segunda-feira, 9 de setembro de 2013

CPI da Telefonia ouve depoimento da Claro e aprova dois requerimentos



Em reunião na tarde desta segunda-feira (9), a CPI da Telefonia, presidida pelo deputado Ernani Polo (PP), tomou o depoimento do representante da Claro no Rio Grande do Sul, Marcelo Repetto. Também foram aprovados por unanimidade dois requerimentos, no período da Ordem do Dia. Até o momento, já foram ouvidas pela comissão as empresas Embratel, Oi, GVT, Tim e Nextel.

Depoimento da Claro

O diretor regional da operadora Claro, Marcelo Repetto, informou que a empresa conta com 4,6 milhões clientes no Rio Grande do Sul, o que representa 29% do mercado gaúcho. Disse ainda que a Claro está presente em 370 municípios e atende 99,25% da área urbana no estado, sendo 140 dessas cobertas com a tecnologia 3G.

Afirmou que, em termos de investimento, após a medida cautelar da Anatel (que suspendeu a venda de chips em 2012), a Claro está investindo no Rio Grande do Sul R$ 215 milhões em sistemas de gestão, instalação e manutenção de redes. Contou ainda que a empresa tem investido para melhorar o seu atendimento, atuando em pontos como aumento dos canais multimídia, nova plataforma de atendimento e ampliação dos pontos de call centers. Ele informou que, com a instalação de um 0800 exclusivo para o Procon, houve 28% de redução de demandas desse órgão.

Repetto disse que a empresa tem atuado fortemente para melhorar o índice de desempenho de atendimento (IDA) da Anatel, principalmente quanto a itens como cobrança, cancelamento e agregadores (serviços comprados pelos consumidores via SMS, não necessariamente prestados pela Claro, mas pela rede da Claro). 

Quanto a cobranças consideradas indevidas, o depoente contou que foi dado aos atendentes do call center a autonomia de dar até R$ 300,00 de desconto ao cliente, na primeira reclamação do consumidor feita nos primeiros três meses da conta. Segundo Repetto, a Claro tem utilizado essa oportunidade para informar o cliente sobre a composição da fatura e os serviços contratados, buscando evitar que essa cobrança se repita, numa ação educativa.

Manifestações e questionamentos

O relator da CPI, deputado Daniel Bordignon (PT) perguntou ao depoente qual era a razão do decréscimo permanente na satisfação do cliente no período de 2012 a 2013. Repetto atribuiu essa queda a uma relevante reestruturação do call center, motivada pelo fechamento do principal fornecedor do serviço. Repetto afirmou que a Claro espera atingir o índice de 90% de satisfação no IDA/Anatel  ainda nesse ano. “Nós não estamos bem no IDA. Estamos sendo bem pressionados internamente” disse.

Quanto a investimentos, o relator solicitou que fossem pormenorizados os valores que serão investidos no futuro, no Rio Grande do Sul. O depoente informou que ainda não está fechado o orçamento em investimento para 2014. Bordignon também solicitou que os recursos investidos pela empresa em manutenção de redes passem a constar como custeio e não como investimento.

Ernani Polo (PP) questionou o depoente sobre a execução do orçamento previsto para esse ano. Segundo Repetto, da previsão de R$ 110 a 120 milhões, já foram executados no estado, até junho, R$ 80 milhões. “De 90 a 95% do orçamento do ano vai ser cumprido dentro desse ano”, garantiu.

Por solicitação de Polo, quanto às multas aplicadas pela Anatel contra a empresa, o depoente informou que a Claro recebeu de multas o valor de R$ 2,97 milhões, no período de 2001 a 2013. Segundo o representante da empresa, aproximadamente metade desse valor refere-se a problemas com atendimento e, o restante, está ligado a questões de engenharia.

Polo também quis informações sobre o vencimento da autorização dos serviços da operadora junto à Anatel. O depoente contou que não há prazo para a concessão da licença de operação, mas sim para a liberação de espectro. Ele disse que quanto a essa última autorização, a empresa já obteve sua renovação, vencida em abril deste ano.

Questionado pelo presidente sobre infraestrutura, Repetto contou que a empresa possui 1082 antenas no estado. “O meu maior algoz é conseguir estar em mais locais e conseguir ampliar a minha cobertura, na mesma cidade”, o que, segundo ele, depende de mais investimentos. Ele garantiu que tudo aquilo que o modelo econômico permite está sendo feito nessa área.

Sobre a tecnologia 4G já comercializada em Porto Alegre, Repetto afirmou que a Claro está informando claramente aos clientes sobre as áreas de cobertura e explicando que, fora desses locais, o consumidor será atendido pela rede 3G. “O 4G tem um raio menor de abrangência. Para ter a mesma disponibilidade de 3G eu tenho que ter mais antenas”, contou. Segundo ele, 122 antenas na capital contam com tecnologia 4G.

O deputado João Fischer (PP) defendeu que o ISSQN referente a serviços prestados pelas operadoras no Rio Grande do Sul seja recolhido em municípios do estado e não na matriz da Claro, na cidade de São Paulo. Acrescentou que, na sua opinião, a Anatel não está cumprindo a sua função, pois está na defesa das prestadoras do serviço e não dos consumidores. Também destacou que continua difícil obter o cancelamento dos serviços.

Ordem do Dia

Dois requerimentos foram aprovados durante a reunião. Um deles (42/2013), de autoria do deputado Ernani Polo (PP), solicitou, em caráter provisório, a cooperação de peritos do Instituto–Geral de Perícias do Estado do Rio Grande do Sul (IGP/RS) com a CPI.

Já o requerimento 43/2013, de autoria dos deputados Daniel Bordignon (PT), Alexandre Postal (PMDB) e Ernani Polo (PP), requisitou que se solicite à Anatel, em caráter de urgência, o estabelecimento de um plano de ação para a empresa de telefonia Oi, com o objetivo de que a operadora restabeleça os índices de desempenho de atendimento de 2012, na telefonia fixa. O requerimento solicita ainda que, enquanto este plano de ação não for estabelecido entre as partes, a empresa seja impedida de comercializar novas linhas telefônicas de telefonia fixa (voz e dados), em todo o Brasil.

O presidente Polo fez a leitura de uma correspondência recebida pela comissão, da Oi, na qual a operadora solicita à CPI que retirasse o requerimento de pauta e que só o votasse após o recebimento de informações complementares prestadas pela empresa.

O relator da CPI e autor do requerimento considerou o pedido da Oi uma afronta ao órgão técnico. Segundo Bordigonon, o requerimento 43/2013 apresentado à comissão está suficientemente fundamentado em índices de desempenho de atendimento insatisfatórios da Oi, que demonstram a gravidade dos prejuízos em relação aos usuários. “Houve um lobby da empresa para que os deputados não dessem o quórum para esse requerimento” acrescentou.

Presenças

Além dos já citados, estiveram presentes os deputados Jurandir Maciel (PTB), Raul Pont (PT), Edson Brum (PMDB), Zilá Breitenbach (PSDB), Nelsinho Metalúrgico (PT) e Frederico Antunes (PP).


Fonte: Vanessa Canciam | Agência de Notícias ALRS | Edição: Letícia Rodrigues | Foto: Marcelo Bertani

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