PMs que participaram da barreira afirmaram que
inspetor tinha hálito que indicava consumo de álcool
O inspetor da Polícia Civil Jorge Alberto Correa Vieira, 56
anos, foi preso em flagrante por suspeita de dirigir embriagado.
Conformes os policiais militares que fizeram a abordagem ao
agente, antes de ser autuado, Vieira recusou-se a fazer o teste de bafômetro e
tentou fugir. Ele também teria se negado a coletar urina e sangue no
Departamento Médico Legal (DML).
Ocaso ocorreu por volta das 3h30min deste sábado na Rua Coronel
Marcos, na zona sul de Porto Alegre. Lotado no Departamento Estadual de
Investigações Criminais (Denarc), Vieira dirigia um Vectra preto da Polícia
(uma viatura discreta) quando foi parado em uma blitz realizada por nove PMs do
1º Batalhão de Polícia Militar.
Sozinho na viatura e vestindo uma jaqueta preta com o emblema da
Polícia Civil, Vieira, assim que parou o carro, identificou-se como colega para
os PMs.
— Logo percebemos o forte hálito de álcool e convidamos ele a
fazer o teste de bafômetro — conta o soldado Fábio Mello, do 1º BPM.
Conforme o PM, Vieira teria dito que aquilo "era uma
palhaçada", pois trabalhava no Denarc. Em seguida, segundo o PM, Vieira
desceu do veículo e correu por alguns metros, tentando fugir, mas retornou para
o carro.
— Acho que ele ia pegar a pistola, mas um outro colega enfiou a
mão pela janela do carona, que estava aberta, e pegou a arma — afirmou Mello.
O inspetor teria se trancado dentro do veículo por cerca de 50
minutos até a chegada de um delegado do Denarc, avisado por PMs. Ele recebeu a
arma e a viatura. Por volta das 5h, Vieira foi conduzido para o plantão da
Delegacia de Polícia Civil de Trânsito (Detran). Cerca de duas horas depois,
PMs levaram Vieira para se submeter a exame clínico no DML. No trajeto, o
soldado Mello disse ter sido ameaçado por Vieira.
— Ele disse: isso não vai ficar assim, não vai ficar barato.
Na delegacia, motorista negou que havia bebido
O inspetor entrou sozinho na sala médica (em outras situações,
PMs costumam entrar junto) e, ao sair, seguiu para o Palácio da Polícia Civil
(prédio ao lado do DML), sem esperar o resultado. O soldado Mello tentou conter
Vieira. Sem ter sido algemado, o inspetor trocou empurrões com o PM na porta do
plantão da Área Judiciária.
— O senhor tem de esperar o laudo lá (no DML) — gritava o PM.
Fumando e dizendo que não tinha bebido, Vieira entrou no prédio, atravessou o corredor interno e foi até uma sala da Delegacia de Trânsito, acompanhado por um colega do Denarc e seguido por PMs. De posse do documento emitido pelo médico do DML, o delegado plantonista da Delegacia de Trânsito, João Cesar Nazário, informou que o resultado do exame clínico tinha sido negativo, ou seja, não indicava embriaguez.
Fumando e dizendo que não tinha bebido, Vieira entrou no prédio, atravessou o corredor interno e foi até uma sala da Delegacia de Trânsito, acompanhado por um colega do Denarc e seguido por PMs. De posse do documento emitido pelo médico do DML, o delegado plantonista da Delegacia de Trânsito, João Cesar Nazário, informou que o resultado do exame clínico tinha sido negativo, ou seja, não indicava embriaguez.
— Ele estava trabalhando ontem à noite (sexta), saiu para jantar
e voltava para casa. Será lavrada uma ocorrência de apresentação de suspeito —
afirmou Nazário.
Questionado sobre a troca de empurrões com o PM, que poderia
configurar um desacato, o delegado disse que, se o PM registrasse o fato, o
caso seria apurado pela Corregedoria-geral da Polícia Civil. A partir das 8h,
com a troca de plantão na Delegacia de Trânsito — saída do delegado Nazário e a
entrada de um segundo delegado, que se recusou a se identificar — a situação se
alterou. O delegado substituto pegou o laudo do médico do DML em mãos e leu que
Vieira tinha se negado a coletar amostras. A partir de então, decidiu lavrar o
auto de prisão em flagrante com base nos relatos dos PMs, e aplicou uma fiança
de R$ 400 para liberar o inspetor que também foi multado com base na legislação
de trânsito.
Fonte: José Luís Costa
| ZERO HORA
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