quinta-feira, 10 de outubro de 2019

Após endosso público, EUA negam apoio ao Brasil na OCDE e abraçam ingresso da Argentina

Presidente norte-americano Donald Trump havia afirmado que apoiaria o País na Organização

Presidentes haviam destacado aproximação dos países em encontro no meio do ano
Presidentes haviam destacado aproximação dos países em encontro no meio do ano 

O governo dos Estados Unidos se recusou a endossar a tentativa do Brasil de ingressar na Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), marcando uma reversão após meses de apoio público das principais autoridades, incluindo o presidente Donald Trump. A negativa – dada a uma proposta apresentada pelo secretário-geral da OCDE, Angel Gurría, de discutir a inclusão de um bloco de seis novos países na organização, que teria ainda nações europeias – foi divulgada primeiramente pela Bloomberg. O secretário de Estado Michael Pompeo rejeitou um pedido para discutir mais ampliações do clube dos países mais ricos e acrescentou que Washington apenas apoiou as ofertas de membros da Argentina e da Romênia.

Segundo fontes, tal medida se dá considerando o "critério cronológico", uma vez que esses países apresentaram o pedido antes de outros, inclusive do Brasil, que formalizou sua intenção em maio de 2017. Além disso, pesam os esforços de reforma econômica e o compromisso com o livre mercado, disse um alto funcionário dos EUA, recusando-se a ser identificado porque a pessoa não está autorizada a discutir deliberações políticas internas em público. "Os EUA continuam a preferir o alargamento a um ritmo que leva em consideração a necessidade de pressionar pelo planejamento de governança e sucessão", havia afirmado Pompeo na carta enviada a Gurría.

Apesar de Trump ter prometido apoiar a adesão brasileira ao bloco, pretendida pelo presidente Jair Bolsonaro, os EUA são contra uma ampliação maior da organização e têm se posicionado de forma contrária as ações do secretário-geral. A avaliação das fontes é que a questão pode se resolver no ano que vem, quando está prevista a escolha de um novo secretário-geral, e que, nesse momento, poderia haver o apoio formal dos EUA à entrada do Brasil na OCDE.

Em março, em visita de Bolsonaro aos EUA, Trump apoiou o início do processo de adesão do Brasil para se tornar membro pleno da OCDE. Em troca do aceno, Bolsonaro fez concessões unilaterais, como dispensar a exigência de visto a norte-americanos, e começou a renunciar a tratamentos especiais destinados a países em desenvolvimento em negociações com a Organização Mundial do Comércio (OMC), etapa necessária para a adesão.

O apoio dos EUA à Argentina e à Romênia ocorre em um momento em que os dois estão passando por convulsões políticas. No primeiro, o liberal Mauricio Macri enfrenta uma batalha contra o tempo e as urnas para buscar sua reeleição no final deste mês, apesar de ter perdido votação primária por 16 pontos percentuais em agosto para o candidato peronista Alberto Fernández.  Já a nação europeia perdeu seu terceiro primeiro-ministro nesta quinta-feira – o governo foi deposto em um voto de confiança do Parlamento. 

Endosso

Em maio havia expectativa do governo brasileiro de que o apoio ao País fosse formalizado em uma reunião da OCDE, o que não ocorreu. Em declaração oficial, o governo dos EUA disse que o endosso ao Brasil seria mantido. No fim do mês, o secretário-geral da OCDE chegou a dizer que os EUA teriam formalizado o apoio ao Brasil. "Temos uma posição diferente sobre o Brasil agora", disse, sem dar mais detalhes.

Nesta quinta-feira, o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, afirmou que o Brasil está pronto para integrar a OCDE. "Estamos vivendo uma extraordinária abertura econômica. Estamos prontos para integrar a OCDE. Nós e o setor privado acreditamos que isso será chave para o desenvolvimento do Brasil", disse o ministro, durante o Fórum de Investimentos Brasil 2019.

A Organização


A OCDE é uma organização internacional de 36 países que aceitam os princípios da democracia representativa e da economia de mercado, que procura fornecer uma plataforma para comparar políticas econômicas, solucionar problemas comuns e coordenar políticas domésticas e internacionais. A maioria dos membros da OCDE é composta por economias com um elevado PIB per capita e Índice de Desenvolvimento Humano. A sede da OCDE é localizada no Château de la Muette em Paris, França.

Países membros:

Austrália
Áustria
Bélgica
Canadá
Chile
República Checa
Dinamarca
Estônia
Finlândia
França
Alemanha
Grécia
Hungria
Islândia
Irlanda
Israel
Itália
Japão
Coreia do Sul
Letônia
Lituânia
Luxemburgo
México
Holanda
Nova Zelândia
Noruega
Polônia
Portugal
Eslováquia
Eslovênia
Espanha
Suíça
Suécia
Turquia
Reino Unido
Estados Unidos


Por Correio do Povo e AE

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