Quando os indígenas
descobriram que a jovem de 25 anos à sua frente era a atriz que interpretou nos
cinemas a curumim Tainá, logo uma multidão se formou e choveram pedidos de
selfies e fotos. Bem diferente da época em que foi eternizada pela personagem infantil
de apenas 8 anos, Eunice Baía ainda é admirada pelos diferentes povos por causa
do papel que ajudou a divulgar a cultura tradicional no país.
Descendente do povo
Baré, do Pará, a jovem levou mais de 1,5 milhão de brasileiros aos cinemas para
assistir a dois filmes infantis: “Tainá - Uma Aventura na Amazônia” (2001) e
“Tainá 2 - A Aventura Continua” (2004). O personagem, que valoriza questões
sobre preservação da natureza, marcou uma geração de indígenas. Atualmente,
Eunice vive em São Paulo, estuda moda e cuida do filho Antônio.
A jovem participou do
Fórum Social na Oca da Sabedoria dos Jogos Mundiais dos Povos Indígenas nesta
quarta-feira (28.10). Ela conversou sobre a sua história, o processo de seleção
do filme e a participação em um evento mundial que visa difundir as diferentes
culturas indígenas dos povos tradicionais do mundo.
Confira a entrevista:
Reconhecimento
É muito bom ver todos os
parentes empolgados e demonstrando reconhecimento. Eles se veem muito no filme,
principalmente quanto às questões da extinção dos animais e na preservação na
natureza.
Jogos Mundiais
Gostei muito de ser
convidada para os Jogos Mundiais. Eu queria muito participar, desde quando
soube que iria ser realizado em Palmas. Este tipo de evento é muito importante,
não somente para os nossos parentes, mas para a população brasileira ter
contato maior com a cultura indígena.
Paixão pela televisão
Eu assistia a televisão à
pilha em um bar na rua em que morava. Gostava de assistir à "Sessão da
Tarde" e queria muito estar na televisão um dia. Quando o pessoal da
produção chegou para fazer os testes, acreditei que aquilo seria a oportunidade
para estar na televisão.
Seleção do filme
Quando fui escolhida
para participar do filme, eu estava com seis anos. Era 1997 e morava na Vila do
Conde. O pessoal da produção do filme passou com carro de som procurando uma
menina de oito anos para as filmagens. Cheguei bem cedo e queria aparecer na
televisão.
Quando eles chegaram, eu
fui correndo para a minha mãe, falando que eu queria muito fazer o teste. A
minha mãe falava que não daria em nada e que não iria me levar. Como tinha que
ter um responsável, eu enchi tanto o saco dela, que ela me levou para fazer o
teste na rua de frente para a minha casa.
Os primeiros testes
foram todos voltados para as crianças brincarem de coisas do dia a dia. Depois,
seguimos para Manaus, onde participei de um teste que contou com 3 mil meninas
de todo o Brasil. Havia meninas de povos de todo o país, até alguns que não
sabiam português. Foram quase dois anos entre fazer os testes e as gravações do
filme. Foi uma grande experiência para mim.
Aprendizado
Quando eu fiz o filme,
eu tinha oito anos. O filme mudou a minha vida, foi o que me deu oportunidade
para estudar e conhecer outras culturas e etnias. Onde eu morava era uma vila
de descendentes de índios, distante das cidades e sem energia elétrica. Neste
período, eu participei de várias conferências do meio ambiente, para defender a
causa dos povos. Tudo isso por causa do filme. Hoje, moro em São Paulo, estudo
moda e suspendi a carreira de atriz, por enquanto.
Texto e fotos: Breno Barros, de
Palmas
Ascom - Ministério do Esporte
Ascom - Ministério do Esporte
http://www.jmpi2015.gov.br/noticia/101
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