Assessoria de Imprensa da Fetag
Cerca de três mil produtores de leite do Rio Grande do Sul mostraram ontem
(24), mais uma vez, todo descontentamento com as indústrias e governos, que se
mostram indiferentes às famílias produtoras de leite. Nos últimos meses,
literalmente, estão pagando para produzir. Somente em 2017, aproximadamente, 20
mil famílias desistiram da atividade. Para impedir que o número cresça, ainda
mais, os sobreviventes atenderam ao chamado da Fetag e dos Sindicatos dos
Trabalhadores Rurais e protestaram na Lactalis, em Teutônia, e na Nestlé, em
Palmeira das Missões.
Por volta das 11h30min, o presidente da Fetag, Carlos Joel da Silva, acompanhado de diversas lideranças, esteve reunido com a gerência da Lactalis. Ficou definida uma agenda envolvendo a Lactalis, o Sindilat e a Universidade de Passo Fundo (UPF) no dia 5 de dezembro, às 9h, na sede da Federação, em Porto Alegre, para discutir toda a pauta entregue à Lactalis. “Vamos ver de que forma poderemos trabalhar de forma conjunta daqui para frente, prevendo um contrato entre produtor e indústria, bem como uma garantia de preço antecipado à entrega da produção e, ainda, de que maneira pode ser feito para encurtar o prazo de pagamento, que hoje é de 45 dias. Já temos uma ideia de que esse prazo possa ser reduzido para cinco dias úteis. Caso não haja avanços nesta negociação, os agricultores saíram daqui com o compromisso de voltar em uma nova mobilização trazendo mais cinco vizinhos”, disse Joel.
Distante 270km, às 12h, era a vez da comissão de negociação da Fetag, em Palmeira das Missões, tendo a frente Pedrinho Signori e Elisete Hintz, tesoureira-geral da Federação, entregar as reivindicações à gerência da Nestlé. O motivo das mobilizações é denunciar à sociedade as distorções do livre mercado do Mercosul, as empresas que fazem concorrência desleal importando lácteos e usufruindo de benefícios fiscais concedidos pelo Estado e a ineficácia do estado brasileiro na solução dos problemas dos produtores de leite, tais como o enxugamento de mercado via compras institucionais.
De acordo com Pedrinho Signori, secretário-geral da Fetag, nos últimos meses o produtor está trabalhando com muito prejuízo, pagando para produzir. “A mobilização de hoje nestas duas cidades, fecha um ciclo, já que a Nestlé e Lactalis são as indústrias que mais captam leite no mundo. Elas recebem milhões em isenção fiscal aqui no RS e compram muito leite no Uruguai. Isso é um verdadeiro desserviço social. Recebem incentivos governamentais e em vez de contribuir com a cadeia leiteira, jogam o preço ao produtor ainda mais para baixo. Esse fato levou mais de 20 mil produtores gaúchos a desistirem da atividade em decorrência do preço estar menor do que o custo de produção”, justificou.
Além de pedir que as indústrias parem de importar tanto leite, Pedrinho
explicou que a forma de pagamento que as empresas utilizam penaliza ainda mais
o produtor, pois eles recebem somente 45 dias após a entrega do leite. “Ou se
consegue equilibrar a cadeia ou de fato essas duas fábricas se transformarão em
elefantes brancos sem que tenham produtores amanhã”, projeta Signori.
Fonte: Assessoria de Imprensa da Fetag
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