domingo, 16 de fevereiro de 2014

Cinzas de mãe e filha encontradas mortas nos EUA chegam a Goiás

'Elas saíram com vida e voltaram em duas caixinhas, é muito triste', diz irmã.
Corpo do marido da vítima também foi achado na casa da família, em Orlando.

Cledione Ferraz do Amaral com a filha - família morta em Orlando - Formosa - Goiás (Foto: Suenia Ruppenthal/Arquivo pessoal)
Cledione Ferraz do Amaral com a filha
(Foto: Suenia Ruppenthal/Arquivo pessoal)

As cinzas dos corpos de Cledione Ferraz do Amaral, de 34, e da filha Wendy Ferraz do Amaral, de 10, encontradas mortas na Flórida, nos EUA, chegaram ao Brasil na última quinta-feira (13), mais de dois meses após o crime. Morando em Formosa, no Entorno do Distrito Federal, a família aguarda parentes para o sepultamento, que deve ocorrer na próxima semana. “Elas saíram com vida e voltaram em duas caixinhas, é muito triste. Mas vamos dar o descanso que elas merecem”, disse ao G1 a irmã de Cledione, a estudante de direito Suenia Ruppenthal.
Mãe e filha foram encontradas mortas dentro de um carro, na garagem da casa em que viviam, em Orlando. No veículo também estava o marido de Cledione, Márcio Ferraz do Amaral, de 45 anos. Suenia não soube informar se o corpo do cunhado também chegou ao país porque não mantém contato com a família dele.

Após ganhar as passagens aéreas, a estudante de direito foi aos Estados Unidos para cuidar da cremação e do traslado das cinzas. Segundo Suelen,  o procedimento demorou mais do que o esperado porque familiares de Márcio entraram na Justiça para exigir a divisão das cinzas da sobrinha.

“Pela legislação, as cinzas devem ficar com os avós maternos, no caso, meus pais. Nós assinamos a autorização para dividir porque, se não concordássemos amigavelmente, isso levaria meses para ser decidido, o que causaria mais sofrimento. Além disso, geraria mais gastos com advogado e  nós não temos condição de pagar”, explica.

Suelen reclama que não recebeu ajuda do consulado brasileiro. "Não quero mais saber do consulado e do governo. Eles não puderam me ajudar nem com um intérprete. Não fizeram nenhum telefonema enquanto eu estava lá. Enfrentei tudo sozinha e contei com a ajuda amigos", afirma.

Procurado pelo G1, o Ministério das Relações Exteriores, por meio do Consulado-Geral do Brasil em Miami, informou, em nota, que "desde o início acompanhou o caso junto às autoridades locais e aos familiares das vítimas, prestando assistência consular à família no limite das possibilidades legais. O orgão afirmou ainda que "o Consulado ofereceu informações relativas aos trâmites funerários e eventual traslado dos corpos para o Brasil, bem como se dispôs a prestar qualquer assistência que se fizesse necessária".

A investigação sobre o crime ainda não foi concluída. De acordo com a estudante, a família está pagando um advogado para acompanhar o inquérito nos Estados Unidos.

Morte

O corpo dos três foram encontrados no dia 7 de dezembro de 2013. De acordo com o noticiário americano WFTV, a polícia da região de Orange County acredita que pai, mãe e filha já estavam mortos há pelo menos três semanas. Segundo o noticiário, um representante do condomínio onde viviam os Amaral sentiu um cheiro forte na residência e chamou a polícia. Os corpos foram encontrados já em estado de decomposição.

Márcio Ferraz do Amaral, 45 anos, era piloto de avião (Foto: Suenia Ruppenthal/Arquivo pessoal)
   Márcio Ferraz era piloto de avião
   (Foto: Suenia Ruppenthal/Arquivo pessoal)

Não havia sinais de arrombamento da residência nem de ferimentos nas vítimas. De acordo com a imprensa local, a polícia trabalha com a hipótese de que as mortes tenham sido resultado de duplo homicídio seguido de suicídio.

O casal se mudou há cinco anos para os EUA. Amaral era piloto de avião e a mulher trabalhava em um parque temático da Disney em Orlando. Segundo Suenia, amigos da família que moram na Flórida informaram que ultimamente Márcio trabalhava em uma empresa aérea que fazia voos para a Índia.

Suenia não acredita na hipótese de suicídio levantada pela polícia americana. "Eles eram muito felizes e não tinham motivos para se matar. A gente se falava pela internet com frequência, mas o último contato já tinha cerca de um mês. Mesmo assim, sei que eles estavam realizados lá e se amavam", relatou.

A estudante também disse que a família não tinha conhecimento de que o casal passava por dificuldades financeiras. "A mulher que alugava a casa disse que eles não pagavam o aluguel há cinco meses. Mas não sabíamos disso, ainda mais porque eles trabalhavam e levavam uma vida confortável lá", afirmou Suenia.

Fonte: Paula Resende | Do G1 GO

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