Conselho da categoria salienta que envio de carta
suscita questionamento sobre papel do MEC
A medida anunciada
pelo Ministério da Educação
(MEC) causou reações no meio educacional e entre pais de estudantes. O Conselho
Nacional de Secretários de Educação (Consed) informou que foi surpreendido com
o envio da carta às escolas. Para o conselho, a ação fere não apenas a
autonomia dos gestores escolares, mas dos entes da federação. "O ambiente
escolar deve estar imune a qualquer tipo de ingerência político-partidária."
Para o conselho, que reúne os secretários de
Educação estaduais, o Brasil precisa, "ao contrário de estimular pequenas
disputas ideológicas na Educação", priorizar a aprendizagem. Segundo Olavo
Nogueira Filho, diretor de Políticas Educacionais do Todos pela Educação, mesmo
que o pedido do MEC tenha caráter voluntário, é uma ação "sem precedentes
no passado recente brasileiro". Nogueira Filho diz que a medida suscita
uma série de questionamentos sobre o papel do MEC.
"O que essa ação reforça é que o MEC caminha
no sentido contrário daquilo que precisa ser foco da atuação frente a um
contexto da educação brasileira gravíssimo. É um desvio do que é essencial ser
tratado", diz o especialista. "O MEC tem se silenciado até aqui a
respeito de temas urgentes." Para ele, a pasta deveria estar concentrada
em aproveitar o início do governo para propor políticas educacionais capazes de
melhorar os índices de aprendizagem no Brasil, como tornar a carreira docente
mais atrativa, discutir fundos para a educação básica e implementar a Base
Nacional Comum Curricular.
A cineasta Mariana Vieira Elek, de 31 anos, diz
que ficou chocada ao saber do e-mail mandado para a escola onde estudam seus
dois filhos. "É um absurdo a alusão à religião no fim do texto. Respeito a
religião dos outros e gostaria de ser respeitada. De maneira alguma acharia
certo meus filhos ouvirem isso e terem questionamentos que ninguém saberia
responder." Ela também criticou a possibilidade de seus filhos serem
filmados sem autorização e a execução do Hino Nacional sem que as crianças
entendessem a razão de estarem cantando.
Por AE
Correio do Povo
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