General Eduardo Villas Bôas enfatizou que
Forças Armadas respeitam a Constituição
General Eduardo Villas Bôas enfatizou que
Forças Armadas respeitam a Constituição
Foto: Tomaz Silva / ABr / CP
Foto: Tomaz Silva / ABr / CP
O
comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, afirmou neste domingo que
há "chance zero" de setores das Forças Armadas, principalmente da
ativa, mas também da reserva, se encantarem com a volta dos militares ao poder.
Ele admite, porém, que há "tresloucados" ou "malucos" civis
que, vira e mexe, batem à sua porta cobrando intervenção no caos político.
"Esses
tresloucados, esses malucos vêm procurar a gente aqui e perguntam: 'Até quando
as Forças Armadas vão deixar o País afundando? Cadê a responsabilidade das
Forças Armadas?'" E o que ele responde? "Eu respondo com o artigo 142
da Constituição. Está tudo ali. Ponto".
Pelo
artigo 142, "as Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e
pela Aeronáutica, são instituições nacionais permanentes e regulares,
organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do
Presidente da República, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos
poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da
ordem."
O que o
general chama agora de "tresloucados" corresponde a uma versão
atualizada das "vivandeiras alvoroçadas" que, segundo o marechal
Humberto de Alencar Castelo Branco, primeiro presidente do regime militar,
batiam às portas dos quartéis provocando "extravagâncias do Poder
militar", ou praticamente exigindo o golpe de 1964, que seria temporário e
acabou submetendo o país a 21 anos de ditadura. "Nós aprendemos a lição.
Estamos escaldados", diz agora o comandante do Exército.
Ele
relata que se reuniu com o presidente Michel Temer e com o ministro da Defesa,
Raul Jungmann, e avisou que a tropa vive dentro da tranquilidade e que a
reserva, sempre mais arisca, mais audaciosa, "até o momento está bem, sob
controle". De fato, a crise política, econômica e ética atinge proporções
raramente vistas, mas os militares da ativa estão mudos e os da reserva têm
sido discretos, cautelosos. "Eu avisei (ao presidente e ao ministro) que é
preciso cuidado, porque essas coisas são como uma panela de pressão. Às vezes,
basta um tresloucado desses tomar uma atitude insana para desencadear uma
reação em cadeia", relatou o general Villas Bôas, lembrando que há temas
mais prosaicos do que a crise, mas com igual potencial de esquentar a panela,
como os soldos e a previdência dos militares.
Na sua
primeira manifestação pública sobre a crise política, o comandante do Exército
admitiu que teme, sim, "a instabilidade". Indagado sobre o que ele
considerava "instabilidade" neste momento, respondeu: "Quando
falo de
instabilidade,
estou pensando no efeito na segurança pública, que é o que, pela Constituição,
pode nos envolver diretamente".
O general
disse que se surpreendeu ao ver, pela televisão, que um grupo de pessoas havia
invadido o plenário da Câmara pedindo a volta dos militares. "Eu olhei bem
as gravações, mas não conheço nenhuma daquelas pessoas", disse, contando
que telefonou para o deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) para se informar melhor e
ouviu dele: "Eu não tenho nada a ver com isso".
Bolsonaro,
um capitão da reserva do Exército que migrou para a vida política e elegeu-se
deputado federal, é uma espécie de ponta de lança da direita no Congresso e não
apenas capitaneia a defesa de projetos caros às Forças Armadas, como tenta
verbalizar suas dúvidas, angústias e posições e se coloca como potencial
candidato à Presidência em 2018. "No que me diz respeito, o Bolsonaro tem
um perfil parlamentar identificado com a defesa das Forças Armadas", diz o
general, tomando cuidado com as palavras e tentando demonstrar uma certa
distância diplomática do deputado.
É viável
uma candidatura dele a presidente da República em 2018, como muitos imaginam? A
resposta do general não é direta, mas diz muito: "Bolsonaro, a exemplo do
(Donald) Trump, fala e se comporta contra essa exacerbação sem sentido do tal
politicamente correto".
ESTADÃO
conteúdo
Correio
do Povo
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