para comentar o assunto, a Guarda Civil Municipal de Santo André informou que acompanha o caso.
Veja abaixo a íntegra da nota:

"O Departamento da Guarda Civil Municipal de Santo André informa que está acompanhando o caso, bem como acionou a Corregedoria Geral da corporação para apuração e apoio ao DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa).

Todos os pedidos inerentes à investigação estão sendo atendidos e os esclarecimentos dos fatos estão a cargo do DHPP, portanto, a corporação manterá os critérios éticos e sigilosos a fim de não atrapalhar o andamento dos trabalhos.

A GCM andreense, instituição com 31 anos de serviços prestados à população, continua diuturnamente trabalhando e se esforçando pela qualidade de vida daqueles que nesta cidade vivem, trabalham ou transitam. Enfatizamos que a corporação da Guarda Civil Municipal repudia qualquer tipo de atitude que atente contra a liberdade, integridade e a vida."


PMs
Além de guardas civis, a investigação apura a suspeita de que policiais militares também poderiam estar envolvidos na chacina dos cinco jovens. Isso porque cartuchos de calibre .40 – munição adotada por PMs – também foram encontrados perto do local onde os cinco corpos estavam em Mogi das Cruzes.

A Corregedoria da PM apura o caso. O Tribunal de Justiça Militar chegou a decretar segredo na investigação.

Além disso, uma mensagem enviada por Jonathan para uma amiga às 23h do dia 21 de outubro dizia que estava passando por uma blitz policial. Ele relatou num áudio ter sofrido "enquadro" e "esculacho". O G1 teve acesso à gravação.

Outro indicativo é o fato de os corpos terem sido localizados a 3 km de distância de um sítio usado por PMs, onde também foram encontrados e apreendidas munições.

O secretário ressaltou, no entanto, que era prematuro falar em envolvimento da PM no caso. Agora a investigação aponta que ele "estava certo". "Indicação inicial apontava para um outro lado e hoje estamos assistindo uma outra realidade", falou Mágino.

Familiares dos mortos que relataram ter sido ameaçados por PMs podem ser incluídos no programa de proteção à testemunha, segundo o Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (Condepe).


Fonte: Do G1 São Paulo

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