sexta-feira, 19 de outubro de 2012

LIPOSSOMAS: Medicamentos e Cosméticos em Evolução


* Prof. Tulio Nakazato da Cunha

     Com a segunda Guerra Mundial, veio a preocupação em se minimizar os efeitos adversos derivados dos tratamentos medicamentosos. O fato deu força para o ressurgimento da ideia da vetorização de medicamentos – a algum tempo esquecida – para que atingissem alvos específicos no organismo e desenvolvessem um mínimo de toxidade.

     Através da observação do comportamento dos tensoativos (substâncias que tem a capacidade de diminuir a tensão superficial da água e auxiliam na formação de emulsões), Weissman (1965) e Bangham desenvolveram o que hoje chamamos delipossomas. São estruturas microscópicas, de formato esférico, cujo constituinte principal são fosfolipídios de origem natural. A disposição em “bicamadas” de seus constituintes conferem aquilo que é considerado um de seus principais trunfos – a capacidade de transportar fármacos tanto hidro quanto lipossolúveis. 

     Numerosos medicamentos e cosméticos têm tido seus comportamentos testados em lipossomas. Anticancerígenos, vitaminas, hormônios, antidiabetogênicos, componentes hidratantes, vacinas, antifúngicos, antialérgicos, entre outros. Estudos demonstram as inúmeras vantagens que estas substâncias apresentam frente às formulações convencionais, por se tratarem de um sistema de liberação modificada, e de alta especificidade. 

     Podemos citar como exemplos, a diminuição da toxidade da doxorrubicina e anfotericina B inseridos em lipossomas, devido à redução da absorção a nível de coração, rins e trato gastro-intestinal, com concentração no sistema retículo-endotelial do fígado e do baço. 

     Hoje, as maiores indústrias de cosméticos do mundo conhecem a eficiência e utilizam largamente os lipossomas em diversos produtos como, por exemplo, para eliminar gordura localizada. Testes realizados mostraram a redução de até 10% nas medidas após trinta dias de uso. 

     Nos tratamentos de pele (rugas, flacidez, fotoproteção e hidratação) observou-se uma melhora sensível dos quadros em virtude da estimulação das enzimas geradoras de colágeno e elastina, e profunda hidratação e regeneração celular. Os lipossomas funcionam como um verdadeiro “escudo lipídico”, porque protegem o fármaco contra agressões orgânicas e físico-químicas – estas comprometeriam sua ação eficaz. Quando reduzimos os efeitos tóxicos promovidos pelos fármacos veiculados, isto resulta em um tratamento mais rápido e com o mínimo de efeitos adversos. 

     Especificações – Quanto ao tamanho, podem ser divididos em unilamelares pequenos – possuem uma única bicamada fosfolipídica ou com várias bicamadas. São vários os métodos de obtenção dos lipossomas, os quais possuem uma base de preparação comum. Os pontos que diferenciam os métodos estão na forma de dispersão dos componentes lipídicos na fase aquosa, no tamanho, tipo e eficiência de encapsulação conseguidas, incluindo o tipo de agitação empregada durante o preparo. 

     A Hidratação do Filme Lipídico e a Extrusão, através de membranas de policarbonato de poros definidos, estão entre as técnicas mais empregadas. Aconselha-se cuidado constante no controle da estabilidade dos lipossomas. Por serem estruturas lipídicas, estão muito sujeitas a alterações causadas por reações de hidrólise e oxidação. 

*  Prof. Dr. Tulio Nakazato da Cunha – Farmacêutico Industrial é Doutor em Biotecnologia pelo Programa Interunidades USP/IPT/Instituto Butantan e professor de pós-graduação ICTQ – Instituto de Ciência, Tecnologia e Qualidade - www.ictq.com.br

Fonte: Thiago Ermano / Assessoria de Imprensa / ICTQ

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