A Polícia
Civil, através da Delegacia de Polícia de Catuípe (Região Policial de Ijuí),
deflagra hoje pela manhã a Operação Achaque visando combater os crimes de
concussão, falsidade ideológica e associação criminosa armada praticados por
policiais militares do Pelotão Ambiental de Santo Ângelo.
Ao tomar
conhecimento de fatos criminosos que estavam ocorrendo na cidade de Catuípe,
mais especificamente na zona rural, a Polícia Civil instaurou um Inquérito
Policial dando início às investigações criminais.
Foram
expedidos pela Comarca de Catuípe 02 mandados de prisão preventiva de
brigadianos e 06 mandados de busca e apreensão. Diligências estão sendo
realizadas nas residências de suspeitos e parentes e também no Pelotão
Ambiental da Brigada Militar.
O grupo
criminoso é composto por um sargento, um soldado e um funcionário público
municipal e vitimava, em regra, agricultores da nossa região.
Exemplificando
de um modo geral, os policiais militares se dirigiam a uma propriedade rural,
constatavam um determinado dano ambiental, superdimensionavam esse dano,
utilizando o nome do Ministério Público e afirmando que a infração acarretaria
prisão e uma multa altíssima. Exigiam vantagem indevida (propina) para emitir
autos de constatação ideologicamente falsos e minorar a extensão do dano
constatado, "livrando" o agricultor da pena de prisão e reduzindo
significativamente o valor da multa. O crime de concussão prevê pena de até 08
anos de reclusão. E o de falsidade ideológica de até 5 anos.
Os dois
brigadianos utilizavam o nome do Promotor de Justiça de Catuípe e do Poder
Judiciário para pressionar/coagir os agricultores a exaurir a concussão,
recebendo a quantia exigida. Em alguns momentos recebiam dinheiro vivo ou
cheques. Em outras constatações o pagamento era efetivado via depósito
bancário. Receberam também carne de gado e até porcos. Elementos de informação
apontaram que as vantagens indevidas eram apelidadas de "boleichon",
referindo-se a um termo coloquial conhecido no meio policial como
"bola" (que significa propina).
O líder
do grupo criminoso é o soldado. Ele quem emitia as ordens e articulava as
coordenadas. O sargento atuava como seu subordinado no esquema criminoso. E o
terceiro integrante, funcionário público municipal, utilizava sua conta
bancária para recebimento de depósitos, formando, assim, uma associação
criminosa armada, delito com pena de até 4,5 anos de reclusão.
Registro
que assim que instauramos o citado Inquérito Policial, fui conversar
pessoalmente com o Promotor de Justiça que atua junto à Comarca de Catuípe, a
fim de dar-lhe ciência dos fatos aqui relatados e informá-lo do início oficial
das investigações criminais pela Polícia Civil, pois confiamos plenamente na
pessoa e no trabalho desempenhado em Catuípe pelo referido Promotor. Os
policiais militares utilizaram o nome do Ministério Público no intuito de
pressionar vítimas e obter vantagens indevidas.
Desvios
de conduta existem em todas as esferas: pública e privada. Sempre vão existir
os bons e os maus profissionais. E no serviço público não poderia ser
diferente. Mas o mais importante é que existam meios/ferramentas para, de forma
imparcial e legal, combater e reprimir tais desvios. Uma dessas ferramentas é o
Inquérito Policial, instaurado pela Polícia Judiciária no caso em tela.
A Políca
Civil está tratando os agricultores como vítimas dessas "extorsões"
praticadas pelos policiais militares. O prazo para conclusão do Inquérito
Policial é de 10 dias. Portanto, se mais agricultores foram vítimas, procurem
imediatamente a Delegacia de Polícia Civil da sua cidade ou a de Catuípe.
A
Delegacia de Polícia de Catuípe, assim como em todas as suas ações/operações,
por uma questão de princípios constitucionais, não divulga nomes e imagens de
suspeitos em fase de investigação, independente de qual crime tenham cometido,
exceto se considerados foragidos.
As
investigações duraram 07 meses. Participam da execuração da operação vinte e
cinco Agentes e oito Delegados, com a supervisão pessoal do Delegado Diretor do
Departamento de Polícia do Interior da PCRS.
Fonte:
RADIOCIDADESA
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