Candidato utilizou carroça
durante a campanha (Foto: Arquivo Pessoal)
Quando Roberto Agenor
Scholze, o prefeito eleito mais jovem de Santa Catarina, aos 24 anos, disse que
queria ser político, ouviu uma reprovação explícita: "De louco na família
chega um", afirmou o pai, mais conhecido como Carlinhos da Farmácia. Ele
já havia sido vereador e prefeito da cidade de Mafra, no Norte, e queria poupar
o filho das dificuldades da ocupação.
Roberto não só
ignorou a recomendação como, em 2006, se elegeu como o vereador mais votado e o
mais novo da história da cidade, com 1658 votos. Quatro anos depois, foi mais
ousado: quis o cargo de prefeito, e para consegui-lo inovou durante a
campanha, utilizando recursos como a carroça. Como não era o favorito nas
pesquisas, buscou formas diferente para se aproximar dos mais de 40 mil
eleitores da cidade. "Nós tinhamos escassez de recursos, por isso buscamos
votos na amizade. Nossos cabos eleitorais eram voluntários e nos preocupamos em
ir nas casas e visitar a todos" afirma o prefeito.
Conseguiu 14.623
votos, que representaram 45,18% dos votos válidos. Apenas 1% acima do segundo
colocado, que obteve 44,12% dos votos, contra 10,7% do terceiro colocado.
"Mesmo reprovando, um dos conselhos do meu pai foi determinante. Ele pediu
para que eu me preparasse para a derrota. E isso fez com que a nossa campanha
fosse mais tranquila. Chegamos assim à vitória", conta ele.
Entre suas principais
propostas estão a geração de empregos, com criação de um parque industrial,
além de melhorias no sistema de saúde da cidade. Segundo ele, por ser mais
jovem em relação a maioria dos eleitos, o desafio é a desconfiança. "Mas
para isso o remédio é fácil: o tempo", brinca ele. Já a vantagem da
juventude é outra: "É o otimismo, a força de vontade para mostrar
serviço", diz.
A vida política
Roberto nasceu em
fevereiro de 1988, quando o pai se candidatou a vereador. Na eleição seguinte
já saia junto para a campanha, quando não estava na escola. Em 2000, aos
12 anos, deixou de ir ao encontro da turma do colégio, em uma pizzaria, para ir
à convenção do Partido dos Trabalhadores (PT), que definiu o pai como candidato
a prefeito. Era sua primeira escolha pela política.
A segunda decisão, em
2006, foi quando trancou a faculdade de Direito na Universidade Estadual de
Ponta Grossa (UEPG), para cumprir os compromissos como vereador. Para conseguir
conciliar estudos e trabalho, se matriculou no curso de Direito da Universidade
do Contestado (UnC), em Mafra. "A política era minha prioridade. Me
dediquei para desconstruir a imagem de pessoa despreparada. Participei de
conselhos municipais, entidades civis, me dediquei", conta ele, que afirma
ter enfrentado muito preconceito por causa da idade, de jovens e adultos.
O novo prefeito
também começou o curso de Ciências Sociais e dá aulas de sociologia em escolas
públicas da cidade. Agora, pretende continuar o caminho que o pai começou, mas
que precisou parar. "Ele foi prefeito de 2000 a 2004. Porém, mas nas duas
eleições seguintes, em 2004 e 2008, se elegeu novamente e não pode assumir por
problemas com as contas da administração", conta ele, cheio de propostas,
esperando ir ainda mais longe, seja a pé, de carro ou até de carroça.
Fonte:
Géssica Valentini / Do G1
SC
Nenhum comentário:
Postar um comentário