Dois Vizinhos, no sudoeste,
funcionava como entreposto do contrabando.
Segundo a PF,
policial informava se havia a presença de policiais na região.
Segundo a PF, líderes da
quadrilha eram da mesma família (Foto: Polícia Federal/Divulgação)
A
quadrilha especializada no contrabando de cigarros do Paraguai que vinha agindo
na região sudoeste do Paraná e no Rio Grande do Sul, presa na manhã de quinta-feira (13), contava
com o apoio de um policial civil, que também foi preso na operação. De acordo
com a Polícia Federal, o policial era responsável por identificar a possível
presença de outros policiais na região. A quadrilha praticava os crimes havia
pelo menos dois anos.
De
acordo com o delegado Celso Mochi, para dificultar o trabalho dos policiais em
prender a quadrilha, o policial civil passava informações ao grupo sobre a
realização de fiscalizações ou operações, por exemplo. “Esse policial se valia
do cargo para passar informações à quadrilha. Consultava as placas de veículos
e informava se era veículo oficial, se era veículo particular”, explicou o
delegado Celso Mochi. Segundo a PF, os líderes do grupo são da mesma família.
“São dois casais e todos eles atuavam juntos”, explicou o comandante da
operação, Martin Purper.
Além da ajuda do policial, a quadrilha
contava com o apoio de moradores, que tinham a função de vigiar a movimentação
de policiais. “Esse pessoal se valia de olheiros que, não raras vezes, quando
suspeitava de um veículo que poderia ser da polícia ou de algum outro órgão de
fiscalização, eles seguiam esses veículos, seguiam até o hotel onde essas
pessoas se hospedavam, exigiam que o estabelecimento fornecesse a identificação
de quem estava se hospedando, e, muitas vezes, exigiam até mesmo a ficha de
hospedagem da pessoa. Tudo na tentativa de dificultar o possível trabalho
policial”, complementou o delegado Mochi.
Investigações tiveram início
em julho de 2013. Para o transporte, quadrilha utilizava caminhões e carretas
com fundos falsos (Foto: Polícia Federal / Divulgação)
As investigações começaram em julho de
2013. O grupo usava as regiões de Foz do Iguaçu e Guaíra, ambas na fronteira com o
Paraguai, para entrar com o produto de maneira ilegal no país. Já no Brasil,
seguiam até Dois Vizinhos, cidade que funcionava como entreposto para a
mercadoria que tinha como destino o estado do Rio Grande do Sul e Santa
Catarina.
De acordo com o delegado, a organização
criminosa movimentava, ao mês, de R$ 3 milhões a R$ 4 milhões. Além disso, só
nesta quinta-feira, a Justiça bloqueou 20 imóveis, sendo dois comerciais no
valor de R$ 5 milhões e três propriedades rurais no valor de R$ 600 mil.
Para movimentar o dinheiro, conforme a PF,
a quadrilha utilizava uma empresa fantasma. Dois laboratórios de análises
clínicas instalados em Francisco Beltrão, que são de
propriedade dos líderes da quadrilha, também eram usados para a movimentação
dos valores. “Eram utilizados para aplicar em recursos e tentar transformar
isso em uma atividade lícita”, contou Purper.
Grupo usava uma empresa
fantasma para movimentar o dinheiro (Foto: Polícia Federal/Divulgação)
No total, 130 agentes da Polícia
Federal, divididos em 12 equipes, participaram do cumprimento de
oito mandados de prisão e 21 de busca e apreensão em Cascavel,
Francisco Beltrão, Dois Vizinhos e Venâncio Aires. Os policiais
apreenderam dinheiro – que ainda não foi contabilizado – veículos e arma de
fogo.
Desde o início das investigações que
culminaram na operação "Corredor Sudoeste" e tiveram o auxílio do
veículo aéreo não tripulado (vant), a Polícia Federal fez dez apreensões
de cigarros contrabandeados pela quadrilha. Os envolvidos responderão pelos
crimes de contrabando e descaminho, corrupção ativa e passiva, recepção
qualificada e crime contra a saúde pública e contra as relações de consumo.
Fonte: Cassiane Seghatti | Do G1 PR, em Cascavel
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