terça-feira, 16 de outubro de 2012

Círculos em plantação no Oeste de Santa Catarina viram caso de polícia

Proprietária da lavoura de trigo em Ipuaçu, onde alguns agroglifos apareceram, quer indenização
Círculos em plantação no Oeste de Santa Catarina viram caso de polícia Marcelo Franzosi/Divulgação
Desenhos chamados agroglifos foram vistos em plantação de trigo em IpuaçuFoto: Marcelo Franzosi / Divulgação

     O aparecimento de círculos em lavouras de trigo do Oeste pelo quinto ano consecutivo acabou virando caso de polícia. A dona da área onde os chamados agroglifos foram encontrados, Liana Faccio, registrou boletim de ocorrência na delegacia de Ipuaçu. Para ela, o que danificou seu trigo não tem nada de extraterreno, e foi causado por terráqueos, dos quais ela vai buscar indenização.

http://www.clicrbs.com.br/rbs/image/3235374.gif Veja galeria de fotos dos agroglifos encontrados no município de Bom Jesus, no Oeste catarinense, em 2011

     Ela até contratou um vigia para evitar que curiosos aumentassem ainda mais os danos à sua lavoura de trigo. Vilson Cunico está ganhando R$ 50 a R$ 60 por dia para cuidar da lavoura. Às vezes, ele precisa do reforço de Dercílio Bernardes, que trabalha para a família Faccio. Bernardes tem que deixar de cuidar da lavoura para virar vigia.

     Sobre os cerca de 30 círculos, que ocupam aproximadamente meio campo de futebol, Cunico é categórico:

     — Não tem grande coisa, é só trigo amassado.

     Na segunda-feira, o delegado da comarca de Abelardo Luz, João Luiz Miotto, e o investigador Renan Gatti estiveram no local. E apesar de algumas pessoas ainda ficarem assustadas e até pensando em extraterrestres, os policiais não têm dúvida.

     — É uma brincadeira de mau gosto — afirmou Miotto.

     — É coisa de desocupados — completou Gatti.

     Eles afirmam que os responsáveis pelo dano na lavoura serão identificados e punidos. No local, eles viram sinais de que, no meio dos círculos, há diferença na textura, mostrando que o local serviu de base para amassar o trigo, provavelmente com corda e tábua.
Além de indenização cabível, os responsáveis — que estariam querendo criar um clima de mistério nas comunidades —, podem responder por crime de dano ao patrimônio, com pena prevista de seis meses a um ano de prisão.
  
Outros círculos apareceram em Ouro Verde, Bom Jesus e Xanxerê

     O presidente do Grupo de Estudos de Astronomia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Adolfo Stotz Neto, disse que os agroglifos encontrados no Oeste são pura brincadeira, como ocorreu desde a década de 1970 na Europa. Ele brincou que estes sinais sempre surgem em lavouras de trigo e não deixam nenhum outro sinal que não sejam as plantas amassadas. 

     Não há sinais de algo queimado pela ação de alguma energia e não há registros em outras plantações. Ele afirmou que o universo deve ser habitado, mas esta é uma questão ainda não comprovada.

     Já foram feito círculos também em Ouro Verde, Bom Jesus e Xanxerê, cidades vizinhas a Ipuaçu. Em todos os casos, são feitos em lavouras de trigo, onde as marcas ficam melhor desenhadas. Além disso, o vandalismo ocorre nos finais de semana ou feriados, quando as famílias que trabalham de sol a sol, a semana inteira, aproveitam para descansar e passear. Ou seja, esses ETs são mesmo do Oeste.

Entrevista: "Isso é vandalismo", afirma Liana Faccio, dona das terras

     A proprietária da lavoura onde apareceram os círculos, Liana Faccio, passou o final de semana tentando evitar que curiosos aumentassem o estrago na lavoura de trigo. Ela tem convicção de que tudo não passa da ação de seres humanos e quer ser indenizada por isso.

Diário Catarinense — Como vocês ficaram sabendo dos círculos?

Liana Faccio — Alguém viu e falou para um funcionário meu, que veio me contar.

DC — Qual sua avaliação sobre o que aconteceu?

Liana — Isso é vandalismo. Foi alguém que quer aparecer. É perda de tempo. Não tem graça, ficam estragando a propriedade dos outros. Nesse final de semana fiz voltar mais de 50 pessoas que queriam ir no local. Até um carro entrou no trigo. Não sabem que é propriedade particular?

DC — Que medidas você tomou?

Liana — Fiz boletim de ocorrência, coloquei um vigia e passei um produto para secar mais rápido a lavoura e colher antes. Não vou deixar isso aqui até o final de semana, senão vira um circo. Já veio gente de Concórdia, Galvão, só para ver os círculos.

DC — Qual o prejuízo que você teve?

Liana — Deve passar dos R$ 1 mil, pois já perdi umas 30 sacas, ao preço de R$ 37 cada, pois era um trigo que seria para fazer semente.

DC — Você vai pedir indenização?

Liana — Vou cobrar tudo o que eu tiver direito.

Fonte: Darci Debona / DIÁRIO CATARINENSE

Nenhum comentário:

Postar um comentário