quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Prefeitura retira pertences de moradora de rua, no centro de Santa Maria

Dona Maria diz que não sairá da esquina da Venâncio com Rio Branco

Prefeitura retira pertences de moradora de rua, no centro de Santa Maria Jean Pimentel/Agencia RBS
Funcionários da prefeitura conversam com mulher que mora na rua há pelo menos cinco anosFoto: Jean Pimentel / Agencia RBS

Gerou reboliço uma tentativa de órgãos da prefeitura em retirar uma moradora de rua do espaço onde morava, na esquina da Rua Venâncio Aires com Avenida Rio Branco, em Santa Maria, por volta das 23h de quarta-feira.

Conhecida como dona Maria, a mulher que se apresenta como Ivonete Rosa de Menezes, 60 anos, recusou-se a deixar o local. Não sem confusão. Pelo menos uma dezena de pessoas foram ao local para protestar depois que carros da Guarda Municipal e kombis da fiscalização estacionaram perto dali para recolher os mais de 30 sacos de lixo de Maria. Ambulantes, moradores e curiosos assistiam a retirada enquanto a mulher fazia resistência verbal:

— Não saio daqui! — dizia, em resposta aos convites de ir para o Albergue ou para a casa de algum familiar.

Dona Maria xingou e ofendeu os funcionários da prefeitura, sem resultados. O material estocado nos sacos que acumulou — que ela afirma estarem repletos de roupas, calçados e outros pertences de uso pessoal — foi levado. Ao Diário, a moradora de rua afirmou que uma conhecida, que seria funcionária do Fórum, disse que ações desse tipo seriam ilegais na ausência de um mandado judicial. Ela quer que a Justiça seja válida para ela, também.

Sem relações com nenhum parente, dona Maria diz que decidiu morar na rua há cerca de cinco anos, desde que a dona da casa que alugava, no bairro Salgado Filho, demoliu a residência.

Prefeitura tem outra versão

Conforme a secretária de Assistência Social, Margarida Mayer, a ação dos órgãos municipais não visava a retirada da moradora, apenas o recolhimento dos sacos de lixo, que somavam grande quantidade de recicláveis e detritos, que poderiam representar risco sanitário a quem passa na região.

— O poder público tem responsabilidade com essa questão da retirada de resíduos sólidos — justificou a secretária.

Margarida conta que, antes da ação, psicólogo e assistente social da secretaria conversaram com dona Maria para explicar o que seria feito e que teriam tentado construir com ela algumas alternativas. Entre elas, a venda do material reciclável que ela afirmava ter e a busca por um novo lugar para morar, como a Casa de Passagem ou a casa de parentes.

A moradora de rua disse ao Diário que só sairia dali se a prefeitura lhe desse uma casa própria. Segundo a secretária de Assistência, a prefeitura está a disposição para viabilizar um lar para ela.

Perto da 1h, dona Maria seguia na esquina, sobre um pedaço de papelão e protegida por um cobertor.

Fonte: Tatiana Py Dutra | DIÁRIO DE SANTA MARIA

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