domingo, 1 de abril de 2012

Frederico Westphalen, cidade Universitária?


  Estudantes sofrem com reajustes de aluguéis, valores subiram até 500%
 nos últimos cinco anos (Foto: Josafá Lucas Rohde)

Crescimento de 500% no preço de aluguéis, lei da meia-entrada que não é cumprida, superlotação em ônibus… Frederico Westphalen está preparada para ser pólo regional em educação?

     Frederico Westphalen viu, em pouco menos de dez anos, seu número de universidades triplicar, “mas ainda não está totalmente preparada para atender universitários”, é o que afirma a estudante de Engenharia Ambiental, Mariana Scheffer Sucolotti. Reclamações como a que você acabou de ler são recorrentes, contribuem para isso, preços supervalorizados em aluguéis, falta de meia entrada em estádios, preços altos em festas e poucas opções de lazer.

     Mariana desabafa, “a maior parte do comércio não faz desconto pra quem apresenta carteirinha de estudante, nem farmácias, mercado… Isso seria importante porque é básico pra todo mundo, isso sem falar do hospital, hoje mesmo eu estava conversando com algumas amigas, até durante o plantão muitas vezes tem que pagar algumas ‘taxas’”. Cortesias à parte, em FW a lei não é cumprida.

     A Lei Federal nº 2.208 de 17 de agosto de 2001, diz que estudantes têm direito a 50% de desconto em eventos esportivos e culturais. Segundo o presidente do União Frederiquense, Celson Oliveira, o clube não oferece o desconto porque “não está nos termos do estatuto do torcedor, a gente não adotou ainda por isso, mas é de interesse do clube em conjunto com estudantes firmar uma parceria”.

     Para a advogada Fabiana Facin, a lei não é cumprida na cidade por dois motivos, “em um primeiro momento é o próprio desconhecimento da lei pelos empresários, e depois o fato de que o próprio estudante não exige“. Segundo Fabiane, “em casos de times de futebol, o regimento interno não pode passar por cima de uma lei maior, com isso todo estádio deve sim dar desconto de 50% na entrada”. A advogada explica que “como não temos Procon, em caso de descumprimento da lei, deve-se procurar o Judiciário, pois quem é cobrado em valor indevido tem direito de receber o dobro”.

     Em festas o desconto recebido é de no máximo 25% sobre o valor, válido para primeiro lote de ingressos. Boates e Pub’s oferecem descontos e promoções para universitários. O empresário Heverton Faccin é sócio de uma boate que realiza promoções para universitários, ele diz que “em função dos estudantes geralmente terem outros gastos prioritários, que acabam influenciando no lazer do universitário, a Casa oferece este desconto para não ficar salgado o valor do ingresso”. Outro Pub da cidade criou há duas semanas a “Quarta Universitária”, nas quartas-feiras os acadêmicos não pagam até meia-noite. Um dos sócios do bar, Fabricio Pizolotto, explica que “a promoção foi criada com objetivo de atrair público, fazendo com que todos venham ao Pub”.

     Algumas iniciativas também são encontradas no comércio, como uma loja que promove a Terça Universitária: toda terça-feira, universitários têm 15% de desconto em qualquer compra no estabelecimento . Segundo o proprietário da empresa, Ramir Severiano, “nós fizemos uma pesquisa de opinião pública em FW, percebemos essa lacuna em relação aos estudantes, e por isso resolvemos valorizar mais eles, tendo em vista que os estudantes movimentam nossa cidade”.

“Preço de aluguéis sobem 500% em cinco anos”

     Não bastasse o não cumprimento de meia-entrada em FW, a vinda de um campus da Universidade Federal de Santa Maria se tornou o “oba-oba” das imobiliárias. Em cinco anos o preço dos aluguéis quintuplicou, como revelou o Jornal O Alto Uruguai, em reportagem especial na edição de 08 de fevereiro deste ano. No centro da cidade, o preço de para locação de um apartamento de três quartos chega a R$ 1250,00, conforme anuncia a imobiliária Marcos Lima em seu site.

     A responsável pelo setor de locação da empresa, Loni Pires, justifica o aumento nos preços nos últimos anos, “teve um grande número de universitários que vieram para cidade, além disso, as vagas no funcionalismo público subiram muito“. Ela explica que o valor dos aluguéis é “definido pelo reajuste anual e pela leia da oferta e procura”. Loni discorda da informação que preço dos aluguéis em FW tiveram acréscimo de 500% nos últimos anos, “discordo, eu acredito que estes dados são equivocados”.

     Mas a estudante de engenharia florestal, UFSM, Mauren Buzzatti, não concorda com o aumento e as justificativas, “é um abuso estes aumentos de alugueis, toda essa especulação imobiliária, está se tornando quase inviável se manter por aqui”. Mauren divide um apartamento com mais duas pessoas, e declara “quando cheguei em FW o preço do nosso aluguel era de R$ 530,00 neste apartamento, agora subiu para R$ 650,00, e sempre subindo”. Por falta de opção, os estudantes acabam tendo que locar apartamento e dividir, mesmo com preços altos.

Passagem de ônibus: Preço sobe 83%, “superlotação é desrespeito com estudantes”

     Desde o início da concessão pública para empresa de Transportes São Jorge, em 2010, que dura pelos próximos 18 anos [sic], o preço da passagem cresceu 83%, além de frequentes problemas com superlotação. Os problemas envolvendo aumento de passagem e ônibus lotado resultaram em protestos, e inclusive, multa à empresa. Segundo informações do Diretório Central dos Estudantes, a licitação feita pela prefeitura, que resultou nos serviços da São Jorge, tem várias brechas, que possibilitam a empresa manobras.

     Uma das principais reivindicações de estudantes da UFSM é a meia passagem. A universitária Kelin Poncioano, 21, acredita que “a lei deveria ser cumprida, e ser cobrada meia passagem”. Além do preço, Kelin reclama de superlotação. “A superlotação é um desrespeito com os estudantes, deveriam fornecer uma quantidade suficiente de veículos que atenda a demanda do horário”.

     A assessoria de imprensa da prefeitura de FW declarou por meio de nota que “a São Jorge tem uma concessão pública, para poder transportar os usuários. Diferente de transporte público”. Com isso, não caberia à empresa conceder meia passagem.

     Enquanto as justificativas são dadas, acadêmicos continuam sofrendo com o transporte oferecido. A estudante de relações públicas, Fernanda Copatti, 22, revela que “não há conforto nenhum enquanto vamos para o campus da UFSM, temos que ir de pé, por isso acho injusto este preço cobrado, a demanda não é cumprida”.

     O Segunda Chamada entrou em contato com a Empresa de Transportes São Jorge por telefone e e-mail, até o fechamento desta matéria, a empresa não havia retornado nossos contatos para se pronunciar sobre o assunto.

“Sim, FW é uma cidade universitária preparada”


     Já para o estudante de direito, Luan Marcelo Wolff, Frederico Westphalen é sim uma cidade universitária que atende as necessidades de seus acadêmicos, “FW tem uma política social voltada para o desenvolvimento onde há uma grande preocupação para o crescimento ordenado da cidade. Quando a infraestrutura é possível avistarmos inúmeras construções em andamento, além de diversos apartamentos para locação. A cidade possui sim grandes condições de se consagrar como um grande polo universitário”, afirma.

     Mesmo com iniciativas restritas de algumas instituições, FW sofre com carências. A pergunta que não quer calar é, irá supri-las?

Fonte: Josafá Lucas Rohde, no Segunda Chamada / DCE -UFSM

Nenhum comentário:

Postar um comentário