Tricolor
precisa de um empate na Argentina, dia 29, para comemorar o Tri da Libertadores
da América
Cícero marcou gol da vitória gremista | Foto:
Fabiano do Amaral
Arena,
historicamente, é um local de duelos entre guerreiros. A primeira partida da
final da Libertadores, disputada na noite desta quarta-feira, 22 de novembro de
2017, na Arena do Grêmio foi um exemplo dessa tradição. Grêmio e Lanús protagonizaram um confronto
disputado metro a metro do gramado. Ninguém queria dar espaço ao adversário.
Marcação dura, forte. E arbitragem confusa. Elementos típicos de uma final de
Libertadores. E em final também é preciso ter estrela. Grohe tem. Fez dois
milagres. Renato tem. Ele fez duas substituições que definiram o jogo. Colocou
Cícero e Jael. No lance que originou o único gol do jogo, Jael, de cabeça,
ajeitou para Cícero que tocou para o fundo das redes.
Na
próxima quarta, em Lanús, na Argentina, no estádio La Fortaleza, o Tricolor
precisa somente de um empate para sagrar-se tricampeão da Libertadores da
América. Os argentinos, se quiserem ter o privilégio de levantar a taça
pela primeira vez têm que vencer. Caso a vitória seja por um gol de diferença,
a partida irá para a prorrogação e se persistir a igualdade, a decisão será nos
pênaltis.
Grêmio
começa em cima
É verdade
que o Tricolor, dono da casa, tentou se impor no começo do jogo. Jaílson,
Arthur, Ramiro e Luan marcando em cima. Tentando sufocar a saída de bola do
Lanús. A troca de passes não teve a mesma velocidade e efetividade de outras
partidas. O Grêmio tentava com Luan, sempre marcado em cima. O meia-atacante
gremista se livrava dos marcadores, quando não era derrubado e tentava
lançamentos para a área. Aos 9 ele recebeu na entrada da área, driblou dois e
cruzou. Andrada se antecipou e ficou com a bola. Aos 17, tentou arriscar um
chute. Ele dominou pela esquerda, carregou, mas chutou muito embaixo da bola.
Passou longe do gol de Andrada.
Bem
posicionada, a zaga do Lanús levou vantagem em todas. O único que destoou no
time argentino foi o goleiro Andrada. Ele protagonizou pelo menos duas
"lambanças". Uma aos 26 e outra aos 44. Na primeira, tentou sair
jogando e errou. Pena que Ramiro não conseguiu chutar. A outra foi aos 44. Ele
tentou sair jogando, errou feio. A bola ficou para Arthur. O volante gremista bateu
rasteiro e fraco. O Lanús, sem se sentir ameaçado, foi, pouco a
pouco saindo de trás. Sem pressa. Foram avançando.
Lanús
assusta; Grohe faz milagres
Porém, do meio para a frente,
eles melhoraram e tiveram duas oportunidades reais. Trocavam passes com
categoria e sem pressa. Marcelo Grohe fez dois milagres. Aos 33, numa boa
jogada de Martínez, que recebeu passe do atacante Sand, fazendo jogada de pivô,
e chutou cruzado. Grohe defendeu o chute forte. O Lanús, a esta altura,
envolvia o Grêmio. A Arena sentia e tentava, timidamente, entoar seus cânticos,
tremular suas bandeiras. Aos 39, após escanteio, o zagueiro Braghieri
subiu no terceiro andar, livre de marcação, e mandou como se deve: cabeçada
forte para baixo. Marcelo Grohe fez uma defesa monumental. Puro reflexo. Se
esticou todo para tocar na bola. A Arena, com mais de 55 mil torcedores, ficou
num silêncio ensurdecedor.
Reclamação
gremista
O time e a torcida foram se
recuperando aos poucos. O último lance do primeiro tempo foi do Grêmio. E gerou
reclamação. Ramiro entrou a drible na área e sofreu carga. A Arena pediu
pênalti. O juiz mandou seguir e nem fez menção de usar o árbitro de vídeo.
Renato reclamou demais.
Grêmio
vai para cima
Na segunda etapa, o Grêmio
adiantou ainda mais a marcação. Tentou encurralar o Lanús e achar uma brecha.
Cortez, aos 13 minutos, arriscou de fora da área. Andrada se esticou todo e com
a ponta dos dedos mandou para escanteio. Um pouco antes, Luan, chamando o jogo,
fez fila driblando quatro marcadores. Ele tocou para Arthur que não conseguiu
dar sequência. A torcida, meio tímida e receosa, tentava crescer e ajudar
o time. O Grêmio montou um bloco, ocupou o campo de ataque. Geromel, aos 17,
cruzou na medida. Jaílson subiu bonito, mas mandou pra fora. O goleiro do Lanús
já estava batido no lance.
O Lanús, quando pegava a bola,
cadenciava, trocava passes, mas sem acelerar as jogadas. O objetivo estava
claro: fazer o tempo passar, enervar o Grêmio. O Tricolor, consciente, mantinha
sua linha defensiva atenta, apesar de Kannemann ter feito um jogo abaixo do seu
habitual. Tanto que levou amarelo ainda no primeiro tempo, num lance confuso, é
verdade. Com isso, está fora da segunda partida da decisão. O time de Renato,
bastante nervoso na beira do campo, tentou com bolas alçadas, uma vez que pelo
chão a defesa do Lanús não errava nada. Jael, que entrou no lugar de Lucas
Barrios, aos 33, arrancou com a bola e arriscou. O chute saiu fraco. Andrada
soltou, mas conseguiu se recuperar.
Mudanças
com a estrela de Renato: gol de Cícero
O Grêmio foi para o abafa. Numa destas bolas
alçadas. Edílson mandou pra área, Jael, de cabeça, ajeitou e a bola sobrou para
Cícero com o bico da chuteira, tirar de Andrada e a bola entrar no cantinho: 1
a 0. Explosão na Arena. Ferrolho aberto. Tricolor na frente. Depois disso,
paralisações, catimba e empurra-empurra. No último lance da partida, Jael foi
derrubado dentro da área. Os gremistas pediram pênalti. O juiz não marcou e
logo em seguida encerrou o jogo. Mais confusão, troca de empurrões. Uma mostra
do que será o jogo de volta: uma guerra.
A verdade
é que, apesar do 1 a 0, não tem nada definido. São dois grandes times. A única
definição é que conheceremos o novo campeão da América no próximo dia 29, em
Lanús, na Argentina.
Libertadores
2017 - Final
GRÊMIO
(1)
Marcelo Grohe; Edílson, Pedro
Geromel, Kannemann e Bruno Cortez; Jailson (Cícero), Arthur, Ramiro, Luan e
Fernandinho (Everton); Lucas Barrios (Jael).
Técnico: Renato Portaluppi
LANÚS (0)
Andrada; José Gómez, Rolando
García, Braghieri e Maxi Velázquez (Aguirre); Román Martínez, Marcone e
Pasquini; Alejandro Silva, José Sand e Acosta.
Técnico: Jorge Almirón
Gol: Cícero
(Grêmio), aos 37 minutos do segundo tempo.
Cartões
amarelos: Cícero, Kannemann e Jailson (Grêmio); Braghieri, Maxi
Velázquez, Rolando García e Acosta (Lanús).
Árbitro: Julio Bascuñan
(Fifa/Chile).
Público: 55.188 pagantes.
Local: Arena Grêmio, em Porto
Alegre (RS).
Rodrigo Celente
Correio do Povo
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