sábado, 25 de novembro de 2017

Nestlé e Lactalis são alvos de manifestação de produtores de leite


   Assessoria de Imprensa da Fetag

Cerca de três mil produtores de leite do Rio Grande do Sul mostraram ontem (24), mais uma vez, todo descontentamento com as indústrias e governos, que se mostram indiferentes às famílias produtoras de leite. Nos últimos meses, literalmente, estão pagando para produzir. Somente em 2017, aproximadamente, 20 mil famílias desistiram da atividade. Para impedir que o número cresça, ainda mais, os sobreviventes atenderam ao chamado da Fetag e dos Sindicatos dos Trabalhadores Rurais e protestaram na Lactalis, em Teutônia, e na Nestlé, em Palmeira das Missões.

Por volta das 11h30min, o presidente da Fetag, Carlos Joel da Silva, acompanhado de diversas lideranças, esteve reunido com a gerência da Lactalis. Ficou definida uma agenda envolvendo a Lactalis, o Sindilat e a Universidade de Passo Fundo (UPF) no dia 5 de dezembro, às 9h, na sede da Federação, em Porto Alegre, para discutir toda a pauta entregue à Lactalis. “Vamos ver de que forma poderemos trabalhar de forma conjunta daqui para frente, prevendo um contrato entre produtor e indústria, bem como uma garantia de preço antecipado à entrega da produção e, ainda, de que maneira pode ser feito para encurtar o prazo de pagamento, que hoje é de 45 dias. Já temos uma ideia de que esse prazo possa ser reduzido para cinco dias úteis. Caso não haja avanços nesta negociação, os agricultores saíram daqui com o compromisso de voltar em uma nova mobilização trazendo mais cinco vizinhos”, disse Joel.

Distante 270km, às 12h, era a vez da comissão de negociação da Fetag, em Palmeira das Missões, tendo a frente Pedrinho Signori e Elisete Hintz, tesoureira-geral da Federação, entregar as reivindicações à gerência da Nestlé. O motivo das mobilizações é denunciar à sociedade as distorções do livre mercado do Mercosul, as empresas que fazem concorrência desleal importando lácteos e usufruindo de benefícios fiscais concedidos pelo Estado e a ineficácia do estado brasileiro na solução dos problemas dos produtores de leite, tais como o enxugamento de mercado via compras institucionais.

De acordo com Pedrinho Signori, secretário-geral da Fetag, nos últimos meses o produtor está trabalhando com muito prejuízo, pagando para produzir. “A mobilização de hoje nestas duas cidades, fecha um ciclo, já que a Nestlé e Lactalis são as indústrias que mais captam leite no mundo. Elas recebem milhões em isenção fiscal aqui no RS e compram muito leite no Uruguai. Isso é um verdadeiro desserviço social. Recebem incentivos governamentais e em vez de contribuir com a cadeia leiteira, jogam o preço ao produtor ainda mais para baixo. Esse fato levou mais de 20 mil produtores gaúchos a desistirem da atividade em decorrência do preço estar menor do que o custo de produção”, justificou.

Além de pedir que as indústrias parem de importar tanto leite, Pedrinho explicou que a forma de pagamento que as empresas utilizam penaliza ainda mais o produtor, pois eles recebem somente 45 dias após a entrega do leite. “Ou se consegue equilibrar a cadeia ou de fato essas duas fábricas se transformarão em elefantes brancos sem que tenham produtores amanhã”, projeta Signori.


Fonte: Assessoria de Imprensa da Fetag
 
Rádio Colonial

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