* Prof. Tulio Nakazato da Cunha
Com a segunda Guerra Mundial, veio a
preocupação em se minimizar os efeitos adversos derivados dos tratamentos
medicamentosos. O fato deu força para o ressurgimento da ideia da vetorização
de medicamentos – a algum tempo esquecida – para que atingissem alvos
específicos no organismo e desenvolvessem um mínimo de toxidade.
Através da observação do comportamento dos
tensoativos (substâncias que tem a capacidade de diminuir a tensão superficial
da água e auxiliam na formação de emulsões), Weissman (1965) e Bangham
desenvolveram o que hoje chamamos delipossomas. São estruturas microscópicas,
de formato esférico, cujo constituinte principal são fosfolipídios de origem
natural. A disposição em “bicamadas” de seus constituintes conferem aquilo que
é considerado um de seus principais trunfos – a capacidade de transportar
fármacos tanto hidro quanto lipossolúveis.
Numerosos medicamentos e cosméticos têm
tido seus comportamentos testados em lipossomas. Anticancerígenos, vitaminas,
hormônios, antidiabetogênicos, componentes hidratantes, vacinas, antifúngicos,
antialérgicos, entre outros. Estudos demonstram as inúmeras vantagens que estas
substâncias apresentam frente às formulações convencionais, por se tratarem de
um sistema de liberação modificada, e de alta especificidade.
Podemos citar como exemplos, a diminuição
da toxidade da doxorrubicina e anfotericina B inseridos em lipossomas, devido à
redução da absorção a nível de coração, rins e trato gastro-intestinal, com
concentração no sistema retículo-endotelial do fígado e do baço.
Hoje, as maiores indústrias de cosméticos
do mundo conhecem a eficiência e utilizam largamente os lipossomas em diversos
produtos como, por exemplo, para eliminar gordura localizada. Testes realizados
mostraram a redução de até 10% nas medidas após trinta dias de uso.
Nos tratamentos de pele (rugas, flacidez,
fotoproteção e hidratação) observou-se uma melhora sensível dos quadros em
virtude da estimulação das enzimas geradoras de colágeno e elastina, e profunda
hidratação e regeneração celular. Os lipossomas funcionam como um
verdadeiro “escudo lipídico”, porque protegem o fármaco contra agressões
orgânicas e físico-químicas – estas comprometeriam sua ação eficaz. Quando
reduzimos os efeitos tóxicos promovidos pelos fármacos veiculados, isto resulta
em um tratamento mais rápido e com o mínimo de efeitos adversos.
Especificações – Quanto
ao tamanho, podem ser divididos em unilamelares pequenos – possuem uma única
bicamada fosfolipídica ou com várias bicamadas. São vários os métodos de
obtenção dos lipossomas, os quais possuem uma base de preparação comum. Os
pontos que diferenciam os métodos estão na forma de dispersão dos componentes
lipídicos na fase aquosa, no tamanho, tipo e eficiência de encapsulação
conseguidas, incluindo o tipo de agitação empregada durante o preparo.
A Hidratação do Filme Lipídico e a
Extrusão, através de membranas de policarbonato de poros definidos, estão entre
as técnicas mais empregadas. Aconselha-se cuidado constante no controle da
estabilidade dos lipossomas. Por serem estruturas lipídicas, estão muito
sujeitas a alterações causadas por reações de hidrólise e oxidação.
* Prof. Dr. Tulio Nakazato da Cunha – Farmacêutico Industrial é Doutor em
Biotecnologia pelo Programa Interunidades USP/IPT/Instituto Butantan e
professor de pós-graduação ICTQ – Instituto de Ciência, Tecnologia e Qualidade
- www.ictq.com.br
Fonte: Thiago
Ermano / Assessoria de Imprensa / ICTQ
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