Para Bivar, Bolsonaro não possui mais vínculos
com o PSL
O presidente do PSL, deputado Luciano Bivar (PE),
disse nesta quarta-feira considerar que o presidente da República, Jair
Bolsonaro, já decidiu pela saída do partido. "Quando ele diz a um estranho
para esquecer o PSL, mostra que ele mesmo já esqueceu. Mostra que ele não tem
mais nenhuma relação com o PSL", afirmou o dirigente partidário ao
Broadcast Político, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.
Na terça-feira, Bolsonaro disse a um apoiador que
se identificou como pré-candidato pela legenda no Recife para que ele esquecesse
o partido e afirmou que Bivar
"está queimado para caramba". O presidente, segundo apurou o jornal O
Estado de S. Paulo, avalia deixar a legenda.
Bivar disse não entender o que motivou o
presidente a dar tais declarações. "Ontem mesmo, eu recebi um convite para
ir a uma cerimônia no Palácio do Planalto e tinha um jantar marcado com o
ministro da Justiça, Sergio Moro. Então, não vi indicativo nenhum",
comentou.
Para ele, a intenção do presidente ao atacar o
PSL é mostrar que não tem envolvimento com denúncias sobre irregularidades
envolvendo a candidaturas de mulheres que seriam laranja para obter recursos
públicos. "Acho que ele quis sair porque tem preocupação com as denúncias
de laranjas. Ele quer ficar isento dessas coisas", afirmou Bivar.
Na semana passada, o Ministério Público de Minas
Gerais denunciou
o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, por irregularidades envolvendo candidaturas de mulheres nas
eleições de 2018. Antônio presidia o PSL mineiro à época.
Cálculo
político
Outro fator apontado pelo presidente do PSL para
justificar o ataque de Bolsonaro à legenda seria um cálculo político do
presidente para garantir a sua reeleição. "Ninguém é eleito presidente sem
ter acertos. Como ele vem em um processo de reeleição, talvez ele saiba qual é
o melhor caminho a ser seguido. Espero que ele tenha sucesso", disse.
Embora ainda não tenha definido o seu destino,
Bolsonaro avalia vários cenários políticos e deseja um partido que possa
controlar, para impulsionar sua candidatura à reeleição, em 2022. A União
Democrática Nacional (UDN) já pediu registro como partido no Tribunal Superior
Eleitoral (TSE) e quer que o presidente se filie à sigla.
A saída de Bolsonaro pode provocar uma debandada
no PSL. Dirigentes do partido ouvidos pela reportagem afirmam que o presidente
pode levar consigo até 15 dos 53 deputados federais, além de dois dos três
senadores - Flávio Bolsonaro (RJ) e Soraya Thronicke (MS).
Bivar, no entanto, afirma não se preocupar com um
eventual esvaziamento da legenda. "Redução ou aumento da bancada não
representa nada, o importante é manter a nossa linha de conduta e
dignidade", afirmou. Ele diz ainda que as bancadas no Congresso
continuarão apoiando as pautas do governo.
"Nenhuma turbulência vai alterar o
comportamento do partido", disse. Questionado sobre se pretendia procurar
Bolsonaro para conversar, Bivar afirmou não ver motivos para procurá-lo agora.
"Tenho que respeitar a posição dele, não vou ser invasivo ou
inconveniente", afirmou.
Por AE
Correio do Povo
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