quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Suspeito de matar menino em Igrejinha revela premeditação

Local: corpo foi encontrado domingo em matagal
  Local: corpo foi encontrado domingo em matagal / Foto: Néia Dutra/GES


     Igrejinha  - Uma gravação autorizada pelo Judiciário, entre o suspeito de assassinar o garoto Juan Padilha, 11 anos, e um policial civil, foi a peça-chave para esclarecer a morte do menor. Preso preventivamente pela Polícia Civil às 15h30 de segunda-feira, o pedreiro Almir da Costa da Silva, 30, vizinho da vítima, foi conduzido à delegacia onde prestaria depoimento, antes de ser encaminhado ao Presídio Estadual de Taquara. Sem saber que a conversa estava sendo registrada por um gravador de áudio, o acusado revelou em detalhes como premeditou e executou o crime.

     Segundo o delegado Fabiano Berdichevski, apesar da prova, o acusado negou a autoria do crime e deve ser ouvido oficialmente no decorrer do inquérito. Ele foi indiciado por homicídio e ocultação de cadáver. A prisão aconteceu um dia após familiares encontrarem o cadáver enterrado em um saco plástico em uma mata a 70 metros da residência onde Juan morava, na Rua Berthalina Kirsch, bairro Viaduto, em Igrejinha, na manhã de domingo. Ele estava desaparecido há quatro dias.

A CONVERSA E PROVAS DO CRIME

     “Na delegacia, o indiciado não assinou a confissão, mas deu todos os elementos em conversa gravada”, salienta o delegado.
Segundo Fabiano Berdichevski, o suposto assassino, no dia do crime, teria ficado em casa após o almoço e aguardado a saída da mãe do menor.

     “Ele viu o Juan pegando os sapatos entre as frestas da casa e o puxou pelos braços. O levou até os fundos de sua casa, bateu a cabeça dele no chão e na parede e depois o agrediu com um pedaço de pau dentro de um saco de ração para cavalos”, relata.

     Diante das informações, Berdichevski retornou ao local do crime para coleta de provas. “Fizemos novamente a perícia nas paredes e constatamos marcas de sangue no corredor, na parede de concreto que ele bateu, no chão, em um banheiro que ele teria se limpado e também nas botas.”

     Conforme o delegado, vestígios também foram encontrados em uma mangueira, usada para lavar o local. “Com o luminol, a presença de sangue foi identificada. As imagens que se formavam mostravam exatamente as marcas da agressão.”

     De acordo com o delegado, todo o crime foi executado em menos de uma hora, e com perfeita premeditação. “Ele já tinha cavado o local há duas semanas e calculou o melhor horário para não encontrar com vizinhos.”

Prisão foi motivada por contradições

Contradições no depoimento motivaram o pedido de prisão. O suspeito teria inicialmente afirmado que não participou das buscas por Juan. “Quando perguntamos sobre as manchas de sangue que tinha nas botas dele, o homem disse que o sangue era dele mesmo”, conta o delegado, que então disse ao suspeito que existem meios de descobrir se aquele sangue era dele ou não. “Nesse momento, ele mudou a versão da história e disse que havia procurado por Juan.” O suspeito teria explicado que o sangue poderia ser do menino desaparecido. “Ele disse que, durante as buscas, poderia ter pisado no menino sem perceber”, relata Berdichevski. Ao ser questionado sobre o trajeto que percorreu, o preso teria descrito o caminho exato da casa dele até o local onde o corpo foi encontrado. “Ele não teria como saber onde o corpo estava.”

Exame

     O exame de DNA do sangue encontrado nas botas deve ficar pronto em aproximadamente 30 dias. O delegado Fabiano Berdichevski diz que o suspeito sempre se referia a Juan como “ladrãozinho”. No depoimento, teria afirmado que “ladrãozinho com ele não se criava”. Na semana anterior, o garoto teria entrado na casa do suspeito e pego alguns objetos, que foram devolvidos mais tarde pela mãe de Juan. “Eram coisas de pouco valor, de criança, como uma bola e um videogame.”

Fonte: Marcos Jorge e Marcelo Collar / Diário de Canoas

Um comentário: