Ônibus são queimados durante protestos no Chile
Novos confrontos entre manifestantes e a polícia
começaram neste sábado (19) em várias partes de Santiago, apesar de o governo
chileno ter decretado "estado de emergência" e ordenado a presença de
militares nas ruas da capital após os violentos protestos registrados na
véspera contra o aumento da passagem do metrô. O que começou como um pacífico
panelaço, com milhares de pessoas nas ruas, acabou virando um confronto entre
manifestantes mascarados e policiais e militares em vários pontos de Santiago.
Em outras regiões e cidades do país, como
Valparaíso e Viña del Mar, também ocorreram manifestações com milhares de
pessoas gritando palavras de ordem contra o presidente Sebastián Piñera mas sem
causar tumulto.
Convocados inicialmente pelas redes sociais, os protestos
começaram por conta do aumento nos bilhetes do metrô, que passaram de 800 para
830 pesos (cerca de 4,80 reais) nos horários de pico. Desde 2010, não havia um
reajuste dessa proporção. Segundo informações oficiais, o acerto foi feito por
conta da alta do preço do petróleo e do dólar e pela modernização do sistema.
Por conta dos confrontos, os ônibus pararam de
circular na cidade, deixando a população praticamente sem transporte público,
pois o serviço de metrô está paralisado devido à destruição de várias estações.
O protesto que inicialmente era sobre o reajuste no preço da passagem do metrô
logo derivou para reclamação contra o modelo econômico do país, onde o acesso à
saúde e à educação é praticamente privado, contra a desigualdade social, contra
os baixos valores das aposentadorias e a alta dos serviços básicos, entre
outras críticas ao presidente Sebastián Piñera.
Na véspera, uma foto de Piñera jantando numa
pizzaria ao lado da família durante os protestos em Santiago elevou a fúria dos
ativistas num país com um longo histórico de protestos violentos mas que nos
últimos anos seguia em relativa calma. O presidente também foi alvo de críticas
por demorar em tomar uma decisão em relação a virulência das manifestações,
decretando apenas no início da madrugada deste sábado o estado de emergência.
Foto:
Pablo Vera / AFP / CP
Caos
No início da manhã, os militares já patrulhavam
alguns pontos da cidade, mas não havia um cordão de isolamento em frente ao
palácio presidencial, apesar da segurança reforçada no local, onde o presidente
Sebastián Piñera decretou durante a noite de ontem "estado de emergência"
por 15 dias.
Os violentos protestos e a depredação de estações
do metro e sede de órgãos públicos levaram o presidente a ordenar a presença de
militares nas ruas pela primeira vez desde o retorno da democracia (1990) por
protestos sociais. Segundo o general a cargo da operação, Javier Iturriaga,
cerca de 500 militares estão patrulhando a capital, que na véspera foi palco de
saques, confrontos e incêndios em vários pontos.
Destruição
na sexta
Mas o maior alvo da destruição foi o metrô, que
teve 41 estações destruídas, algumas delas completamente queimadas. A sede da
ENEL - empresa de energia elétrica do Chile - foi incendiado e um supermercado
próximo foi atacado e saqueado. De acordo com as informações oficiais, os
incidentes na capital deixaram 308 detidos e 156 policiais e 11 civis feridos.
Com a maior extensão da América do Sul, com cerca
de 140 km, o metrô é uma fonte de orgulho para os chilenos e o principal meio
de transporte público, utilizado diariamente por cerca de três milhões dos sete
milhões de habitantes da capital. O sistema permanecerá fechado neste sábado e
domingo, e as autoridades não têm previsão de retorno da operação.
Por AFP
Correio do Povo
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