Jornal tem ligação
afetiva com milhares de leitores através das décadas
Cadelinha Pitty recebe jornal no portão e fica
ansiosa se dona não lê na hora
Crédito: Diana Aretz / Especial / CP
Crédito: Diana Aretz / Especial / CP
Quando o jornalista Francisco Antonio Vieira
Caldas Júnior fundou o Correio do Povo há exatos 119 anos, o jornal tinha
quatro páginas e 2 mil exemplares. O número de leitores se multiplicou
rapidamente centenas de vezes e até hoje, dia em que começa o ano 120, continua
sendo tradição entre os gaúchos. A história do CP está relacionada com boa
parte dos habitantes do Rio Grande do Sul. Desde quando ainda era publicado em
formato standard, serve de estímulo às crianças, como fonte de
leitura. São muitos os relatos de pessoas que aprenderam a ler manuseando as
páginas do jornal.
Milhares se alfabetizaram e decifraram as primeiras palavras em suas páginas. O hábito de ler passou de geração em geração e muitas famílias guardam boas lembranças das notícias veiculadas. Até 1º de outubro de 2015, será publicada a coluna “O Correio do Povo e Eu” — espaço dedicado a contar relatos de apaixonados pelo jornal.
Alguns confessam vício, já que a leitura das informações veiculadas pelo CP já faz parte do dia a dia. Hábito também é o de esperar a chegada do entregador. A cachorrinha Pitty, por exemplo, fica a postos no jardim de casa, nas primeiras horas da manhã. O cão encontrou uma forma de se integrar à rotina que a dona, Lucina Jahnke, 77 anos, mantém com a filha Ivania Farina, 43 anos. Como não pode ler, Pitty se contenta em observar o lançamento do jornal na casa onde mora em Candelária, pegar com a boca o impresso e levar para a auxiliar de enfermagem aposentada.
“Ela não se deixa enganar. Se coloca um jornal que não é do dia, ela só cheira e não busca”, conta a idosa. Aos sábados, quando é entregue a edição do dia pela manhã e a de domingo à noite, Pitty não dorme, nem deixa dona Lucina ir para a cama, antes de chegar o Correio. Com 6 anos, ela faz isso desde muito pequena. “O dia que não tem jornal, ela sabe que falta alguma coisa”, declara.
Na casa de Lucina existe todo um ritual para a leitura. De manhã, ela vira as páginas simultaneamente com a filha, que mora em Viamão. Mesmo vivendo a 200 quilômetros de distância uma da outra, ambas se sentem próximas devido à manutenção do hábito. Elas conversam por telefone para comentar as notícias e ver quem acabou primeiro as Palavras Cruzadas.
Milhares se alfabetizaram e decifraram as primeiras palavras em suas páginas. O hábito de ler passou de geração em geração e muitas famílias guardam boas lembranças das notícias veiculadas. Até 1º de outubro de 2015, será publicada a coluna “O Correio do Povo e Eu” — espaço dedicado a contar relatos de apaixonados pelo jornal.
Alguns confessam vício, já que a leitura das informações veiculadas pelo CP já faz parte do dia a dia. Hábito também é o de esperar a chegada do entregador. A cachorrinha Pitty, por exemplo, fica a postos no jardim de casa, nas primeiras horas da manhã. O cão encontrou uma forma de se integrar à rotina que a dona, Lucina Jahnke, 77 anos, mantém com a filha Ivania Farina, 43 anos. Como não pode ler, Pitty se contenta em observar o lançamento do jornal na casa onde mora em Candelária, pegar com a boca o impresso e levar para a auxiliar de enfermagem aposentada.
“Ela não se deixa enganar. Se coloca um jornal que não é do dia, ela só cheira e não busca”, conta a idosa. Aos sábados, quando é entregue a edição do dia pela manhã e a de domingo à noite, Pitty não dorme, nem deixa dona Lucina ir para a cama, antes de chegar o Correio. Com 6 anos, ela faz isso desde muito pequena. “O dia que não tem jornal, ela sabe que falta alguma coisa”, declara.
Na casa de Lucina existe todo um ritual para a leitura. De manhã, ela vira as páginas simultaneamente com a filha, que mora em Viamão. Mesmo vivendo a 200 quilômetros de distância uma da outra, ambas se sentem próximas devido à manutenção do hábito. Elas conversam por telefone para comentar as notícias e ver quem acabou primeiro as Palavras Cruzadas.
“Percebi que estamos acompanhando as mesmas
informações e, assim, ficamos juntas”, salienta Ivania. “Minha mãe mudou-se
para o Interior há 12 anos e um dia nos demos conta de que estávamos unidas
ainda pela rotina. Podíamos apostar no que a outra estava fazendo naquela hora:
Correio na mão!”, descreve. “Minha mãe é assinante desde que me conheço por
gente”, afirma.
Lucina fez a assinatura quando a filha ainda era menina. “Ela me criou sozinha e fez tudo por mim. Queria que eu tivesse informações”, lembra Ivania. O hábito se mantém até hoje e o objetivo de Lucina se cumpriu. “Ingressei na Universidade Federal do Rio Grande do Sul sem fazer cursinho e sempre estudando em escola pública. Tirei nota máxima na Redação”, destaca, atribuindo o sucesso profissional e pessoal ao conhecimento adquirido no impresso.
Lucina fez a assinatura quando a filha ainda era menina. “Ela me criou sozinha e fez tudo por mim. Queria que eu tivesse informações”, lembra Ivania. O hábito se mantém até hoje e o objetivo de Lucina se cumpriu. “Ingressei na Universidade Federal do Rio Grande do Sul sem fazer cursinho e sempre estudando em escola pública. Tirei nota máxima na Redação”, destaca, atribuindo o sucesso profissional e pessoal ao conhecimento adquirido no impresso.
A rotina de Ivania não se altera, mesmo com as
informações sendo divulgadas também pela Internet. “É mais gostoso sentar na
poltrona e ler as notícias, enquanto comento com a mãe”, relata. Enquanto a
filha lê na poltrona, a mãe senta no quintal com o jornal nas mãos. Pitty está
sempre ao lado. Depois do almoço, precisa dar uma segunda olhada, por exigência
da cadela.
O Correio e Eu: Uma relação de 70 anos
Com a ajuda do pai e do avô, o aposentado Cacílio dos Santos Fontoura, 75 anos, começou a compreender o que estava escrito no Correio do Povo aos 5 anos, antes de entrar para a escola. Ele tinha curiosidade de saber o significado das letras contidas no impresso, que precisava ficar em cima da mesa para a família conseguir manusear. “Era um jornal grande, com várias seções”, descreve.
A família morava no interior de Cachoeira do Sul, a 20 quilômetros da sede do município. Através do contato com um distribuidor, o pai de Fontoura recebia o jornal. Era o único levado na cidade e vários moradores iam até o posto de gasolina que ele possuía para ler as notícias e saber o que se passava na Capital, no restante do Brasil e no mundo. “Nós também éramos os únicos com luz elétrica a catavento e rádio”, observa.
Desde os 5 anos, Fontoura dedica uma parte do dia para resolver as Palavras Cruzadas e ler as informações contidas no jornal. “Eu adoro”, afirma. A atividade foi incorporada na rotina. Por isso, quando o Correio esteve fechado na década de 1980, ele se sentiu perdido. O sentimento só foi resolvido quando a empresa voltou a abrir as portas e o aposentado pôde refazer a assinatura. “Quando voltou, foi maravilhoso. Me inscrevi para ganhar o jornal como bônus. Fui um dos primeiros”, salienta.
Antigamente, o jornal era uma das únicas fontes de informação e agora continua cumprindo seu papel. “É bom, rápido e sucinto. Sem rodeios”, avalia. “Tenho orgulho de ser leitor e guardo boas recordações”, diz, recordando que o CP pautava os assuntos da família, especialmente no período da II Guerra.
O Correio e Eu: Uma relação de 70 anos
Com a ajuda do pai e do avô, o aposentado Cacílio dos Santos Fontoura, 75 anos, começou a compreender o que estava escrito no Correio do Povo aos 5 anos, antes de entrar para a escola. Ele tinha curiosidade de saber o significado das letras contidas no impresso, que precisava ficar em cima da mesa para a família conseguir manusear. “Era um jornal grande, com várias seções”, descreve.
A família morava no interior de Cachoeira do Sul, a 20 quilômetros da sede do município. Através do contato com um distribuidor, o pai de Fontoura recebia o jornal. Era o único levado na cidade e vários moradores iam até o posto de gasolina que ele possuía para ler as notícias e saber o que se passava na Capital, no restante do Brasil e no mundo. “Nós também éramos os únicos com luz elétrica a catavento e rádio”, observa.
Desde os 5 anos, Fontoura dedica uma parte do dia para resolver as Palavras Cruzadas e ler as informações contidas no jornal. “Eu adoro”, afirma. A atividade foi incorporada na rotina. Por isso, quando o Correio esteve fechado na década de 1980, ele se sentiu perdido. O sentimento só foi resolvido quando a empresa voltou a abrir as portas e o aposentado pôde refazer a assinatura. “Quando voltou, foi maravilhoso. Me inscrevi para ganhar o jornal como bônus. Fui um dos primeiros”, salienta.
Antigamente, o jornal era uma das únicas fontes de informação e agora continua cumprindo seu papel. “É bom, rápido e sucinto. Sem rodeios”, avalia. “Tenho orgulho de ser leitor e guardo boas recordações”, diz, recordando que o CP pautava os assuntos da família, especialmente no período da II Guerra.
Cacílio Fontoura
lê o Correio do Povo desde os 5 anos / Foto: Tarsila Pereira
CP: imprescindível à boa informação
Parceiro da leitura e reflexão diária dos gaúchos e catarinenses, o Correio do Povo há 119 anos narra com fidelidade acontecimentos da história do Estado, Brasil e mundo. Ao longo das suas milhares de edições, tem sido veículo imprescindível à boa informação. Sua imutável linha editorial começou em 1º de outubro de 1895, data de sua edição pioneira, idealização do, à época, jovem fundador Francisco Antônio Caldas Júnior. Em 1986 foi adquirido, com a Rádio e TV Guaíba, pelo empresário Renato Bastos Ribeiro. Foi então que o formato standard do jornal mudou para tabloide.
Em 2007, o Grupo Record chegou ao Rio Grande do Sul. Investiu na modernização no jornal, na Rádio Guaíba e na TV Record RS, mas a concepção de Caldas Júnior segue preservada: “Jornalismo apartidário, independente e voltado somente aos interesses da comunidade e eleitores”.
Sempre integrado aos ideais da comunidade, o Correio do Povo liderou grandes campanhas. Na saúde foi na ampliação da Irmandade Santa Casa de Misericórdia, fundada em 1803. A construção do Hospital da Criança Santo Antônio (1943/1953) teve mobilização gestada no Correio do Povo. Na cultura há a Feira do Livro de Porto Alegre e o Festival de Cinema de Gramado, e no civismo liderou apoio à construção do Monumento do Expedicionário, na Capital. Presente na Internet, o Correio do Povo é fonte de pesquisa histórica.
Parceiro da leitura e reflexão diária dos gaúchos e catarinenses, o Correio do Povo há 119 anos narra com fidelidade acontecimentos da história do Estado, Brasil e mundo. Ao longo das suas milhares de edições, tem sido veículo imprescindível à boa informação. Sua imutável linha editorial começou em 1º de outubro de 1895, data de sua edição pioneira, idealização do, à época, jovem fundador Francisco Antônio Caldas Júnior. Em 1986 foi adquirido, com a Rádio e TV Guaíba, pelo empresário Renato Bastos Ribeiro. Foi então que o formato standard do jornal mudou para tabloide.
Em 2007, o Grupo Record chegou ao Rio Grande do Sul. Investiu na modernização no jornal, na Rádio Guaíba e na TV Record RS, mas a concepção de Caldas Júnior segue preservada: “Jornalismo apartidário, independente e voltado somente aos interesses da comunidade e eleitores”.
Sempre integrado aos ideais da comunidade, o Correio do Povo liderou grandes campanhas. Na saúde foi na ampliação da Irmandade Santa Casa de Misericórdia, fundada em 1803. A construção do Hospital da Criança Santo Antônio (1943/1953) teve mobilização gestada no Correio do Povo. Na cultura há a Feira do Livro de Porto Alegre e o Festival de Cinema de Gramado, e no civismo liderou apoio à construção do Monumento do Expedicionário, na Capital. Presente na Internet, o Correio do Povo é fonte de pesquisa histórica.
Fonte: Correio
do Povo
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