Juiz Fernando
Vieira dos Santos e delegada Caroline Bamberg Machado, falaram à Rádio Alto
Uruguai na manhã de sábado
O
juiz de Direito da Comarca de Três Passos, Fernando Vieira dos Santos,
responsável pela Vara da Infância e da Juventude, concedeu uma entrevista à
Rádio Alto Uruguai na manhã de sábado (12/04), juntamente com a delegada da
Polícia Civil, Caroline Bamberg Machado. O tema principal tratado na conversa é
o caso do desaparecimento do menino Bernardo Uglione Boldrini, de 11 anos, que
desde o dia 4 de abril não tem seu paradeiro certo, e a atuação do juizado.
Tanto
o juiz Fernando, quanto a delegada Caroline, demonstraram indignação com os
boatos e informações infundadas que estão sendo divulgadas em redes sociais e
em comentários na cidade, inclusive tentando colocar sob suspeição as
investigações e a interpretação do Poder Judiciário.
Também
comentaram sobre a ação ajuizada pelo Ministério Público, referente a problemas
com o menino Bernardo.
Segundo
o juiz Fernando, o sistema processual brasileiro determina, a partir de sua
Constituição, que o juiz não age sem provocação. Ele precisa ser procurado,
precisa ser buscada a jurisdição para que o juiz aja.
“O
Poder Judiciário está preocupado, atuante e envolvido neste caso do
desaparecimento do Bernardo. Não estamos assistindo a isso nem indiferentes ao
que está acontecendo”.
MP ajuizou ação no início do ano. Nenhum pedido de guarda foi
solicitado à justiça
Inicialmente,
Fernando Vieira dos Santos ratificou informações repassadas pela promotora de
justiça da comarca de Três Passos, Dinamárcia Maciel de Oliveira, na
sexta-feira.
“O
Ministério Público propôs no início deste ano uma ação para tratar dos
problemas envolvendo a criança Bernardo Boldrini. Ao tomar conhecimento dos
fatos e relatos trazidos, foram tomadas as medidas cabíveis por parte do
judiciário e encaminhadas à diferentes esferas, inclusive extra-judiciais, como
o Conselho Tutelar e o Ministério Público”.
Fernando
confirmou que todas as medidas legais e cabíveis foram tomadas neste caso para
esclarecimento dos fatos, para proteção da criança.
“A
audiência transcorreu com a presença de todos os interessados, de seus
representantes legais, com a presença do Ministério Público. Foram colhidas
todas as informações possíveis e a decisão foi fundamentada nos melhores
elementos de que dispúnhamos na época”.
Para
o juiz da infância e da juventude, as informações no início do ano diferem
daquilo que vem sendo dito por muitas pessoas nesse momento. “Essa é a grande
questão que as pessoas têm que entender: as informações que tínhamos na época.
Nós tínhamos informações que não correspondem a estes boatos divulgados pelo
Facebook. Uma coisa é o disque-disque, que não tem valor algum para o Poder
Judiciário se não for consubstanciado em um relato concreto de uma pessoa
dizendo isso e aquilo, dando sua palavra para que possa ser avaliada a
veracidade.”
A
delegada Caroline seguiu na mesma linha de interpretação. “Nós não temos como
saber o que essas pessoas que estão falando agora, sabiam antes. Como iríamos
ter conhecimento do que estas pessoas estão relatando sabiam antes de acontecer
esse fato, se elas não vieram nos procurar. Nós não temos bola de cristal para
saber. Se essas pessoas sabiam antes, por que não vieram falar?”, desabafou.
Para
o magistrado, as informações de antes são diferentes das informações que se tem
hoje. “Na época, tentamos tomar a decisão baseado nas melhores informações que
tínhamos e das disposições legais. Com os relatos que tivemos na época. O
desaparecimento do menino era praticamente imprevisível. Não adianta as pessoas
falarem hoje que dava para prever. Não é assim.”, destacou o juiz Fernando.
A
informação de que pedidos de guarda do menino foram solicitadas, foi refutada
de forma enfática pelo juiz. “Não recebemos nenhum pedido, de qualquer família,
formal ou informalmente, que tenha sido feito para a promotoria de justiça,
para o juizado da infância e da juventude ou para qualquer órgão, de guarda da
criança Bernardo. Diferentemente de alguns boatos que estão correndo ao longo
da semana”, disse.
Sobre
suposições, que tentariam até mesmo colocar sob suspeição o julgador, novamente
Fernando demonstrou sua indignação. “Eu não tenho relação alguma de amizade com
qualquer pessoa envolvida neste processo. Não é admissível que as pessoas
lancem este tipo de ilação. Uma pessoa que não sabe nada do processo, que não
sabe nada sobre a minha pessoa, que não mora em Três Passos, que não tem o
menor conhecimento de nada, vir à rede social e falar qualquer bobagem que
seja, isso é inadmissível e intolerável.”
Fernando
deixou claro que o foco das investigações é total na tentativa de desvendar o
desaparecimento, mas que a inconsequência de alguns relatos em redes sociais
serão avaliadas. “Essas pessoas que estão lançando informações difamatórias,
com o intuito de atacar qualquer autoridade aqui de Três Passos, vão ser
responsabilizadas com o rigor que a lei prevê”, destacou.
Delegada confirma que as investigações seguem em ritmo intenso
“Trabalhamos
com várias linhas de investigação. Algumas delas, com o passar do tempo, estão
enfraquecendo. Como não temos nada de concreto ainda, estamos trabalhando com
todas as linhas. A possibilidade de seqüestro está enfraquecendo a cada dia,
pois não é comum o seqüestrador ficar tanto tempo sem entrar em contato com a
família pedindo resgate. O fato dele ter desaparecido por conta própria também
está enfraquecendo. Ele é uma criança que não conseguiria ficar sete dias
longe, sem ser visto”.
A
delegada também comentou sobre os indícios e informações repassadas pela
comunidade. “A prova testemunhal é totalmente relativa. Nós temos que ter
cuidado. Muitas pessoas que acharam que viram ele, vieram ratificar à polícia
que não tinham tanta certeza disso. Estamos trabalhando com uma equipe de 15
pessoas, com três delegados cuidando diretamente do caso, mais 12 agentes.
Estamos fazendo de tudo para desvendar este caso. Temos apoio irrestrito do
Poder Judiciário, do Ministério Público, apoio irrestrito da Brigada Militar,
apoio do Conselho Tutelar e da própria sociedade.”
Segundo
a delegada, todas as denúncias ou indícios estão sendo analisadas, dentro da
sua razoabilidade.
Boato sobre corpo encontrado no Salto do Yucumã não é verdadeiro
Sobre
o boato de que haveria sido encontrado o corpo do menino no Parque Estadual do
Turvo, em Derrubadas, próximo ao Salto do Yucumã, na sexta-feira, a delegada
destacou que a informação não procede. “Nenhum corpo foi encontrado naquele
local”, confirmou.
A
polícia confirma que as buscas e diligência continuam de forma intensa e
ininterrupta, contando sempre com o apoio da comunidade, que também está
mobilizada nas buscas por indícios ou informações.
Qualquer
denúncia pode ser repassada para a Polícia Civil, através do fone 197 ou
Brigada Militar, pelo fone 190. O informante não precisa se identificar.
Fonte/Fotos: Rádio Alto Uruguai
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