Dona Maria diz que não sairá da esquina da
Venâncio com Rio Branco
Funcionários da prefeitura conversam com mulher que mora na rua há pelo menos cinco anosFoto: Jean Pimentel / Agencia RBS
Gerou reboliço uma tentativa
de órgãos da prefeitura em retirar uma moradora de rua do espaço onde morava,
na esquina da Rua Venâncio Aires com Avenida Rio Branco, em Santa Maria, por
volta das 23h de quarta-feira.
Conhecida como dona
Maria, a mulher que se apresenta como Ivonete Rosa de Menezes, 60 anos,
recusou-se a deixar o local. Não sem confusão. Pelo menos uma dezena de pessoas
foram ao local para protestar depois que carros da Guarda Municipal e kombis da
fiscalização estacionaram perto dali para recolher os mais de 30 sacos de lixo
de Maria. Ambulantes, moradores e curiosos assistiam a retirada enquanto a
mulher fazia resistência verbal:
— Não saio daqui! —
dizia, em resposta aos convites de ir para o Albergue ou para a casa de algum
familiar.
Dona Maria xingou e
ofendeu os funcionários da prefeitura, sem resultados. O material estocado nos
sacos que acumulou — que ela afirma estarem repletos de roupas, calçados e
outros pertences de uso pessoal — foi levado. Ao Diário, a moradora de rua
afirmou que uma conhecida, que seria funcionária do Fórum, disse que ações
desse tipo seriam ilegais na ausência de um mandado judicial. Ela quer que a
Justiça seja válida para ela, também.
Sem relações com
nenhum parente, dona Maria diz que decidiu morar na rua há cerca de cinco anos,
desde que a dona da casa que alugava, no bairro Salgado Filho, demoliu a
residência.
Prefeitura
tem outra versão
Conforme a secretária
de Assistência Social, Margarida Mayer, a ação dos órgãos municipais não visava
a retirada da moradora, apenas o recolhimento dos sacos de lixo, que somavam
grande quantidade de recicláveis e detritos, que poderiam representar risco sanitário
a quem passa na região.
— O poder público tem
responsabilidade com essa questão da retirada de resíduos sólidos — justificou
a secretária.
Margarida conta que,
antes da ação, psicólogo e assistente social da secretaria conversaram com dona
Maria para explicar o que seria feito e que teriam tentado construir com ela
algumas alternativas. Entre elas, a venda do material reciclável que ela
afirmava ter e a busca por um novo lugar para morar, como a Casa de Passagem ou
a casa de parentes.
A moradora de rua
disse ao Diário que só sairia dali se a prefeitura lhe desse uma casa própria.
Segundo a secretária de Assistência, a prefeitura está a disposição
para viabilizar um lar para ela.
Perto da 1h, dona
Maria seguia na esquina, sobre um pedaço de papelão e protegida por um
cobertor.
Fonte:
Tatiana Py Dutra | DIÁRIO DE SANTA MARIA
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