quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Ato homenageia enfermeira e filho mortos na Capital

Grupo pediu fim da violência doméstica, da qual mulher foi vítima


  Faixas e camisetas com a foto das vítimas foram confeccionadas
  Crédito: Pedro Revillion


     Com camisetas brancas estampando fotografias de Márcia Calixto, de 39 anos, e do filho Matheus, assassinados na semana passada, dezenas de colegas, amigos e familiares se reuniram no final da manhã desta quarta-feira em frente ao Paço Municipal de Porto Alegre para pedir paz. O ato pacífico foi a maneira encontrada pelos colegas de Márcia, que era enfermeira e funcionária da Secretaria Municipal de Saúde, para homenageá-la e, ao mesmo tempo, alertar outras mulheres sobre a violência de gênero. O crime teria sido cometido pelo marido de Márcia e pai de Matheus, o bioquímico Ênio Luiz Carnetti, de 46 anos. Informalmente, ele teria admitido a autoria do crime à polícia.

     Para marcar o ato, foram levadas faixas pedindo paz e o fim da violência contra a mulher. Além disso, foi feito uma espécie de jardim com várias flores, junto à uma foto da enfermeira e do menino. Amiga de Márcia, a médica Elaine Ceccon lembrou que ela havia relatado há cerca de dois meses que estava tendo dificuldades em fazer com que o marido aceitasse a separação. Mesmo assim, para as pessoas de fora do ciclo pessoal, eles continuavam aparentando ser um casal feliz.

     Emocionada, Elaine lembrou que Márcia era reconhecida pelo seu profissionalismo, tanto que era consultora do Ministério da Saúde. “Ela era uma pessoa maravilhosa, como profissional e como amiga. Foi uma tragédia”, afirmou ela, que lembrou os relatos de pressão que a amiga estava sofrendo. “Ele estava perseguindo ela. Queria ver os e-mails particulares e conferia o celular várias vezes, além de telefonar em diversos momentos do dia”, contou.

     A presidente do Sindicato dos Municipários de Porto Alegre (Simpa), Carmen Padilha, também esteve no local. Ela lembrou que a ideia de fazer a homenagem partiu dos colegas que trabalhavam com ela na Coordenadoria Geral de Vigilância em Saúde (CGVS). Além disso, ressaltou que a luta contra a violência à mulher é um movimento debatido constantemente dentro da entidade. “Esse tema faz parte de uma das bandeiras do Simpa, uma vez que os dados sobre a violência à mulher são assustadores”, alertou.

     Os amigos, familiares e colegas pretendem realizar novo ato, em 7 de agosto, no Largo Glênio Peres, em frente ao Mercado Público. A data é uma referência ao aniversário da aprovação da Lei Maria da Penha. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mais de um milhão de mulheres são vítimas de violência doméstica no País. Esse tipo de crime é a maior causa de morte e invalidez na faixa dos 16 aos 44 anos. Outro dado é ainda mais alarmante. De acordo com o IBGE, 11 mulheres são assassinadas por dia e a cada 15 segundo uma mulher é agredida no Brasil.

Fonte: Mauren Xavier / Correio do Povo

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