sexta-feira, 9 de outubro de 2015

Passo Fundo: Consulta relâmpago e médicos sem cumprir a carga horária

Conselho Municipal de Saúde elaborou relatório denunciando a realidade do atendimento nos Cais


Médicos contratados para atender a população nos Cais da cidade não estão cumprindo a carga horária. Essa é a afirmação de Leonilde Zamuner, presidente do Conselho Municipal da Saúde. O órgão se reúne uma vez por mês para discutir os temas relacionados à área da saúde em Passo Fundo. No encontro realizado no mês de setembro foi apresentado um levantamento comprovando que os profissionais médicos, em grande maioria, não ficam no Cais atendendo os pacientes pelo tempo que foram contratados pela Prefeitura.

O relatório foi feito pela comissão de fiscalização do Conselho que compareceu nas unidades e ficou diante da porta do consultório anotando, entre outros dados, hora de chegada do médico, tempo de consulta dos pacientes, número de pacientes atendidos e hora de saída do médico.  “Foi comprovado. Eles trabalham uma ou duas horas durante o turno da manhã e estão recebendo por quatro horas. Nessas duas horas que sobram, vão para o consultório particular ou para os hospitais, enquanto deveriam estar atendendo no Cais. Recebem duas vezes e não cumpre a carga horária assinada no contrato com a prefeitura. Isso é muito grave”, denuncia Leonilde.  A presidente do Conselho admitiu que esse não é um problema que iniciou na atual gestão e mas vem de governos anteriores. “Não podemos ficar de braços cruzados, temos que cobrar uma solução”, enfatizou.

Segundo o documento, tem médico que atendeu 16 pacientes em pouco mais de uma hora e foi embora do Cais. “Não examina, não pergunta o histórico e já vai receitando uma medicação”, disse a presidente. Um dos casos citados ocorreu no Cais São Cristóvão, aonde o médico chegou às 7h30 da manhã e foi embora às 9h30. Pelo gráfico da carga horária ele deveria entrar às 8h e sair ao meio-dia.   A comprovação das horas trabalhadas é outro ponto questionado pelo Conselho.  “Ter médicos que não cumprem o horário e não ter, qual é a diferença?”, questionou. “O nosso objetivo é fazer com que cumpram o horário ou que deixem o lugar para outro”, disse Leonilde.

O relatório elaborado pelo Conselho de Saúde foi entregue a Secretaria Municipal de Saúde solicitando que providências sejam tomadas para solucionar esse grave problema. “Foi estabelecido um prazo até a reunião de outubro para que o município se manifeste e comece a resolver a questão. Se não ocorrer, vamos encaminhar esse relatório para órgãos de fiscalização como o Ministério Público”, finalizou.

Os médicos que atualmente prestam serviço na rede municipal foram contratados em 2013 e tem como salário valores que variam entre R$ 2.390,00 a R$ 9.562,00 dependendo da carga horária trabalhada, sendo o mínimo de 10h/semanais e o máximo 40 h/semanais.

Secretaria da saúde abriu processo para analisar a denúncia

O secretário municipal de saúde, Luiz Arthur da Rosa Filho, em entrevista à Uirapuru, salientou que recebeu o levantamento realizado pelo Conselho de Saúde e encaminhou para análise da Procuradoria Geral do Município (PGM), que vai emitir um parecer e indicar as providências a serem tomadas. Luiz Arthur frisou que o relatório não é específico, pois não aponta os nomes dos médicos que não estariam cumprindo o horário. “A PGM está analisando esse processo e vai verificar se é suficiente para que se tenha uma prova concreta da denúncia apresentada”, destacou.

Não há tempo mínimo para consulta

Sobre o tempo de consultas, o secretário explicou que não é possível estabelecer um tempo mínimo, pois as consultas são muito heterogêneas. Cita que tem paciente que já é conhecido do médico, vai apenas renovar uma receita, e é atendido em um minuto. Como existem casos onde a consulta pode durar duas horas. “Temos um entendimento com os médicos para que se atenda de 12 a 16 pacientes por turno, que daria uma média de 15 a 20 minutos por consulta, o que acreditamos ser razoável. Cada médico acaba definindo o número de atendimentos e executando durante o seu horário”, registrou Luiz Arthur.

Controle do ponto e teleagendamento

Duas ações que podem solucionar esse problema de atendimento por parte dos médicos nas unidades de saúde é a implantação do ponto eletrônico e o avanço do teleagendamento de consultas.

Como controle da carga horária atualmente o município dispõe de um ponto manual. Para implantar o sistema eletrônico é necessária à instalação de uma rede de fibra ótica em todas as unidades de saúde e isso já está ocorrendo, segundo o secretário. 

O sistema de teleagendamento, onde o paciente agenda via telefone o horário e o dia que será atendido, já está em implantação. “Já temos cerca de mil cadastros e estamos avançado a cada dia. Esse mecanismo também vai colaborar para resolver o tempo de espera  e as filas para consulta, pois o paciente será atendido no horário que foi agendado”, disse.

Mais médicos serão contratados

Atualmente a rede municipal de saúde conta com aproximadamente 100 médicos para atender nas 50 unidades de saúde. Um novo processo de contratação já foi encaminhado para aprovação na Câmara de Vereadores e em breve mais profissionais devem encorpar o atendimento na cidade.  De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde existe a necessidade de suprir 8.800 horas/mês nos CAIS e ambulatórios para atender as seguintes áreas: pediatria, ginecologia, cardiologia, neurologia, ortopedia e traumatologia, clínica médica, psiquiatria, ultrassonografia, clínica médica, gastroenterologia, geriatria, nefrologia, dermatologia, entre outras.

Os médicos serão contratados através de processo seletivo específico, para jornadas de 10, 20, 30 ou 40 horas. Os salários iniciam na faixa de R$ 2.800,00, para a primeira faixa, e chegam a R$ 11.212,00 para a última.  


Fonte: Rádio Uirapuru | Passo Fundo

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