Em fraca atuação, Colorado reage tarde demais e encerra
Brasileirão em 17º lugar
Grande também cai: Inter está na segunda divisão | Foto:
Guilherme Testa
Não deu.
O Inter está rebaixado à segunda divisão. Quando precisou crescer para a última
batalha pela sobrevivência, o time colorado fraquejou diante do Fluminense e
apenas empatou em 1 a 1, no estádio Giulite Coutinho, em Mesquita, Rio de
Janeiro.
Com o
resultado, o Inter permaneceu na 17ª colocação do Campeonato Brasileiro, com 43
pontos, e naufragou para o pior dia de sua história de 107 anos. Dessa vez não
deu para escapar e os colorados terão de disputar a Série B pela primeira vez
em 2017.
O jogo
teve requintes dramáticos, mas também uma fraca atuação dos colorados,
obrigados a vencer. A nesga de esperança só chegou ao segundo tempo pois Danilo
Fernandes chegou a defender um pênalti na etapa inicial. O goleiro, porém, foi
traído pelo desvio de Paulão no chute de Douglas, aos 28 do segundo tempo, e
nada pôde fazer para salvar a definitiva bola. Aos 42, Gustavo Ferrareis
acertou um belo chute e deixou tudo igual, num gol pouco comemorado.
Àquela
altura, nem apenas mais a vitória adiantaria aos colorados, pois o Sport já
vencia o Figueirense, em Recife. Em Salvador, o Vitória perdia para o Palmeiras
e estaria ao alcance dos colorados na pontuação, porém mantinham boa vantagem
no saldo de gols. Além do Inter, Figueirense, Santa Cruz e América-MG caíram
para a Série B. No caminho inverso, Atlético-GO, Avaí, Vasco e Bahia subiram à
primeira divisão.
Danilo
mantém o fio de esperança
A exemplo
de outras tantas partidas anteriores do Inter no Brasileirão, o duelo com o
Fluminense foi marcado pelo suplício do time colorado na tentativa de jogar
futebol. Mesmo com a corda no pescoço, prestes a ir para a execução e descender
para a segunda divisão, a equipe gaúcha não conseguiu fazer um primeiro tempo
que estivesse de acordo com a necessidade do clube: uma vitória.
Os
primeiros minutos foram até surpreendentes para o padrão colorado, tão
criticado ao longo do Campeonato Brasileiro. Animado, o time conseguiu por
alguns instantes encurralar e o Fluminense e ter mais posse de bola, tanto que
aos dois minutos o Inter perdeu aquela que se tornou uma das principais chances
do jogo. Vitinho passou por dois marcadores e cruzou para Valdívia. O meia-atacante
se enrolou com a bola, mas conseguiu bater cruzado e perder um gol incrível.
Seria o gol da libertação, da redenção colorada, mas ele não veio.
A partir
dos 10 minutos, panorama do confronto mudou e todo aquele nervosismo da equipe,
já conhecido do torcedor colorado, veio à tona. O Fluminense passou a encontrar
espaços e se aproveitar da fragilidade técnica e psicológica da equipe gaúcha.
Mesmo com apenas Gustavo Scarpa como referência do meio-campo para frente, o
clube carioca explorava jogadas pela linha de fundo e pelo meio. Aos 13, Scarpa
quase abriu o placar quando chutou de fora da área. Danilo, o mais regular dos
colorados, fez uma grande defesa.
O Inter
tentava reagir, como se fosse um paciente lutando pela vida, mas permanecia
estático. Os erros foram se repetindo e o Fluminense cada vez maior dentro do
jogo. Valdívia tentava levar o Inter ao ataque, mas não tinha forças para
fazê-lo sozinho, já que Vitinho e Nico López estavam apagados.
Aos 35
minutos, o Fluminense chegou ao ataque através de Gustavo Scarpa. Ele cruzou da
direita e encontrou o Wellington livre. O meia estava livre para chutar, mas
Valdívia se jogou na frente da bola e conseguiu desviar o lance para salvar a
pátria.
O Inter
se repetia na falta de virtudes e seu adversário era quem aproveitava. Em um
dos muitos momentos de distração da defesa colorada, Henrique Dourado fez bela
jogada pela esquerda e cruzou para Richarlison, que estava prestes a marcar o
gol do Fluminense. O jogador caiu dentro da área após sentir a presença de Alex
e o árbitro Héber Roberto Lopes marcou pênalti. Apesar do protesto tímido dos
atletas colorados, a decisão foi definitiva e ali a queda para a Série B
pareceu cada vez mais próxima. Aos 43, Richarlison partiu para a bola e bateu,
mas Danilo, mais uma vez, deu uma sobrevida ao Colorado, o suficiente para
lutar no segundo tempo.
O
calvário, enfim
Quem
esperava a reação do Inter no segundo tempo, depois de passar 45 minutos
sofrendo para segurar um 0 a 0, ficou mais uma vez decepcionado. De maneira
melancólica, o time de Lisca voltou para a etapa complementar com as mesmas
dificuldades vistas nas 37 rodadas anteriores do Brasileirão. Nem mesmo os
jogadores conseguiam reagir dentro de campo para tentar algo diferente.
O filme
de terror para o torcedor colorado ganhou continuação, com direito a mais
sustos. Logo aos dois minutos, o Wellington teve a chance de abrir o placar em
um contra-ataque. Após ser lançado por Gustavo Scarpa, o jogador tentou
encobrir o goleiro Danilo, mas o chute saiu ruim e Alex conseguiu evitar o
pior.
Enquanto
o Inter fazia um esforço descomunal para jogar futebol e tentar salvar a
própria pele, o Sport, dentro da sua casa, conseguia fazer o dever de casa.
Logo no começo do segundo tempo, Rogério abriu o placar e liquidou as esperanças
coloradas de sair da zona de rebaixamento. A notícia se espalhou e deixou ainda
mais cabisbaixos os agitados torcedores do Inter que estavam no estádio Giulite
Coutinho.
Em campo,
o Inter seguia correndo riscos e brigando com a bola, não com o adversário.
Como se não bastasse, aos 12 minutos o Colorado perdeu aquele que mais se
esforço em campo para mudar a situação da equipe. Valdívia sofreu uma falta
forte e saiu lesionado. Gustavo Ferrareis entrou em seu lugar, assim como
Andrigo, na vaga de Alex. Duas tentativas de Lisca para fazer o time gaúcho
reagir. Em vão.
Aos 27
minutos, a má atuação do Inter foi “premiada” com o golpe de misericórdia. Após
ótima jogada de Marcos Júnior pela esquerda, Douglas recebeu a bola dentro da
área e bateu forte de perna esquerda. A bola desviou em Paulão e matou Danilo:
Fluminense, 1 a 0. O gol derrubou a equipe dentro de campo e o ânimo, que já
não estava de acordo com as necessidades do time, passou não existir. A segunda
divisão era o caminho a ser seguido.
Agonizando
dentro de campo e alvo fácil dos contra-ataques do Fluminense, Marcos Júnior
chegou ao ataque aos 35 minutos e driblou o zagueiro Paulão para colocar a bola
na trave esquerda de Danilo Fernandes. No rebote, o Flu ainda perdeu o gol
incrível. Aos 42, um último suspiro: após um escanteio, Gustavo Ferrareis
resolveu arriscar o chute de fora da área e empatou o jogo. Mas já não
adiantava, estava tudo perdido. A esperança já havia ido embora e o lance
representou apenas o último sorriso colorado na Série A do Brasileirão.
Brasileirão
2016 - 38ª rodada
Fluminense
1
Júlio
César (Marcos Felipe); Wellington, Nogueira, Henrique, William Matheus;
Douglas, Edson, Gustavo Scarpa; Wellington, Richarlison (Marcos Júnior), e
Henrique Dourado (Pedro). Técnico: Marcão.
Inter 1
Danilo
Fernandes; William, Paulão, Ernando e Alex (Andrigo); Anselmo, Rodrigo Dourado,
Anderson; Valdívia (Gustavo Ferrareis), Nico López e Vitinho (Ariel). Técnico:
Lisca.
Gols: Douglas (F), aos 27min do segundo tempo,
Gustavo Ferrareis (I), aos 42min do segundo tempo.
Cartões
amarelos: Alex (I);
Marcos Júnior (F).
Arbitragem: Heber Roberto Lopes,
auxiliado por Kleber Lucio Gil e Carlos Berkenbrock (trio de SC).
Local: Estádio Giulite Coutinho, em Mesquita-RJ.
Luiz Felipe Mello e Tiago Medina
Correio do Povo
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